1 de outubro de 2017
André
Após pouco menos de dois meses em Milão, é altura de regressar a Portugal para os compromissos com a seleção. Temos os dois últimos jogos de eliminatória para o Mundial nos próximos dias, um em Andorra e outro em Portugal, e temos de nos focar para obter resultados favoráveis à nossa entrada na competição mundial.
O processo todo até entrar no avião é rápido e eu agradeço por isso, porque não estou no mood de grandes confusões. Só quero entrar no avião, colocar os meus headphones e fazer uma viagem calma e pacífica. Ultimamente tenho andado com um péssimo humor e um bocado de jet lag só o vai tornar pior, por isso quero mesmo tentar descansar durante esta viagem. Contudo, parece que o mundo adora conspirar contra mim e, portanto, eu não consigo pregar olho. Todo o cansaço que eu acreditava ter acumulado parece que desapareceu por magia e eu estou mais desperto do que nunca. Frustrado comigo mesmo, eu deixo-me apenas focar na música calma dos meus headphones e tento relaxar um pouco.
Voltar a Portugal é, neste momento, algo muito confuso para mim. Não sei exatamente como me sinto em relação a este regresso temporário. Quero dizer, é óbvio que é sempre bom voltar a casa, aos braços dos meus pais e ao conforto da minha cidade e da minha casa, mas, por outro lado, eu estou em Milão há muito pouco tempo e talvez precisasse de ficar lá durante mais algum. A minha adaptação à cidade italiana tem sido mais difícil do que eu esperava inicialmente e, por isso, acho que só me iria fazer bem ficar por lá até me sentir mais em casa do que me sinto atualmente.
O voo passa bastante rápido e, felizmente, eu consegui dormir algum tempo, o que ajudou a aliviar o meu mau humor. Eu nem se quer sei porque é que estou com este humor de cão, mas sei que ficou ligeiramente melhor após a pequena sesta que fiz. Depois de sair do avião, apanho a minha mala rapidamente e caminho até ao exterior do aeroporto, para apanhar um táxi que me leve até casa dos meus pais. Decidi não os avisar que vinha e fazer uma pequena surpresa – eu sei que eles vão ficar felizes com isso.
O calor que ainda se faz sentir no Porto faz parecer que estamos em pleno verão quando, na verdade, está a começar outubro e o outono já começou há duas semanas. Assim que apanho o táxi, que infelizmente não tem ar condicionado, prendo o meu olhar na janela, revisitando através dela todos os cantos da minha cidade. A verdade é que já tinha muitas saudades do Porto e do quanto me sinto em casa aqui. É agradável estar num sítio onde conheço quase todas as ruas, os sítios mais importantes, com melhores vistas, os melhores restaurantes, os melhores bares... Um sítio onde não me sinta um estranho perdido.
Depois de pagar ao taxista e de tirar a minha mala da bagageira do carro, eu caminho até ao portão que dá entrada para a casa dos meus pais. Faço questão de tocar à campainha e de esperar que eles venham abrir o portão, em vez de entrar e esperar na porta. Mal posso esperar para ver a reação da minha mãe!
- Puto, o que é que estás aqui a fazer? – eu ouço a voz do meu irmão, que é quem vem abrir a porta.
- É assim que recebes o teu irmão? – pergunto, fingindo-me ofendido mas acabando por gargalhar. Abro o portão, caminhando até à porta, onde está o Afonso.
- Não estávamos à tua espera! – Afonso responde, sorrindo e puxando-me para um abraço.
- Eu sei, quis fazer-vos uma surpresa. – declaro – A mãe e o pai, onde estão?
- A mãe está a fazer o almoço e o pai está no jardim a cortar a relva. – o Afonso responde – Dá cá a mala, vou pô-la no teu quarto. Vai lá ter com eles. – ele diz e eu assinto.
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Segundas Oportunidades | André Silva ✔️
Fanfiction«Às vezes, o amor merece uma segunda oportunidade porque o tempo não estava preparado para a primeira oportunidade.» Será que André e Raquel terão uma segunda oportunidade para serem felizes juntos? - 2ª Temporada de "Acasos Felizes" - Data de iníci...