60. É real

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[Disclaimer: Sim, eu sei que a última vez que atualizei foi há um mês, mas há uma explicação para isso - podem ler na nota final. Agora, sem mais demoras, passemos ao que importa.]


10 de abril de 2022

André

Mesmo sem despertador, eu acordo relativamente cedo e acordo mais cedo do que a Raquel, por isso aproveito para ir até à cozinha preparar o pequeno-almoço para nós. Preparo uma chávena de café com leite para a Raquel, como sei que ela gosta, e torradas para os dois, colocando também alguma fruta cortada em pedaços pequenos numa taça. Quando tudo está pronto, coloco num tabuleiro e regresso ao quarto.

Antes de me deslocar novamente até à cama, pouso o tabuleiro na cómoda para garantir que não cai nada no chão. Sento-me na cama, ao lado da Raquel, levando a mão aos seus cabelos espalhados pela almofada. Sorrio ao observá-la, tão pacífica e tão bonita. Deposito beijos curtos e rápidos por todo o seu rosto, fazendo-a despertar.

- Bom dia. – murmuro junto ao seu ouvido.

- Bom dia. – ela sorri, ainda de olhos fechados – Que horas são?

- Nove e meia. – respondo, olhando para o relógio de pulso em cima da mesinha de cabeceira – Preparei-nos o pequeno-almoço. – informo e ela abre, finalmente, os olhos.

- É assim que me queres habituar? Olha que depois eu vou começar a cobrar... - ela brinca e ambos nos rimos – Amo-te.

- Eu também te amo. E não me importo nada de te fazer o pequeno-almoço todos os dias. – constato, sorrindo. Levanto-me, então, para pegar no tabuleiro e coloco-o em cima da cama, entre nós – Espero que esteja tudo como gostas.

- Está tudo ótimo. – ela sorri, depositando um beijo na minha bochecha – Tens treino hoje?

- Mais logo, sim. – respondo – E tu? O que vais fazer?

- Aproveitar o pouco tempo para estar com a minha família. – ela responde à minha questão e eu assinto – Em relação ao que falámos ontem...

- Não precisamos de fazer nada com pressa, Raquel. É quando estiveres preparada. – interrompo-a, achando que talvez ela possa estar arrependida da decisão que tomou ontem.

- E se tu parasses para me ouvir, por uma vez na vida?! – ela indaga, revirando os olhos, o que me faz sorrir – Eu estou preparada e eu quero viver contigo. Mas há algumas coisas que temos de discutir e acho que o podíamos fazer agora. Algo contra?

- Nada contra. – digo, sorrindo e roubando-lhe um beijo.

- Senhor impaciente. – ela comenta e ambos nos rimos – Primeiro, eu partilho casa com a Tânia, o que significa que vou ter de falar com ela sobre isto... Entendo que possa ser complicado para ela ficar a pagar a renda sozinha, por isso talvez seja preciso eu ficar aqui até ela arranjar uma solução. – a morena explica e eu assinto, concordando.

- Sim, claro. Não precisas de te mudar amanhã. Quando for o momento mais oportuno para todos, incluindo para a Tânia, avançamos. – declaro, mostrando-lhe total compreensão sobre este tópico – Tu não te importas de mudar para a minha casa? Ou seja, preferes antes procurar um apartamento juntos?

- Eu não me importo de me mudar para tua casa se, e só se, me deixares colaborar nas despesas. – a Raquel afirma convictamente e eu sei que nada do que eu diga a vai demover desta ideia – Não vais ser tu a pagar tudo, podes tirar daí o cavalinho da chuva.

- Okay. – suspiro, derrotado – Mas a casa fica por minha conta. Não vais pagar renda, nem pensar nisso. Podemos dividir as restantes despesas. – exponho a minha condição.

- Okay. – ela cede, contrariada – E temos de dividir tarefas também. – adiciona e eu assinto, concordando – Quem cozinha, não lava a louça.

- Combinado! – eu sorrio – E a limpeza geral tem de ser em conjunto. Não te vais armar em louca e pores-te a limpar tudo sozinha, vais deixar-me ajudar.

- Combinado! – ela repete as minhas palavras – Sabes que, provavelmente, vamos descobrir pequenas coisas um sobre o outro que nos vão irritar, não sabes?

- Sim, mas isso tem piada. – digo – E também vamos discutir sobre coisas parvas do dia-a-dia, sem importância nenhuma, mas isso faz parte de uma relação.

- É verdade. – a Raquel concorda – Olha para nós, todos adultos. – a morena brinca, rindo alto.

- Estou orgulhoso de nós. – assumo, sorrindo.

- Também eu. – ela concorda, beijando-me – Tens noção de que tenho imensa tralha, não tens?

Eu rio-me alto, assentindo.

- Eu ajudo-te com as mudanças, depois. – afirmo – Estou ansioso. – confesso.

- Também eu. – a minha namorada assente – Nem acredito que fui idiota o suficiente para dizer que não queria viver contigo.

- Podemos simplesmente não voltar a pensar nisso? Não interessa mais. – declaro – Se calhar não era o timing certo, agora é. Ambos queremos, ambos temos a certeza. É o momento ideal.

- Tens razão. Não vamos voltar a falar nisso. – a Raquel afirma, sorrindo – Amo-te tanto, André. Nem acredito que isto é mesmo real.

- Mas podes acreditar. É real e está a acontecer. – eu sorrio também, beijando-a novamente – Temos aqui a nossa segunda oportunidade e eu sei, com toda a certeza do mundo, que nenhum de nós a vai desperdiçar.

Uma segunda oportunidade talvez não seja sempre sobre tentar remendar algo que está estragado, talvez seja sobre começar de novo e criar algo ainda melhor. É isso que estamos a fazer: a criar algo ainda melhor do que aquilo que houve antes, com muito mais maturidade e mais certezas.

***

Primeiro que tudo, quero pedir desculpas por ter "desaparecido" durante um mês, não ter publicado nem dito nada, mas a verdade é que durante as últimas 4 semanas eu estive em estágio, o que me fazia estar sempre super cansada quando chegava a casa e aproveitei os meus fins de semana para tratar de outras coisas e descansar. Contudo, agora já estou de férias / em confinamento, portanto vou mesmo tentar ser regular.

Este capítulo é curtinho, mas eu acho que é engraçado e importante porque não é só tomar a decisão que vão viver juntos e pronto - há todo um processo por trás disso e discussões a ter, porque as coisas vão mudar. Sei que foi mais simples, mas ainda assim espero que tenham gostado.

Vejo-vos muito em breve (promessa de escuteira)!

Segundas Oportunidades | André Silva ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora