CAPÍTULO 84

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Senti um arrepio na espinha conforme os envolvidos foram entrando, os primeiros a serem condenados. A maioria chefiava as bases e trabalhava diretamente para Marid. 15, 20, 50, 60 anos... Apenas um teve pena de prisão perpétua, por ter assassinado o total de 13 pessoas desde que começara a trabalhar para Marid.

Mesmo tentando prestar atenção no que os advogados diziam ao Juiz, não conseguia deixar de observar a família real, que estava toda lá, menos as crianças. Derek se encontrava ao lado de Osten, sério como nunca. Meu noivo apenas observava, não demonstrando nenhuma expressão. E isso foi o que mais me preocupou.

- Marid Illéa, incriminado por mais de 20 crimes ao longo da vida, dentre eles: conspiração contra a hierarquia, homicídio doloso e qualificado... - o advogado disse, enquanto dois seguranças traziam Marid até o centro do tribunal. O mesmo permaneceu de cabeça baixa, mancando até parar de frente para o Juiz, com uma perna engessada. Ignorei a satisfação de ter causado aquele ferimento nele.

O julgamento foi rápido. Prisão perpétua, e a pena será cumprida em uma das cadeias de segurança máxima do país, a mais rigorosa, em Whites... 

Ao ouvir sua pena, Marid ergueu a cabeça para a família real e sorriu, gargalhando em seguida.

- Mortos! Deveriam estar todos mortos! - tentou fugir do aperto dos seguranças para se aproximar, o olhar fixo na rainha e o delírio estampado na face. Eadlyn não deixou de encará-lo ao dizer:

- Deveria estar grato a mim, Marid, a pena de morte seria melhor aplicada, mas dei a você a benevolência de viver... - o sorriso da rainha não passava de uma curva. 

- Desgraçada!- Marid berrou, ao ser arrastado para fora do tribunal.

Pela televisão, pude ver o Príncipe-consorte segurar a mão da esposa, o olhar fixo na porta onde Illéa acabara de sair. E da mesma porta, Ellis entrou... O tempo pareceu mais denso conforme ela desfilava para o centro do tribunal. O sorriso em seu rosto me causou repulsa.

- Ellis Sammez, 29 anos. Era um fantasma até pouco tempo atrás, antes de admitir seus crimes e entregar o grupo Nova Illéa. A réu foi incriminada por: Homicídio doloso e qualificado, conspiração contra a hierarquia, dentre outros... 

Eu me surpreendia em como Ellis conseguiu mentir sobre tudo, desde a idade a personalidade. Minha mãe parou de respirar ao lado de Malu, ambas com os olhos marejados.

- Segundo o relatório do psicólogo, Sammez é diagnosticada com psicopatia... 

- Se tivessem me perguntado, teria dito. - olhou na direção de Osten. O mesmo continuou a encará-la. - Onde está a minha amiga Luna? Se recuperando? Eu jurava que tinha mirado no coração... - Eu pisquei, não acreditando no que ela falara.

-  Silêncio!- o Juiz interrompeu Ellis ao bater o malhete na mesa. 

Por mais que eu tenha me entendido comigo mesma e parado de pensar no quanto Ellis tinha me enganado, aquela dor, aguda e triste, apertou meu peito. Ela foi minha amiga, eu deixei que fosse minha amiga, e ela atirou em mim, me desejou morta durante todas as horas e dias que passou do meu lado... Tentei afastar as lembranças dela com a arma apontada para minha cabeça, da dor que me fez tremer e chorar...

Olhei para o lado ao sentir o colchão afundar. Minha irmã se sentou do meu lado, seguida por Bruna e mamãe. Todas chorávamos em silêncio, ouvindo o advogado apresentar o caso e crimes de Ellis. Me senti grata por ter minha irmã, mãe e amiga comigo, pelo aperto de seus abraços. 

Os minutos se arrastaram, conforme o Julgamento se estendia. O semblante de Ellis não deixou de estampar tédio nem por um segundo, como se mesmo sendo condenada, pudesse estar acima de todos naquele tribunal. Como se ainda estivesse no controle.

A percepção dos crimes de Ellis pairava no ar, as vidas que ela tirara, as famílias que destruira... Ellis havia assassinado o total de 87 pessoas. Ministros, governantes, famílias, espiões do palácio... 

O sorriso em seu rosto me fez entender que meu pai não passava de mais um número em sua lista, e que eu também poderia ser.

- A pena da réu está decidida. - anunciou o Juiz, após ler uma carta dos juris. Vi Osten trincar o maxilar quando Ellis o fitou.

- Só vou me arrepender de uma coisa, principezinho... - Ellis inclinou a cabeça para o lado- Gostaria de ter matado você antes de morrer. Luna também. 

Pena de morte. Ela sabia que teria pena de morte. Mesmo sendo restrito os casos condenados a pena de morte em Illéa, Ellis havia cometido crimes demais, assassinado pessoas demais. 

- Ellis Sammez, condenada a prisão perpétua na Penitentiary of Isolates, em Calgary. Passará o resto de seus dias em isolamento com socialização mínima. - o malhete se chocou contra a mesa.

Ela havia tido uma sentença pior do que a morte... Penitentiary of Isolates não havia muitas presas, porque a maioria não passava de dez anos. Era a prisão mais segura de toda Illéa, talvez do mundo. Ninguém saía além dos funcionários. As detentas ficavam presas em solitárias e se viam raramente. Faziam anos desde a última condenação para aquele lugar, que era considerado pior que a morte. 

Ellis cambaleou para trás, sendo segurada por dois seguranças. Sua expressão agora não mostrava tédio, e sim desespero e ódio ao encarar Osten novamente.

- Não... - sussurrou, os olhos transbordando fúria- Eu prefiro a sentença de morte! Eu deveria morrer! Não!- gritou.

- Silêncio!

- Eu vou matar você!- berrou, se debatendo para se soltar dos seguranças que tentavam arrastá-la para longe. 

Meu coração parou quando raparei que Osten sorria para ela. Não um sorriso de compaixão ou de satisfação, mas o mesmo que Ellis usara quando entrou no tribunal.

- Foi você! - sussurrou, parando de se debater. A risada seca que saiu de sua boca fez meu estômago se revirar. - Vai se arrepender de não ter escolhido me matar, Alteza! A morte de vocês ainda será em minhas mãos. - rosnou, sendo levada para fora do tribunal.

Osten não deixou de encará-la, o sorriso só sumindo de seu rosto quando Ellis desapareceu por uma porta. A tela então ficou preta. O julgamento acabara.

Eu ainda não conseguia deixar de encarar a televisão, não conseguia me mexer. Mau conseguia respirar ao me dar conta que Osten mudou a pena de Ellis. Mudou porque sabia que a morte não a assustaria, que era pouco. Ellis teria que passar o resto da vida sozinha, sem estar no controle de nada nem ninguém...

Como membro da realeza, Osten poderia ter certa participação no julgamento e na sentença, igual a Eadlyn. E ambos escolheram atrasar a chegada de Marid e Ellis ao inferno..

Continua...

Eae, Kiridus!!

Eadlyn e Osten fazendo uma boa-ação pro tio Luci KKKKKKKKK

Lá no insta (@nick.riosss), eu avisei que teria cap hoje, e é por lá também que vou dar Spoiler do Capítulo bônus... ;)

DEIXE A ESTRELAAA, por obséquio****

Obrigada por lerem, até<3









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