61. A mudança

515 34 4
                                    

25 de maio de 2022

Raquel

O meu turno termina às quatro da tarde e, após me despedir das minhas colegas, eu caminho até ao exterior da clínica. Vou ter as próximas duas semanas de férias, o que vai ser ótimo para descansar e repor energias. Hoje é um dia muito importante e cheio de grandes eventos e, mesmo após um turno muito atarefado, eu estou super entusiasmada e cheia de energia.

Hoje vou, definitivamente, mudar-me para casa do André – depois de a Tânia ter conseguido arranjar uma nova colega de casa e de ter passado as últimas duas semanas a levar algumas das minhas coisas para aquela que será a minha nova casa. Só me falta ir buscar as malas da roupa minhas e do Santiago e deixar as chaves à Tânia, o que vai acontecer já de seguida. Além disso, hoje é a última jornada do campeonato e eu e o Santiago vamos assistir ao jogo ao King Power Stadium, para o jogo do City com o Leicester. Se o City conseguir ganhar será, oficialmente, campeão, visto que esta época foi extremamente renhida e a diferença de pontos do Liverpool foi sempre mínima. Para tornar tudo ainda melhor, na próxima semana, vamos viajar uns dias até Portugal para matar saudades da família.

Quando contámos ao Santiago sobre a ideia de irmos morar todos juntos, ele ficou tão feliz que eu até fiquei emocionada. Ele até soltou um "finalmente", obviamente mostrando que era seu desejo que isso acontecesse há já algum tempo. Para ele, nós os três somos uma família e, por isso, devemos morar juntos, e deixa-me muito feliz que ele pense desse modo e que seja tudo tão natural para ele.

Estaciono, pela última vez, junto àquele que foi o prédio onde morei nos últimos oito meses, que me recebeu quando iniciei a minha aventura por terras de sua Majestade. É uma sensação nostálgica mudar-me, mas também é uma sensação muito boa de realização. Finalmente, eu e o André estamos a ter a nossa oportunidade de sermos felizes, de sermos uma família e de construir tudo aquilo que sonhámos há anos atrás.

- Posso? – pergunto à Tânia, após abrir a porta do apartamento.

- Que raio de pergunta! – ela exclama, rindo-se.

- Oh, esta casa já não é minha. – digo, entregando-lhe a chave.

- Será sempre um bocadinho tua, pelo menos enquanto eu cá viver. Sempre que quiseres aparecer, serás muito bem-vinda. Tu e o Santiago, obviamente. – ela afirma e eu sorrio, sentindo-me mesmo um pouco emocionada – Estou muito feliz por ti, amiga. Mereces mesmo ser feliz!

- Obrigada, Tânia, por tudo. És uma excelente amiga! – agradeço.

- Para lá com essas lamechices antes que me ponhas a chorar! – ela desvia o assunto e eu gargalho – Precisas de ajuda a arrumar alguma coisa?

- Acho que não. Só preciso de pôr as malas da roupa no carro e o caixote dos brinquedos e jogos do Santiago. – respondo – De resto, já levámos tudo.

- Pronto, sendo assim ajudo-te a carregar as coisas para o carro. – ela oferece-se e eu assinto, sorrindo em agradecimento.

Depois do carro carregado, e visto que ainda falta um pouco para ir buscar o Santiago à escola, eu volto a subir com a Tânia para lancharmos juntas. Conversamos bastante sobre as minhas expetativas em relação ao que o futuro me reserva e também sobre temas mais triviais do quotidiano.

- Bem, tenho de ir andando buscar o Santi à escola. – afirmo, após olhar as horas no meu relógio de pulso – Mais uma vez, obrigada por tudo, Tânia.

- Não tens nada de agradecer. – ela sorri, abraçando-me – Tens é de ir contando as novidades, sim?

- Claro que sim! E vamo-nos vendo no trabalho. – afirmo – Só vou mudar de casa, não é de cidade ou de país.

Segundas Oportunidades | André Silva ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora