Lexa olhou para os olhos dela, sentiu os tremores que ainda a abalavam e disse:
— Querida, você teve um pesadelo.
— Eu tive uma lembrança do passado.
Ela precisava ficar calma, tinha que ficar, para conseguir colocar tudo para fora. Tinha que ser calma e racional, precisava raciocinar como uma policial e não como uma mulher. Não como uma criança aterrorizada.
— Tudo estava tão claro, Lexa , que eu ainda consigo sentir dentro de mim. O quarto, onde ele me deixava trancada. Ele sempre me deixava trancada, para onde quer que me levasse. Uma vez eu tentei fugir, tentei escapar, e ele me pegou. Depois disso, ele sempre alugava quartos em andares altos e trancava a porta por fora. Nunca mais consegui sair. Acho que as pessoas nem sabiam que eu estava lá dentro — e tentou pigarrear para limpar a garganta. — Preciso de um pouco de água...
— Tome, beba isto aqui — e Lexa pegou o copo que Summerset deixara ao lado da cadeira.
— Não, isso é um calmante! Não quero tomar um calmante. — Inspirou devagar e expeliu o ar dos pulmões com força. — Não preciso de um tranquilizante.
— Tudo bem então. Deixe que eu pego água para você — colocando-a sentada ao lado, a morena percebeu a dúvida em seus olhos. — Apenas água, Clarke . Juro.
Aceitando a palavra dela, Clarke pegou o copo que Lexa trouxe e bebeu, sentindo-se grata. Quando Lexa se sentou sobre o braço da poltrona, ela olhou direto para a frente e continuou:
— Eu me lembro do quarto. Venho tendo partes deste sonho nas duas últimas semanas. Os detalhes estavam começando a ficar mais claros. Fui até me consultar com a doutora Mira — e olhou por cima do copo. — Não, eu não contei nada para você. Não consegui.
— Tudo bem — a magnata estava tentando aceitar aquilo. — Mas vai me contar agora.
— Tenho de contar. — Tomando fôlego, começou a trazer tudo de volta à sua mente, como faria com qualquer cena de crime. — Eu estava acordada naquele quarto, torcendo para que ele chegasse bêbado demais para tocar em mim, e foi então que ele Chegou. Já era tarde da noite.
Ela nem precisava fechar os olhos para ver tudo: o quarto sujo, o pisca-pisca da luz vermelha através das janelas imundas.
— Estava frio — murmurou ela. — Ele havia quebrado o controle da temperatura, e o quarto estava gelado. Dava para perceber pela minha respiração — e estremeceu em reação a esta imagem. — Só que eu estava com muita fome também. Consegui algo para comer. Ele jamais deixava muita coisa para se comer, por ali. Eu sentia fome o tempo todo. Estava tirando o mofo da casca de um pedaço de queijo no momento em que ele chegou.
Clarke sentiu a porta se abrindo, o medo, o barulho da faca caindo. Queria se levantar, andar de um lado para outro, para acalmar os nervos, mas não tinha certeza de que suas pernas estivessem firmes o bastante para suportar o peso do corpo.
— Consegui ver logo de cara que ele não estava bêbado o bastante. Dava para sentir. Eu me lembro bem do rosto dele agora. Tinha cabelos castanho-escuros e um rosto meio sem vida, devido à bebida. Talvez tivesse sido bonito um dia, mas a beleza de seu rosto se fora. Havia vasos arrebentados em seu rosto e em seus olhos. Tinha mãos grandes. Talvez eu achasse suas mãos grandes por ser muito pequena, mas o fato é que, para mim, elas pareciam terrivelmente grandes.
Lexa levou as próprias mãos até os ombros dela e começou a massageá-los para aliviar a tensão.
— Elas não podem mais machucá-la. Não podem nem sequer tocá-las agora.
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In Death
ActionCarke Griffin é tenente a mais de dez anos, e nunca viu nada igual a um caso que está investigando. Sabe que a própria sobrevivência depende de seus instintos. E apesar de todos os avisos para não se envolver com a bilionária Lexa, a paixão e sed...