Uma exclusiva

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Boa leitura

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Clarke não perdeu tempo. Sua primeira providência quando chegou em sua sala na Central de Polícia foi entrar em contato com Costia Furst. O tele-link fez um zumbido e estalou ao acessar o canal galáctico. As manchas solares, a interferência de algum satélite ou simplesmente a idade avançada do equipamento fizeram com que a conexão demorasse vários minutos. Finalmente, uma imagem trepidou na tela, para afinal aparecer em foco.

Clarke teve o prazer de ver o rosto pálido e sonolento de Costia. Ela se esquecera da diferença de horário.

- Griffin. - A voz normalmente fluida de Costia estava arranhada e fraca. - Meu Deus, aqui ainda é de madrugada!

- Desculpe. Já está bem acordada, Costia?

- O suficiente para odiar você.

- Você tem recebido notícias da Terra aí em cima?

- Tenho andado meio ocupada. - Costia ajeitou o cabelo desarrumado e pegou um cigarro.

- Quando foi que você começou a fumar?

Contraindo o rosto, Costia puxou a primeira tragada e disse:

- Se vocês, policiais terrestres, viessem até aqui em cima, iam querer experimentar tabaco. Até um mata-rato como esse dá para comprar nesse buraco. E qualquer outra coisa dá para conseguir por aqui. É uma vergonha - e tragou mais fumaça. - Ficam três pessoas em cada cela, a maioria doidona, cheia de drogas químicas contrabandeadas. As instalações médicas se parecem com algo saído do século XX. Por aqui eles ainda estão costurando as pessoas com linha.

- E os presos ainda têm restrições para o acesso às transmissões em vídeo - completou Clarke .

- Imagine só tratar assassinos como se fossem criminosos. Estou morrendo de pena!

- Não se consegue nem mesmo uma refeição decente em toda a colônia - reclamou Costia. - Que diabos você quer comigo, a esta hora?

- Quero fazê-la sorrir, Costia. Em quanto tempo você pode terminar o que está fazendo e voltar para a Terra?

- Depende. - Enquanto começava a acordar de todo, os sentidos de Costia se aguçaram. - Você tem alguma coisa para mim?

- A promotora pública Cicely Towers foi assassinada há umas trinta horas. - Ignorando o grito de Costia, Clarke continuou, a toda velocidade. - Sua garganta foi cortada e seu corpo foi encontrado na calçada da Rua 144, entre a Nona e a Décima Avenidas.

- Cicely Towers. Por Deus! Estive com ela há uns dois meses, depois do caso DeBlass. Rua 144? - seu cérebro já estava trabalhando. - Foi assalto?

- Não. Ela ficou com as joias e todas as fichas de crédito. Um assaltante daquela região não teria deixado para trás nem os sapatos dela.

- Não. - Costia fechou os olhos por um instante. - Maldição! Ela era uma tremenda mulher. Você está encarregada do caso?

- Logo de cara.

- Tudo bem. - Costia soltou um longo suspiro. - Então, por que a encarregada da investigação do caso que vai ser o mais importante do país está me procurando?

- Por causa de uma peste que você conhece, Costia. Seu ilustre colega, Morse, está pegando no meu pé.

- Babaca - murmurou Costia, apagando a ponta do cigarro com golpes rápidos e repetidos. - Foi por isso que eu não soube de nada. Ele deve ter me bloqueado.

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