Segundas Oportunidades | André Silva ✔️

49. Chocolate quente & conversas sérias

NOTA: Tive alguns problemas na publicação do capítulo anterior e, pelo número anormal de votos relativamente aos capítulos anteriores, deduzo que nem toda a gente tenha sido notificada do novo capítulo - o nosso querido Wattpad, de vez em quando, adora pregar-nos estas partidas. Assim, antes de começarem a ler este capítulo, certifiquem-se de que leram o anterior para tudo vos fazer sentido! Boa leitura ;)

1 de janeiro de 2022

André

«É tão fácil amar alguém quando as coisas são perfeitas e é tudo maravilhoso. Mas amar alguém quando as coisas são difíceis, quando essa pessoa não é perfeita, quando ela comete erros, quando os defeitos aparecem, quando se cometem erros... Isso é o que realmente te permite perceber quando amor realmente existe ali. Qualquer pessoa pode amar alguém que faz e diz todas as coisas certas, que é tudo o que se quer e precisa, que tem todos os problemas resolvidos, quando têm tudo resolvido... Mas amar alguém no seu pior, apesar do quão quebrada essa pessoa está, quando está perdida, quando tu estás disposto a ficar com ela sem querer saber o quão desafiadoras ou difíceis as coisas podem ser, eu acho que esse tipo de amor é o mais bonito. Eu acho que esse tipo de amor tem muito mais significado.» E o nosso amor tem crescido nas duas situações, quando as coisas estavam bem e quando as coisas estavam mal. Mesmo que nem sempre tenhamos estado juntos, o amor esteve sempre lá e foi crescendo, em silêncio. Foi com a nossa maturidade que fomos percebendo e acolhendo os defeitos um do outro, todos os aspetos e pormenores, perdoando os erros que fomos cometendo... E foi assim que nos tornámos nas melhores versões de nós próprios que chegaram até aqui para podermos dar um ao outro o amor que nasceu, que cresceu e que tem tudo para dar muitos frutos.

- Por que é que estás tão calado há tanto tempo? – a Raquel pergunta, enquanto caminhamos pelas ruas de Manchester.

Saímos da confusão de Albert Square e, desde então, temos caminhado simplesmente lado a lado. Entretanto começou a nevar, por isso estamos à procura de um sítio onde nos sirvam um bom chocolate quente. Caminhamos de mãos dadas ainda, sob as luzes de Natal que ainda enfeitam a cidade e que dão tons coloridos aos flocos de neve que caem sobre nós.

- Estou a pensar. – respondo, sorrindo-lhe.

- Sobre o quê? – ela pergunta, de novo. Eu sei que ela está preocupada com aquilo que me pode estar a passar pela cabeça – Estás bem? – ela pergunta, confirmando aquilo que eu estava a pensar.

- Claro que sim. Estou ótimo. – asseguro-a. Contudo, apercebo-me pelo seu olhar e pela expressão no seu rosto que ela está longe de estar convencida. Então eu paro, o que a obriga a parar também, e faço-a olhar para mim – Está tudo bem. Aliás, está tudo mais que bem.

- Então por que é ficaste tão calado e introspetivo depois do que aconteceu? Fui precipitada, é isso? – ela pergunta, deixando que as suas inseguranças venham ao cimo – Eu sei que nós decidimos que íamos levar as coisas com calma, mas também decidimos que não íamos pensar tanto e foi isso que eu fiz. Fui genuína e sincera e fiz literalmente a primeira coisa que me passou pela cabeça.

- Hey, hey, hey! – interrompo-a, levando uma das minhas mãos ao seu rosto – E fizeste bem, okay? Se não o tivesses feito tão rápido, teria sido eu a beijar-te. – confesso e sinto todo o seu corpo a relaxar – Queres saber no que é que eu estava a pensar?

- Sim, por favor. É que, caso não te tenhas apercebido, eu não sei ler mentes. – ela ironiza e eu rio-me.

- Estava a pensar que o amor não cresce de um dia para o outro... Cresce com o tempo e, sobretudo, quando ultrapassamos as adversidades que surgem pelo caminho. – eu começo, tentando pôr palavras o que estou a pensar e sentir – O que eu estou a tentar dizer é que... Não acho que alguma vez nós tenhamos deixado de nos amar. Aliás, eu sei que nunca deixei de te amar. Acho que o amor foi crescendo e nós aprendemos a amar-nos mesmo sabendo que temos defeitos, que cometemos erros, que não temos todos os nossos problemas resolvidos. O nosso amor amadureceu connosco, à medida que nos tornámos melhores versões de nós mesmos. – explico – E isso é uma coisa boa, porque hoje somos duas pessoas muito melhores e mais prontas para estarem juntas. E eu quero tanto que isto corra bem, agora. Está tudo como devia estar e eu quero mesmo que tudo dê certo, porque eu não me vejo com mais ninguém. – continuo – Espero não estar a ser precipitado no que vou dizer nem assustar-te, mas.. tu és a única pessoa com quem eu me vejo a casar e ter filhos.