64. A resposta

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24 de dezembro de 2022

Raquel

- Ana Raquel Simões Martins... Aceitas casar comigo e fazer de mim o homem mais feliz do universo? – ele pergunta, apoiado só no joelho esquerdo e mostrando-me o lindíssimo anel dentro da pequena caixa de veludo.

Eu não sei explicar aquilo que estou a sentir, neste momento, porque nunca me senti desta forma. Não estava minimamente à espera deste pedido de casamento, agora, e ouvir as palavras lindas que o André disse... É todo um conjunto de emoções mesmo à flor da pele que eu não consigo explicar. Mas sem dúvida que, acima de tudo, me sinto genuinamente feliz.

Não, não tinha pensado casar já. Não estava sequer à espera de um pedido. Contudo, não tenho dúvidas absolutamente nenhumas sobre a resposta que vou dar ao André. Não há mais ninguém no mundo com quem eu me vejo a casar que não ele – sobretudo, porque não há mais ninguém no mundo que eu imagine a fazer-me mais feliz do que ele me faz. Tudo na minha vida faz sentido com o André do meu lado.

- Então? – ele pergunta, obviamente preocupado com a minha falta de resposta, que se deve apenas a toda a emoção que me está a assoberbar.

- Sim. Sim. Sim! – repito, por entre os soluços que sou incapaz de controlar – Mil vezes sim, André!

As mãos do André estão a tremer quando ele me coloca o anel deslumbrante no meu dedo. O meu coração está tremendamente acelerado e, mesmo estando a sorrir imenso, eu não consigo travar as lágrimas que continuam a cair.

Os seus braços fortes envolvem o meu tronco, puxando-me para o mais perto de si possível, e ele levanta-me do chão, rodopiando. Eu gargalho alto, de felicidade. Quando o André para de rodopiar, retira o seu rosto do meu pescoço para que os nossos olhares se possam fixar um no outro e, de um segundo para o outro, os nossos sorrisos crescem ainda mais.

Se, há uns anos, me dissessem que ia estar numa relação como aquela em que estou hoje, eu não acreditaria. Porque achava que nunca ia encontrar um homem que me fizesse feliz. Porque achava que tudo o que importava na minha vida era cuidar do meu filho. Porque achava que nenhum homem se iria apaixonar por uma mulher que foi mãe solteira aos 17 anos. Mas o André chegou e todos os dias ele me relembra do meu valor, todos os dias ele me apoia, mesmo quando não estou no meu melhor. Ele é exatamente tudo aquilo que eu preciso, mesmo que não soubesse disso.

- Tu fazes-me tão feliz, André! – murmuro, encostando as nossas testas e mexendo com os meus dedos no seu cabelo, como ele adora que eu faça – É aquele tipo de felicidade que só pode vir do amor, que faz as borboletas voarem no meu estômago e que me faz arrepiar. E tu és a razão de eu ser assim tão feliz. Amo-te tanto, André!

Os seus lábios selam um beijo nos meus, quebrando todo o espaço que ainda havia entre as nossas bocas e diminuindo ainda mais o espaço entre os nossos troncos. Já nos beijámos centenas ou milhares de vezes, mas este é um beijo especial. É a demonstração de todo o amor, de todo o carinho e respeito que nutrimos um pelo o outro; é o selar de um compromisso que já existia e que só acabou de se tornar maior; é a expressão de tudo aquilo que sentimos e que não conseguimos transformar em palavras. É, acima de tudo, o agradecimento por poder tê-lo na minha vida, por tudo aquilo que ele tem feito e faz, diariamente, por e para mim, por todo o amor que ele me dá e por me fazer infinitamente feliz.

- Por uns segundos, acreditei que podias dizer que não. – ele confessa, quando quebramos o beijo.

- Estás a falar a sério? – pergunto, surpreendida – Achei que o meu sim era uma resposta óbvia.

- Bem... Devo confessar-te que, antes de decidir avançar com o pedido, falei com a Mariana. Ela conhece-te tão bem como eu, ou ainda melhor, e ela era a melhor pessoa para me aconselhar. – ele conta-me – E ela disse-me que obviamente tu ias dizer que sim, mas naquela fração de segundos em que te perguntei e em que tu não estavas a responder, eu achei que ela se poderia ter enganado e que talvez eu me tivesse precipitado.

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