Encontro

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A maratona chegou!!!

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Tudo o que Clarke queria era uma barra de chocolate. Passara a maior parte do dia testemunhando no tribunal, e seu horário de almoço tinha sido devorado pelo telefonema de um informante, que lhe custara cinqüenta dólares, mas a colocara na dianteira em um caso de contrabando que resultara em dois homicídios, e no qual ela já vinha quebrando a cabeça há dois meses.

Tudo o que queria era uma dose rápida de qualquer substituto de açúcar, antes de voltar para casa a fim de se preparar para o encontro com Lexa , marcado para as sete horas.

Poderia ter passado em qualquer uma das inúmeras Insta Stores drive-through, mas preferiu a pequena delicatessen na esquina de Setenta e Oito Oeste, apesar, ou talvez pelo fato de que ela pertencia e era gerenciada por François, um rude refugiado com olhos de cobra que escapara rumo aos Estados Unidos depois que a Reforma Social Armada provocara a queda do governo francês, uns quarenta anos antes.

François detestava o país e os americanos, mas a Reforma Armada o tinha despachado para lá mais ou menos uns seis meses depois do golpe, e o francês foi ficando, se maldizendo e reclamando atrás do balcão da loja da Rua Setenta e Oito, onde ele adorava despejar insultos e absurdos políticos.

Clarke o chamava de Frank, para irritá-lo, e passava por ali pelo menos uma vez por semana para ver que novo esquema ele tinha inventado para explorá-la e deixá-la sem dinheiro.

Com a cabeça na barra de chocolate, entrou pela porta automática. O vidro ainda nem tinha começado a se fechar atrás dela quando seu instinto bateu.

O homem que estava no balcão, de costas para ela, usava um casaco grosso com um capuz que cobria tudo, menos o tamanho do seu corpo, que era considerável.

Um metro e noventa e dois, ela avaliou, e uns cento e vinte quilos. Nem precisava ver o rosto magro e aterrorizado de François para saber que havia problemas. Dava para sentir o cheiro, tão forte e amargo quanto o da carne vegetal picada que estava na promoção do dia.

Nos segundos que se passaram até a porta se fechar, ela considerou e em seguida rejeitou a idéia de sacar a arma.

- Para cá, vagabunda. Anda logo!

O homem se virou para ela. Clarke notou a cor da pele, dourada clara, típica de uma herança multirracial, com os olhos de um homem muito desesperado. E enquanto guardava na memória sua descrição, olhou para o pequeno objeto redondo que ele tinha na mão.

O explosivo caseiro era preocupante. O fato de que ele estava balançando a mão que o segurava e tremia de nervoso tornava tudo ainda pior.

Homens com bombas caseiras eram notoriamente instáveis. O idiota era capaz de matar a todos, só por suar em demasia.

Clarke lançou um rápido olhar de alerta para François. Se ele a chamasse de tenente, todos ali iam virar carne moída bem depressa. Mantendo as mãos à vista, foi até o balcão.

- E-Escute... Não quero problemas - disse ela, fazendo a voz tremer de nervoso, tanto quanto a mão do ladrão. - Por favor, moço, eu tenho filhos em casa.

- Cale a boca. Simplesmente cale essa boca. No chão. Deite-se na porcaria desse chão.

Clarke se ajoelhou, deixando a mão sob o casaco escorrer para onde a arma aguardava.

- Quero tudo - ordenou o homem, fazendo gestos com a pequena bola mortal. - Pode me dar tudo. Dinheiro, fichas de crédito, e ande rápido!

- Foi um dia fraco - gemeu François. - Você precisa entender que os negócios não andam tão bem como antes. Vocês, americanos...

In DeathOnde histórias criam vida. Descubra agora