55. Discussões de Casal

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23 de janeiro de 2022

Raquel

As últimas duas semanas têm sido um absoluto inferno. Os meus turnos trocaram todos porque duas das minhas colegas ficaram de baixa, o que significa que os turnos delas foram distribuídos por todos nós. Resumidamente, tenho feito turnos de doze horas quase todos os dias, na semana passada tive de fazer um de vinte e quatro horas e estou completamente esgotada. Com isto tudo mal tenho podido estar com o André, o que é horrível tendo em conta que eu sei que ele tem precisado de mim.

Já começou a fisioterapia e ele ainda tem muitas dores, o que o deixa muito desmotivado. É claro que não é suposto que ele recupere em duas semanas, mas acho que ele esperava ver melhorias mais evidentes do que tem visto e isso, aliado ao facto de ele odiar estar parado, sem treinar nem jogar, está a deixá-lo desmotivado e desanimado. Felizmente, o Afonso veio no início desta semana e tem estado com ele, o que me deixa um pouco mais aliviada. Hoje, finalmente, saí cedo do trabalho e vou ter os próximos dois dias de folga, o que me vai permitir estar um pouco com ele e descansar.

O Afonso ligou-me a dizer que ia buscar o Santiago à escola e que iam dar os dois uma volta, para eu e o André podermos ter algum tempo sozinhos, coisa que tem escasseado nos últimos dias, por minha culpa. Assim, mal saio do trabalho, nem se quer vou a casa, dirigindo-me de imediato ao apartamento do André.

Toco à campainha antes de abrir a porta com a chave que ele me deu, para o avisar de que cheguei, entrando de seguida.

- Finalmente! Sinto que não te vejo há séculos! – ele exclama, quando chego junto dele, à sala, puxando-me para os seus braços.

Eu não respondo, apenas o abraço com mais força, escondendo a minha cara na curva do seu pescoço, absorvendo o seu cheiro tão próprio de que tinha saudades. Não nos vimos nos últimos três dias, mas mais pareceram três meses. Não o quero largar, preciso mesmo de o abraçar.

- Estás bem? – ele murmura ao meu ouvido, mexendo no meu cabelo como sabe que eu adoro que ele faça.

- Sim, estou só exausta. – confesso, finalmente afastando-me apenas o suficiente para o poder beijar – Desculpa não ter sido uma namorada muito presente nos últimos dias.

- Raquel, não tens nada de pedir desculpa. Não tens culpa de ter imenso trabalho. Além disso, não estiveste aqui, mas falámos todos os dias, por isso continuaste presente. – ele afirma, deixando um carinhoso beijo na minha testa - Parece-me que estás mesmo a precisar de mimos.

- Sim. Quando estou cansada fico mais carente. – confesso, aninhando-me ao seu corpo, de modo a poder estar tão perto dele quanto possível – Mas era eu quem te devia estar a dar mimos.

- Ter-te aqui, comigo, é tudo o que eu preciso. – ele afirma e eu sorrio, deixando um beijo no seu peito coberto por uma sweatshirt da Adidas.

- E tu, como é que estás? – questiono-o – Como correu a fisioterapia hoje?

- Melhor do que nos últimos dias. Consegui pôr o pé no chão pela primeira vez e fazer carga durante alguns segundos. – ele conta – Já é algum progresso.

- É um excelente progresso. – reforço, sorrindo – Mas não me respondeste à primeira pergunta. Como estás?

- Estou com saudades tuas. – o André desvia o assunto, por isso eu afasto-me dele para o poder olhar nos olhos – Raquel...

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