50. Double Date

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1 de janeiro de 2022

Raquel

Acordo espontaneamente, reparando que o sol já brilha entre as frestas do estore. Olho para o lado, descobrindo um André ainda adormecido. Sorrio perante tal visão. Ele é demasiado bonito, demasiado perfeito para ser real. Recordo a nossa noite e não consigo tirar o sorriso estúpido da minha cara. Sinto-me feliz, verdadeiramente feliz.

Rolo para fora da cama, tirando uma camisola sua do armário sem tentar fazer muito barulho, e vou até à casa de banho. Quando volto, o André já está semi-acordado e olha para todos os cantos do quarto, procurando por mim. Sorrio, saltando para a cama para o abraçar. Encosto o meu corpo ao seu, sentindo o calor que dele emana. Envolvo os meus braços no seu tronco e simplesmente fecho os olhos, aproveitando a sensação.

- Dormiste bem? – o André pergunta num tom ainda ensonado.

- Muito bem. – respondo, não evitando o sorriso que aflora nos meus lábios – E tu?

- Na perfeição. – é a vez de André responder – Mas há uma coisa que preciso te dizer.

A minha postura muda automaticamente, ficando logo mais alerta e colando os meus olhos aos do André. Contudo, encontro uma expressão calma e um sorriso na sua cara que me fazem relaxar um pouco, embora ainda continue preocupada com a sua afirmação.

- Hey, relaxa, não é nada de mau. – ele diz, apercebendo-se da minha reação – É só uma cena em que estive a pensar e que quero partilhar contigo. Relaxa. – ele afirma, deixando um beijo na minha testa. O meu corpo relaxa contra o seu, mas eu continuo a encará-lo – Quando te convidei para vires jantar comigo ontem, eu tinha zero expetativas do que podia acontecer. Quero dizer, é óbvio que eu imaginei muitos cenários diferentes e pensei em coisas que gostava que acontecessem, mas decidi que não ia forçar nada nem pressionar-te a nada. Queria apenas que pudéssemos aproveitar a companhia um do outro e passar uma boa noite juntos. Mas, sinceramente, a noite de ontem suplantou todas as minhas expetativas, foi muito melhor do que eu podia imaginar. Sinceramente, eu nem sequer consigo parar de sorrir. – o André comenta e eu rio-me, deixando um beijo suave e rápido no seu pescoço – E, na minha cabeça, não era assim que eu queria fazer as coisas. Não era este o encadeamento. Mas desde quando é que as coisas acontecem da forma que as planeamos, não é? Por isso, eu tomei uma decisão. – ele afirma e, subitamente, ele parece nervoso. Mais uma vez, volto a ficar preocupada. O que virá daqui?

- André, estás a deixar-me nervosa com esse suspense... - comento e ele sorri, mais uma vez, tentando acalmar-me.

- Espera dois segundos. – ele pede, levantando-se da cama e dirigindo-se a uma das gavetas do seu armário. Ele tira uma caixa quadrada, não muito grande, e regressa à cama, sentando-se à minha frente – Não era suposto eu dar-te isto hoje, nem fazer isto hoje, agora e aqui, por isso não está tão completa como eu gostaria, mas não há momentos perfeitos, não é? Apenas há momentos em que sabemos o que é certo a fazer e eu sei que tenho de o fazer neste momento.

- André! – eu exclamo. Ele está mais a balbuciar palavras para si mesmo do que a falar comigo e eu estou entusiasmada e confusa, ao mesmo tempo.

- Okay, desculpa. Estou nervoso. – ele encolhe os ombros e eu rio-me – Abre a caixa. – ele pede, entregando-ma.

No interior, a caixa está recheada com imensas coisas de que eu gosto. Tem alguns dos meus chocolates e gomas favoritos, tem um par de brincos super bonitos, um livro, tem algumas fotografias nossas e, no fundo, tem um pequeno bilhete.

Segundas Oportunidades | André Silva ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora