Uma contravenção

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Lexa já tinha ido embora, quando ela acordou. Era melhor assim. As manhãs traziam uma espécie de intimidade casual que a deixava nervosa. Ela já estava mais envolvida com a morena do que jamais estivera com alguém. Aquela química que havia entre elas tinha o potencial, ela sabia, de reverberar pelo resto de sua vida.

Clarke  tomou uma chuveirada rápida, enfiou-se em um robe e foi até a cozinha. Lá estava Lexa , de calças e com a camisa ainda desabotoada, analisando o jornal da manhã pelo monitor.

Parecia perfeitamente à vontade, Clarke notou com uma fisgada de satisfação e horror.

- O que está fazendo?

- Hein? — Lexa olhou para cima e esticou o braço para trás para abrir o AutoChef. — Preparando café para você.

- Preparando café para mim?

- Ouvi você se movimentando pelo apartamento. — Pegou as xícaras e as levou até o lugar em que ela estava, ainda encostada no portal. — Você não faz isso com muita frequência.

- Eu me movimentar pelo apartamento?

- Não. — Lexa riu e tocou os lábios dela com o seu. — Sorrir para mim. Simplesmente sorrir para mim.

Então ela estava sorrindo? Nem havia notado.

- Achei que você já tinha ido embora. — Dando a volta na pequena mesa, olhou para o monitor. Cotações da Bolsa, naturalmente. — Você deve ter se levantado cedo.

- Tinha umas ligações a fazer. — Lexa a observou, apreciando o jeito com que passava os dedos pelos cabelos úmidos. Um tique nervoso que a magnata tinha certeza de que ela mesma desconhecia. Pegou o tele-link portátil que colocara sobre a mesa e o colocou de volta no bolso. — Era uma conferência que estava marcada com o grupo da Estação Espacial para hoje, às cinco da manhã, pelo nosso horário.

- Ah... — Ela provou o líquido, perguntando-se como conseguira viver sem o sabor do café de verdade logo pela manhã. — Sei como essas reuniões eram importantes para você. Sinto muito.

- Conseguimos bater o martelo na maior parte dos detalhes. Posso resolver o resto por aqui mesmo.

- Você não vai voltar para lá?

- Não.

Clarke  se virou para o AutoChef, e dedilhou o teclado, vendo que o seu cardápio estava muito limitado.

- A maioria das coisas está acabando. Quer uma rosca, ou algo assim?

- Clarke . — Lexa  pousou a xícara de café e colocou as mãos sobre os ombros dela. — Por que não quer que eu saiba que você ficou feliz por eu não precisar mais viajar hoje?

- Bem, o seu álibi está de pé. Não é da minha conta se você... - Ela parou de falar quando Lexa a virou para encará-la. Ela estava com ar zangada.

Ela podia ver em seus olhos e se preparou para a briga que vinha. O que ela não esperava era o beijo, o modo com que a sua boca se fechou com firmeza sobre a dela, o jeito com que seu coração começou a bater mais devagar, sonhando dentro do peito dela.

Então, deixou que Lexa a segurasse, deixou que sua cabeça se aninhasse na curva de seu ombro e disse:

- Não sei como lidar com isso, Lexa  — murmurou. — Não tenho precedentes nessa área. Preciso de regras. Regras sólidas.

- Eu não sou um dos casos que você precisa resolver.

- Não sei o que você é. Só sei que tudo isso está indo rápido demais. Não deveria nem ter começado. Eu não deveria ter permitido que isso começasse.

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