Redford

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Daqui alguns capítulos finaliza ...

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— Fico satisfeita por recebê-lo de volta, senhor Redford.

— Isto está se tornando um hábito desagradável, tenente. —  Redford se sentou à mesa na sala de interrogatório.

— Sou esperado em Nova Los Angeles em poucas horas. Espero que a senhorita não me cause atrasos.

— É que eu sou muito cuidadosa, gosto sempre de confirmar os meus dados. Não quero que nada nem ninguém escape por alguma fresta.

Clarke  olhou para o canto em que Peabody estava, muito bonita em seu uniforme  completo. Do  outro lado do espelho, Clarke  sabia, estavam o comandante  Whitney  e  o promotor, observando toda a ação. Ela teria que decidir a questão ali mesmo ou era muito provável que se desse mal.

Sentou-se e cumprimentou o holograma do advogado que Redford escolhera. Obviamente, nem Redford nem o seu advogado acreditavam que a situação era séria  o bastante  para  providenciar um representante em pessoa na entrevista.

— Doutor —  começou Clarke  — , o senhor está com uma transcrição completa das declarações do seu cliente?

— Sim. —  A imagem do homem de olhar duro usando um terno risca de giz cruzou as mãos bem-cuidadas. —  Meu cliente vem cooperando perfeitamente com a senhorita e o seu departamento. Concordamos com esta entrevista unicamente para finalizar a questão.

Vocês concordaram porque não tinham outra opção , pensou ela, mas manteve   o rosto impassível e disse:

— Sua cooperação está  sendo muito apreciada, senhor Redford. O senhor declarou que  conhecia a vítima, Pandora, e que tinha um relacionamento casual, porém íntimo, com ela.

— Exatamente.

— O senhor também esteve  envolvido em algum assunto de negócios com ela?

— Produzi dois vídeos para serem transmitidos diretamente para a  residência  dos telespectadores. Pandora trabalhava como atriz neles. Outra produção estava sendo planejada.

— Esses projetos foram bem-sucedidos?

— Moderadamente.

— E, além destes projetos, o senhor tinha algum outro contrato de negócios com a vítima?

— Nenhum. —  Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. —  A não ser um pequeno investimento especulativo.

— Um pequeno investimento especulativo?

— Ela me disse que estava planejando lançar uma linha própria de produtos de moda e beleza. Evidentemente, precisava de financiamento para o projeto, e fiquei interessado o bastante para investir nisso.

— O senhor deu dinheiro para ela?

— Sim, durante os últimos dezoito meses investi mais de trezentos mil dólares nessa ideia.

Encontrou um jeito de se safar, notou Clarke , e se recostou na cadeira.
— Em que pé estava essa linha de moda e beleza que o senhor alega que a vítima estava implementando?

— Não estava em pé algum, tenente. —  Ele levantou as mãos, e então as deixou cair novamente.— Eu fui enganado. Só depois da morte de Pandora é que descobri que não havia nenhuma linha  de produtos, não havia outros investidores, não havia nada.

— Entendo. O senhor é um produtor de sucesso, um homem  habituado a  lidar  com  dinheiro. Deve  ter pedido prospectos, números, estimativas de despesas, projeções de lucros. Talvez uma amostra dos produtos.

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