Segundas Oportunidades | André Silva ✔️

10. Jogo

16 de dezembro de 2017

Raquel

São oito e meia da manhã quando acordo, levantando-me cheia de energia. Por algum motivo, hoje acordei extremamente bem disposta e antes do despertador tocar. Assim, aproveito para tratar das tarefas domésticas habituais de colocar a roupa na máquina de lavar e começo a preparar um pequeno-almoço mais reforçado que o normal, uma vez que o Santiago vai ter jogo daqui a pouco e precisa de se alimentar bem. Assim, eu decido fazer panquecas e sumo de laranja natural, indo acordar o meu pequeno campeão quando está tudo pronto.

- Bom dia, meu amor. – eu sussurro ao ouvido do meio filho, enchendo as suas bochechas rechonchudas de beijos.

- Bom dia, mamã. – ele responde, abraçando-se ao meu pescoço, pelo que eu o levanto e carrego-o no meu colo até à cozinha.

- Nervoso para o jogo? – pergunto.

- Um bocadinho, mamã. Eu hoje queria marcar um golo para ti. – ele declara e eu sorrio, babada com as palavras do meu filho.

- Tenho a certeza de que vais marcar muitos golos. – afirmo, deixando um beijo na sua testa – Olha só o que eu preparei para o nosso pequeno-almoço.

- Panquecas com Nutella! – ele exclama, vendo tudo o que eu pousei em cima da mesa – Obrigada, mamã! – o Santiago festeja, batendo palmas e sentando-se na sua cadeira.

Durante o nosso pequeno-almoço, o meu filho fala da sua semana na escola, das coisas que fez e de como tem de fazer uma ficha que as professoras mandaram. Como as educadoras sabem que ele é um miúdo muito inteligente, elas têm estimulado imenso o lado mais esforçado dele e mais criativo, fazendo algumas fichas com ele na escola e, geralmente, enviando uma para ele fazer durante o fim de semana. É bom vê-lo tão aplicado e interessado. Sinto-me realmente orgulhosa.

Assim que o Santiago termina de tomar o pequeno-almoço, nós regressamos até ao seu quarto para ele vestir o fato de treino do FC Porto e para arrumarmos o seu equipamento da Dragon Force e tudo o que ele precisa para o jogo no seu saco de desporto. Enquanto ele fica a ver os desenhos animados, eu vou trocar o meu pijama por uma roupa quente, visto que esta manhã de dezembro chegou muito fria, apesar de solarenga.

- Vamos, Santi? – pergunto, assim que chego à sala, e ele assente, pegando nas suas coisas de imediato.

Desligo todas as luzes e pego nas minhas coisas, fechando depois a porta do apartamento à chave. O caminho até ao Colégio do Rosário, local de treino do meu filho, é relativamente rápido e ele está tão entusiasmado que não se cala durante o tempo todo. Mal posso esperar para ver a reação dele quando vir o Afonso e os primos.

Demoramos pouco tempo até chegar ao nosso destino e, mal encontro o treinador do meu pequeno campeão, eu despeço-me do Santiago, deixando-o com os colegas de equipa. Apesar do Santiago estar no futebol desde setembro e de já ter vindo a alguns jogos, ele nunca jogou. É o mais novo membro da equipa e o que tem menos experiência, pelo que normalmente ficava sempre no banco. No primeiro treino desta semana que passou, o treinador dele veio-me confidenciar que ele estava a provar o seu valor e a demonstrar-se um belo jogador de futebol, pelo que esta semana poderia, pela primeira vez, estrear-se no relvado a jogar contra a equipa adversária.

Eu ocupo o meu lugar nas, ainda muito vazias, bancadas do campo. Falta meia hora para o início do jogo, por isso eu entretenho-me a navegar pelas minhas redes sociais. Uma mensagem do Afonso chega ao meu telemóvel, avisando que estava a caminho, e eu respondo com um rápido okay. Não passa muito tempo até eu ver um grupo de rapazes aproximar-se. Afonso encabeça o grupo, sendo seguido pelos primos. Sorrio ao ver como todos vieram, vestidos a rigor, apoiar o meu pequeno campeão.