13. Amigos

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23 de dezembro de 2017

André

Depois de um agradável almoço em família, é altura da Giovanna se despedir de todos para eu a poder ir levar ao aeroporto. O não-muito-longo percurso até ao aeroporto é feito praticamente todo em silêncio, sobretudo porque a minha cabeça está demasiado longe para eu conseguir manter uma conversa normal com a Gio.

- Vais para Itália, na passagem de ano? – Gio questiona-me, quando já estamos mesmo a chegar ao aeroporto.

- Hum, não... - eu confesso – Eu recebi uma chamada do clube ontem a avisarem-me de que não serei convocado para os próximos dos jogos e, como tal, só preciso de me voltar a apresentar em Milão, aos treinos, dia 3. Como eles sabem que estou fora, tiveram a gentileza de me avisar, assim posso passar mais algum tempo com a minha família.

- Isso quer dizer que não vamos estar mais juntos até essa data, não é? – Gio pergunta e eu desligo a ignição do carro, após o estacionar, antes de responder.

- A menos que tenciones voltar a Portugal, nós não voltamos a estar juntos até essa data. – afirmo – Eu preciso de estar em casa, com os meus pais e os meus amigos. Eu e tu temos o ano inteiro para estar juntos e com eles já não é assim.

- Tudo bem, eu entendo. – ela declara mas eu sei que se encontra magoada – Não precisas de entrar.

- Eu levo-te lá dentro. – insisto.

- Não é preciso, André. – ela reforça – Eu vou ficar bem sozinha.

- Gio... - eu chamo-a.

- Eu vou ficar bem sozinha. – ela repete e eu quase que denoto um significado escondido por trás das suas palavras, mas prefiro ignorá-lo – Diz à tua família que gostei muito de os conhecer.

Ela deixa um beijo curto e rápido nos meus lábios antes de sair do carro. Eu suspiro, sabendo que estou a estragar, aos poucos, tudo o que tinha de bom na minha vida. Espero que ela retire as malas do porta-bagagens e fico a observá-la caminhar até à entrada do aeroporto, vendo-a desaparecer atrás das portas envidraçadas do edifício.

***

24 de dezembro de 2017

- André Miguel! – eu ouço a minha mãe chamar-me, por isso apresso-me a encontrá-la na cozinha.

- O que é que se passa? – pergunto, chegando à cozinha e observando-a no meio de taças com massa de bolo, farinha espalhada e a habitual azáfama característica do Natal.

- Preciso que me ajudes a abrir esta lata. – a minha mãe pede, entregando-me uma lata de fruta em calda para eu abrir – Obrigada, filho.

- O Afonso? – questiono.

- Foi levar o lixo lá fora e o teu pai está a cortar a relva. – a minha mãe responde – Quando o teu irmão vier, preciso que vocês me façam um favor.

- O quê? – questiono, curioso, aproveitando para tirar uma filhós ainda quente do monte que a minha mãe acabou à pouco de fazer.

- Espera pelo Afonso e já digo. – ela responde.

- Alguém disse o meu nome? – o meu irmão entra na cozinha.

- Sim, a mãe precisa que nós lhe façamos um favor qualquer. – explico.

Segundas Oportunidades | André Silva ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora