Clarke ficou na frente da tela de segurança, diante do apartamento de Charles Monroe, e já se preparava para se anunciar quando a porta se abriu. Ele estava de smoking, com uma capa de casimira atirada de modo negligente sobre os ombros para contrabalançar a textura cremosa de uma echarpe de seda. Seu sorriso estava tão meticulosamente ajustado quanto a roupa.
- Tenente Griffin, como é agradável vê-la novamente. - Seus olhos, cheios de elogios que ela sabia que não merecia, analisavam-na de cima a baixo. - E que pena que eu esteja de saída.
- Não vou levar muito tempo. - Ela deu um passo para a frente e ele deu um passo para trás. - Algumas perguntas apenas, Monroe, aqui, de modo bem informal, ou formalmente, na Central de Polícia, na companhia de um representante seu, ou um advogado.
- Entendo. - Suas sobrancelhas bem delineadas se levantaram. - Pensei que tivéssemos superado essa fase. Muito bem, tenente, pode perguntar - Ele fechou a porta novamente. - Vamos ficar no informal,
- Onde estava na noite de anteontem, entre oito e dez da noite?
- Anteontem à noite? - Pegando uma pequena agenda no bolso, teclou alguns dados. - Ah, sim. Apanhei uma cliente às sete e meia para a apresentação das oito horas no Teatro Monumental. Estão fazendo a remontagem de uma peça de Ibsen, uma coisa depressiva. Sentamos na terceira fileira, no centro. A peça acabou pouco antes das onze, e degustamos um jantar tardio, que pedimos para ser entregue aqui mesmo. Fiquei envolvido com ela até as três da manhã. - O sorriso cintilou novamente enquanto ele guardava a agenda. - Isso me livra?
- Se a sua cliente confirmar tudo.
- Tenente, você está acabando comigo. - O sorriso se transformou em uma máscara de dor.
- Alguém está matando pessoas que têm a sua profissão - atirou ela de volta. - Nome e número, Monroe. - Clarke ficou aguardando, até que ele forneceu os dados, desolado. - Você conhecia uma mulher chamada Lola Starr?
- Lola, Lola Starr... não me soa familiar. - Pegou a agenda de novo, procurando na seção de endereços. - Aparentemente, não. Por quê?
- Você vai ouvir sobre ela nos noticiários da manhã - foi tudo o que Clarke lhe contou enquanto abria a porta novamente. - Até agora, foram só mulheres, Charles, mas se eu fosse você, teria muito cuidado ao aceitar clientes novos.
Com uma dor de cabeça martelando o cérebro, ela seguiu até o elevador. Sem conseguir resistir, deu uma olhada na direção da porta do apartamento de Sharon DeBlass, onde a luz vermelha do lacre de segurança da polícia estava piscando.
Precisava dormir, disse a si mesma. Precisava ir para casa e esvaziar a cabeça por uma hora. Mas estava teclando a sua identificação para destravar o lacre e entrar na casa de uma mulher morta.
Tudo estava em silêncio, e não havia ninguém. Ela não esperara outra coisa. De algum modo, tinha a esperança de que surgisse um clarão de intuição, mas tudo o que sentiu foi o pulsar constante em suas têmporas. Ignorando-o, entrou no quarto.
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In Death
ActionCarke Griffin é tenente a mais de dez anos, e nunca viu nada igual a um caso que está investigando. Sabe que a própria sobrevivência depende de seus instintos. E apesar de todos os avisos para não se envolver com a bilionária Lexa, a paixão e sed...