Charles Monroe

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Boa leitura.

Espero que estejam curtindo!!!!

Até

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Não havia esperma. Clarke  xingou, olhando o relatório da autópsia. Se ela fizera sexo com o assassino, o
anticoncepcional da vítima matara os pequenos soldadinhos do sêmen por contato, eliminando todo traço deles em no máximo trinta minutos após a ejaculação.

A extensão dos ferimentos na pelve tornou os testes para atividades sexuais inconclusivos. Ele a partira ao meio, ou por simbolismo ou para sua própria proteção.

Sem esperma, sem sangue, a não ser o da vítima. Sem DNA.

A pesquisa do laboratório no local do assassinato não revelou digital alguma. Nem da vítima, nem da faxineira semanal, e certamente nem do assassino.

Todas as superfícies haviam sido meticulosamente limpas, incluindo a arma do crime.
Mais revelador do que tudo, porém, na opinião de Clarke , eram os discos da segurança. Mais uma vez, ela colocou as imagens da câmera do elevador para passar no seu monitor.

Os discos estavam com os dados iniciais intactos.

Complexo Gorham. Elevador A. Doze de fevereiro de 2058. Seis horas da manhã.

Clarke  foi passando as imagens rapidamente, observando o mostrador com as horas que giravam em disparada. As portas do elevador se abriram pela primeira vez ao meio-dia. Ela diminuiu a velocidade, jogou um beijo para o aparelho com a ponta dos dedos quando a imagem de alguém apareceu, e ficou estudando o homenzinho nervoso que entrou e pediu o quinto andar.

Alguém pulando a cerca, decidiu ela, se divertindo quando o viu enfiar um dedo desconfortável no colarinho para a seguir jogar uma bala de hortelã na boca. Provavelmente tinha mulher e dois filhos, além de um emprego burocrático que lhe permitia dar uma escapada durante uma hora uma vez por semana para uma rapidinha ao meio-dia.

Ele saltou do elevador no quinto andar.
A atividade esteve  bem leve  durante várias horas, com uma ocasional prostituta que descia até o saguão, algumas retornando com sacolas de compras e uma expressão entediada. Alguns clientes entravam e saíam. O movimento começou a aumentar a partir das oito da noite. Alguns moradores saíam, bem-vestidos e muito enfeitados, para jantar, enquanto outros chegavam para comparecer a seus encontros marcados.

Às dez, um casal muito elegante entrou no elevador ao mesmo tempo. A mulher permitiu que o homem abrisse seu casaco de peles, debaixo do qual ela não usava nada, a não ser um sapato com salto-agulha e a tatuagem de um botão de rosa entreaberto cuja haste começava na virilha e subia, com a flor artisticamente tocando o mamilo esquerdo. Ele a acariciava, um ato tecnicamente ilegal, pois eles estavam em uma área vigiada. Quando o elevador parou no décimo oitavo andar, a mulher fechou o casaco, e ambos saíram, conversando a respeito da peça que haviam acabado de assistir.

Clarke  fez uma anotação para interrogar o homem no dia seguinte. Ele era vizinho da vítima, e seu sócio.

A pequena falha na transmissão ocorreu precisamente à meia noite e cinco. A imagem piscou, quase imperceptivelmente, fazendo apenas um blip discreto, e voltou no segundo seguinte com o relógio marcando 02:46.
Duas horas e quarenta e um minutos perdidos.

No disco com a gravação do décimo oitavo andar acontecia o mesmo. Quase três horas apagadas. Clarke  pegou o café que já estava esfriando e pensou com cuidado a respeito daquilo. O homem entendia de segurança, avaliou, e tinha suficiente familiaridade com o prédio a ponto de saber onde e quando atuar para adulterar os discos. E ele não teve  pressa, pensou. A autópsia determinou que a morte ocorrera às duas da manhã.

In DeathOnde histórias criam vida. Descubra agora