11. Jogo

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Nota: este capítulo passa-se em simultâneo com o anterior, mas é contado da perspetiva do André. Tive esta ideia, para vos ajudar a ver os dois lados da moeda, e espero que gostem.


16 de dezembro de 2017

André

Foi durante uma conversa entre o Afonso e os meus pais, ontem durante o jantar, que me apercebi que hoje o Santiago terá o seu primeiro jogo enquanto titular na equipa onde joga e que o Afonso o irá ver com os meus primos. Assim, tal como os meus pais, decidi que iria ver o jogo também e acabei por convidar a Gio para vir connosco. Se eu a trouxe para Portugal para passarmos algum tempo juntos, não faz sentido que eu faça coisas sem ela.

Assim, depois de o Afonso já ter saído com os meus primos, eu vim com os meus pais buscar a Gio ao hotel onde está hospedada. Ela cumprimenta os meus pais com a sua habitual simpatia e depois deixa um beijo suave nos meus lábios, entrelaçando os nossos dedos quando ocupa o lugar ao meu lado.

- Quem é exatamente este miúdo de quem vamos ver o jogo, hoje? – ela pergunta-me, em italiano – Acho que me explicaste ontem à noite, mas eu estava com sono e confesso que não ouvi tudo o que me disseste. – ela gargalha.

- Tu não existes... - sorrio – É filho de uma amiga. – limito-me a responder. Não posso explicar-lhe de outra forma quem é o Santiago e a ligação complexa que temos. É demasiado cedo para ela saber tudo.

- Tudo bem. – ela sorri, focando o olhar no percurso que fazemos.

Quando entramos no recinto onde o jogo se vai realizar, nós dirigimo-nos para junto dos meus primos e do Afonso, onde a Raquel está sentada. O sorriso dela é a primeira coisa em que reparo, pois continua a ser um dos mais bonitos que alguma vez vi. Reparo também que ela parece um pouco mais magra, mas mantém as curvas que a fazem uma mulher tão bonita.

Os meus pais cumprimentam a Raquel com o carinho habitual e logo a seguir ela aproxima-se de nós. Trocamos um cumprimento rápido e eu apresso-me a apresentar-lhe a Gio.

- É a Giovanna. A minha... - eu tenho alguma reticência em terminar a frase – namorada. – declaro, tentando disfarçar o nervosismo e o desconforto que toda esta situação me provoca.

- Muito prazer em conhecer-te. Sou a Raquel. – a morena dos caracóis apresenta-se, sorrindo e evitando que seja eu a fazê-lo. Confesso que seria estranho para mim apresentar a Raquel à Gio.

- Obrigada e igualmente. – Gio sorri, dando o seu melhor no que toca a falar português.

Nós ocupamos os lugares que nos deixaram reservados, ao lado do Afonso, e eu explico rapidamente à Gio que é a Raquel a mãe do Santiago, evitando entrar em grandes pormenores. Quando o Santiago entra em campo, pronto para começar o jogo, eu não evito que uma onda de orgulho me percorra, especialmente quando vejo o número 10 na parte de trás da sua camisola. Eu troco um sorriso com a Raquel e depois volto a focar a minha atenção no pequeno Santiago.

A destreza com que ele se mexe em campo e a facilidade que tem em controlar a bola fazem-me sorrir e confirmar a minha teoria de que este miúdo tem um talento nato para o futebol. O momento em que ele marca o seu primeiro golo é festejado intensamente por todos nós e eu sinto um orgulho tão grande nele como se ele fosse meu filho. Talvez seja estranho pensar nisto desta forma, mas a proximidade que nós temos é tanta que, por vezes, eu gostava que ele fosse meu filho.

- Este miúdo é uma pequena estrela. – o Afonso comenta.

- É mesmo. – concordo, sorrindo.

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