CAPÍTULO 63

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- Huun... Sogrinha, sogro. - Ana sorriu maroto.- Vai me chamar pro casamento, né? Sei que enganei vocês no começo, mas amo um casal... - gargalhei.

- Claro que você vai estar no casamente. Só não me vem com esse "meu casal". - debochei, fazendo-a gargalhar.

- Meu Deus, Luna. - negou com a cabeça, ainda rindo.

Ficamos alguns minutos em silêncio. Não um constrangedor, mas sim um confortável, apenas duas pessoas caladas... Nesses minutos de silêncio, fiquei me perguntando o que teria levado Ana a fazer parte dos Nova-Illéa. Como uma pessoa doce como ela poderia manipular outras? Quando percebi, já havia perguntado.

- Por que você fazia isso, Ana?- a mesma olhou pra baixo. - Desculpa... Não precisa responder.

- Não tem que se desculpar, Luna... E, eu quero responder.

Eu não queria deixa-la desconfortável, ou algo do tipo, só queria entender melhor ela, entender suas escolhas. Segurei a sua mão, sorrindo. Ana sorriu, apertando de leve minha mão.

- Eu nunca tive uma escolha, Luna. - começou, fitando nossas mãos. - Meus pais me deram pra adoção quando tinha seis anos... Lembro até hoje do quanto chorei, pedindo desculpa por algo, no qual não me lembro mais.- sorriu triste- Meus pais eram muito pobres. Não lembro muito deles, ou da minha vida antes do orfanato... Mas até entendo o motivo de ter sido abandonada, eu era um empecilho pra eles. - olhou para mim, com os olhos marejados.

- Ana... - apertei sua mão.

- Depois de um tempo eu me acostumei com o orfanato, me acostumei em pensar que meus pais não iriam mais me buscar... O orfanato até era bom, as pessoas de lá que- engoliu em seco, antes de continuar- que eram ruins... Com o passar do tempo, muitas crianças foram adotadas, mas eu continuei, sozinha, sem amigos, sem família.

" - Eu sempre tive esperanças que sairia do orfanato. Com os anos, fiz amizade com alguns funcionários, até fiquei amiga de um garoto. -riu fraco, mas logo um olhar triste mudou seu semblante- Mas, quando eu fiz 15 anos, um funcionário novo entrou, um homem... No começo eram só olhares, Luna, daqueles que te deixam desconfortável, parecidos com os que eu recebia na rua no caminho da escola. Depois, ele começou a dizer coisas pra mim... - parou de falar, limpando a lágrima que havia caído.

- Ana, se você não se sentir bem... - até eu já estava com os olhos marejados. Nunca imaginaria que Ana havia passado por isso.

- Eu estou bem, é que ainda dói...- fungou, balançando a cabeça. - Um dia, quando eu acordei, ele estava me olhando, não tinha mais nenhuma menina no quarto, só ele e eu. Ele havia mandado as meninas que dormiam comigo não me acordarem, e nenhuma delas teve o mínimo de preocupação em saber o que ele queria com aquilo! 

Ana estava com a voz embargada e as bochechas molhadas de lágrimas. Meu coração apertava ao pensar que ela havia passado por isso sozinha.

- Nesse dia, ele tocou em mim, tentou me beijar a força, dizendo coisas... - fez uma pausa, respirando fundo. - Fugi dele por um ano, evitava a qualquer custo ficar perto dele... Quando fiz 16 anos, conheci pessoas que trabalhavam pro Marid, fiz um acordo com eles, se me tirassem daquele inferno que o orfanato havia se tornado pra mim, eu iria ajudá-los. E foi assim que eu entrei nisso, quando se está dentro é impossível sair...

Puxei Ana para um abraçoe a apertei, como se pudesse tirar toda a sua dor. Contando sobre sua vida, ela parecia tão pequena, frágil... Eu sentia nojo desse homem, das pessoas que ela conheceu.

- Eu odiava a monarquia, acreditava em Marid quando ele dizia que a culpa dos meus traumas era da realeza... Com o tempo eu fui percebendo que, o que eu fazia não era certo, mas continuei, pois tinha medo de sair. Eu fiz tanta coisa errada, Luna...- segurei seus rosto em minhas mãos, olhando nos seus olhos.

- Você é forte, Ana. Você passou por tudo isso e ainda está aqui, conseguiu sair, conseguiu fazer o certo. O que você fez no passado não interfere na pessoa que você é agora, no presente. - Ana sorriu fraco, voltando a me abraçar.

Eu e Ana ficamos abraçadas por um bom tempo, a abracei até ter certeza que havia se acalmado. A abracei com mais amor e carinho do que imaginei um dia, ter por ela.

Me senti mal por ter julgado Ana. Ela passou por coisas que a levaram a suas escolhas, que a levaram a fazer coisas as quais tenho certeza que se arrepende. No final, Ana era apenas uma vítima de um mundo difícil, um mundo em que as escolhas fáceis, são as que levam aos piores caminhos...

{...}

- ... Fomos informados agora que mais uma base do grupo Nova-Illéa foi invadida pela guarda-real, no norte de Angeles... - a resporter do canal Info-Angeles, disse. Na tevê imagens de uma base rodeada de vans e carros de polícia passavam.

Essa era a última base das cinco que foram invadidas entre Angeles e Nikely. Ocorreu um imprevisto nessa, que causou um certo atraso na divulgação. Acionar a imprensa era uma das etapas pricipais nas invasões. Assim os N-I ficariam encurralados e não mandariam um grupo para atacar a guarda real. 

A base príncipal estava na penúltima parte, que era prender todos que estavam lá e irem embora aos poucos com qualquer tipo de documento que possa ser visto pela imprensa ou qualquer pessoa que entrar na base. Jorge havia acabado de informar que estaria trocando de lugar com Gilbert, para ajudar Osten e os outros guardas.

Não tenho palavras para explicar o alívio que sentia a cada base invadida que era anunciada, ou as atualzações que Jorge dava sobre a base principal. Osten estava bem, haviam apenas alguns guardas feridos, mas nenhum caso grave, apenas arranhões.

Eu, Ana, Maxon, América e Aspen almoçamos juntos, em uma sala do terceiro andar. Depois voltamos para a Sala de Comunicação. 

Agora estávamos conversando e assistindo as reportagens sobre as invasões, todos os canais só falavam disso.

- Osten não parava quieto. O menino só faltava voar!- Maxon disse brincalhão, fazendo-me gargalhar.

- Mas ele voou uma vez, sim. Lembra quando ele tinha dois anos e se jogou do sofá? Achando que ia planar que nem galinha?- América falou, rindo. 

- Não sei como ele não quebrou nenhum osso aquele dia. -Maxon gargalhou. 

- Estão fazendo sinal!- disse Lucas, um dos homens que estavam na mesa, cuidando da comunicação. O outro se chamava Carlos. 

Fomos todos para perto da mesa, para escutar as atualizações.

- Olá? Estão ouvindo?- perguntou Gilbert.

- Estamos ouvindo, Blythe.- Carlos respondeu. 

- Já podem avisar a imprensa. Todos estão bem, nenhum ferido gravemente. - disse ofegante. Lucas começou a mexer em algo no computador.

- Algum sinal do Marid?- Maxon indagou.

- Não, senhor. Nós... - parou de falar.

- O que está acontecendo ali?- era a voz de Osten. Meu coração deu um pulo.- Vou ver o que é... - sua voz ficou distante.

- Certo, Alteza. - Lucas concordou, voltando a falar conosco. - Desculpe, um dos presos está tentando se soltar e... - foi interrompido por um guarda, que parecia ser Derek.

- ELE TEM UMA GRANADA! CORRE, OSTEN!- nem um segundo depois, um estrondo rompeu do comunicador e o sinal caiu.

Continua...

Eae, Kiridus!!

O que acharam do cap de hoje? Conhecemos um pouco mais sobre a história da Ana.

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DEIXEM A ESTRELAAA, pôr obséquio**

Obrigada por lerem, até breve<3

19,1K AAAHH eu ainda vou morrer do coração!!



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