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19 de março de 2018

André

Estou prestes a deitar-me, após ter acabado de ver um filme que estava a passar na televisão, quando o meu telemóvel dá sinal da chegada de uma mensagem. Assim, sentado na cama, pego no telemóvel para ler a mensagem.

Raquel: Boa noite. Desculpa, sei que já é tarde para estar a mandar mensagem, mas é só para te dizer que tenho uma coisa para te mostrar e para te contar, uma espécie de presente do Santiago, e queria saber qual é a melhor altura para te ligar. Um beijinho.

Mal leio o nome de Raquel no visor começo a sorrir e o resto da sua mensagem faz com que esse sorriso se mantenha. Ela tem um presente do Santiago para mim? E quer falar comigo, ouvir a minha voz? São, certamente, motivos para sorrir. Okay, tudo bem que decidimos ser apenas amigos e eu contento-me com isso, mas fico feliz por ela querer falar comigo. Apresso-me, então, a responder-lhe.

Boa noite. Na verdade, ainda estou acordado. Se quiseres, podemos falar agora.

Raquel: Tens a certeza que não te importas? Não tens de te levantar cedo amanhã?

Eu vou ligar-te por videochamada. Atende.

Conforme disse à Raquel na mensagem, procuro o seu número nos contactos e inicio uma videochamada. Alguns segundos depois, o seu bonito rosto – com algumas marcas de cansaço – aparece do outro lado do ecrã.

- Olá! – exclamo, animado por falar com ela.

- Não devias estar a dormir?Raquel pergunta e eu encolho os ombrosA sério, André, podemos perfeitamente falar disto noutra altura.

- A sério, por mim está tudo bem. Mas vê lá se tu não precisas de descansar, também. Não tens aulas amanhã?

- Só tenho aulas à tarde, por isso vou aproveitar para dormir mais um bocadinho de manhã e levo o Santiago mais tarde à escola. – a morena dos caracóis explica e eu assinto.

- Então, diz-me lá o que é que tens para me mostrar e contar. Confesso que fiquei muito curioso. – digo.

- Hoje o Santiago chegou da escola com uma prenda para ti. Vou buscar para tu veres. – a Raquel começa, desaparecendo por uns segundos do meu campo visual para voltar com uma folha de papel na mão.

Logo depois ela volta a folha para mim, para que eu possa ver o seu conteúdo. Na folha, há um desenho de um homem, que suponho que seja eu por causa da camisola do AC Milan que tem vestida. Ao lado, há umas frases escritas, não consigo lê-las.

- Podes ler-me o que está escrito, por favor? – peço e a Raquel assente.

- «Feliz dia do Pai para ti, que não és o meu pai, mas és a pessoa mais fixe que eu conheço e jogas comigo à bola. Gosto muito de ti, André.» - a Raquel lê a mensagem escrita na folha de papel e eu sinto-me realmente emocionado com o conteúdo da mesma.

- Nem sei o que dizer. – admito.

É uma grande responsabilidade ser para o Santiago o equivalente a um pai. Não é que eu não queira ser pai no futuro, mas saber que, neste momento, há um miúdo que olha para mim como uma figura paternal, um exemplo a seguir, é mesmo uma grande responsabilidade. Sobretudo quando esse miúdo é o Santiago, que é uma criança fantástica, muito inteligente e especial, e é o filho da mulher por quem eu estou (e sempre estarei) apaixonado.

Segundas Oportunidades | André Silva ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora