28. Casamento (parte 1)

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17 de agosto de 2021

Raquel

- Santiago, despacha-te. Estamos a ficar atrasados! – eu chamo, novamente, o meu filho e ele finalmente aparece na sala – O que raio estavas a demorar tanto tempo a fazer?

- Estava a pôr perfume e a calçar-me, mãe. – ele responde e eu gargalho. Quem diria que eu tinha criado um filho mais vaidoso que eu, hã? – Estás muito bonita, mamã. – ele elogia e eu sorrio, deixando um beijo nos seus caracóis rebeldes.

- Tu também estás todo janota, Santi. – elogio e ele sorri de volta – Agora temos de ir, não podemos chegar mais atrasados que a noiva. – reparo e ele assente, deixando imediatamente o apartamento.

Hoje é o dia em que o Hugo Barata vai casar com a Beatriz, sua namorada de longa data. Como temos mantido uma relação de amizade ao longo destes anos que nos conhecemos – relação essa que tenho mantido com toda a família Silva, Barata e Vieira -, eles não hesitaram em convidar-me a mim e ao Santiago para testemunharmos o dia do seu casamento. Estou realmente feliz por eles, pelo sucesso da sua relação e não perderia este dia por nada da minha vida.

Descemos até ao estacionamento subterrâneo do prédio, onde deixei o meu carro estacionado, e eu pouso as minhas coisas no banco de trás, ocupando posteriormente o lugar do condutor. O local do casamento é nos arredores do Porto, por isso eu preciso de conduzir durante algum tempo até chegar ao destino. Como são vários os carros estacionados junto à igreja onde se dará a cerimónia religiosa, eu sou obrigada a deixar o carro um pouco longe e a caminhar nos meus saltos até à igreja. Como estamos um bocadinho em cima da hora, nós ocupamos um dos bancos mais atrás, mas de onde podemos ver perfeitamente para o altar e toda a igreja.

- Mamã, está ali o André. Posso ir ter com ele? – o Santiago pergunta-me, apontando para o moreno sentado num dos primeiros bancos, juntamente com o resto da sua família.

- Agora não, Santi. A cerimónia deve estar quase a começar. – respondo e ele assente, sentando-se direito no seu lugar.

Estando já o Hugo no altar, a Beatriz não demora muito a chegar também. Ela está deslumbrante: tudo desde o cabelo ao vestido é dotado de uma grande simplicidade e isso faz toda a diferença. É completamente ela mesma, simples e genuína, e é isso que a torna tão bonita. Ao vê-la caminhar, de vestido branco e braço dado com o pai, até ao altar para o Hugo, que a olha com um brilho encantador nos olhos, e sob o olhar feliz de todos aqueles que lhes querem bem, eu confesso que se forma um nó na minha garganta.

Mentiria se dissesse que nunca sonhei com este momento para mim mesma. O momento em que entro numa igreja e caminho para alguém que amo, que me olha com admiração e amor, enquanto todas as pessoas que importam para mim testemunham esse momento. Já sonhei mais com esse momento do que ultimamente, mas não quer dizer que não continue a desejar por ele, para que um dia possa sentir o que a Beatriz está a sentir. Quero ainda poder ter uma oportunidade de ser feliz, de ser amada e de amar alguém.

Eu confesso que me emociono um pouco durante a cerimónia, especialmente na troca dos votos. Vê-se a léguas o quanto estes dois se adoram e eles são mesmo aquele tipo de casal que nos faz desejar encontrar algo assim.

Inevitavelmente, os meus olhos pousam em André. Confesso que perco algum tempo a observá-lo. Não faço ideia quando foi a última vez que o vi, que estive assim tão perto dele. Tenho saudades dele, muitas. Saudades da voz dele, do toque dele, do abraço dele, da forma como me fazia sentir, de como conseguíamos ser tão genuínos quando estávamos juntos, da nossa cumplicidade... Tenho tantas, mas tantas saudades dele.

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