Três de seis

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Clarke  analisou, frustrada, o relatório da busca por algum cofre particular de Sharon DeBlass nos bancos da cidade.

Sem registro, sem registro, sem registro.

Nada em Nova York, nem em New Jersey ou Connecticut. Nada em Washington, nem na Virgínia.

Ela devia ter alugado algum espaço, em algum lugar, pensou.

Sharon mantinha diários, e os tinha enfiado em algum lugar onde pudesse acessá-los em segurança, e bem depressa.

Naqueles diários, Clarke  estava convencida, havia um motivo para assassinato.

Como não estava com vontade de mandar Whittle  fazer outra busca ainda mais ampla, ela mesma começou a pesquisar, iniciando com a Pensilvânia, depois indo para oeste e norte, até chegar ao Canadá e Quebec. Em pouco menos do dobro do tempo que Whittle  teria levado, ela encerrou a busca sem achar nada.

A seguir, indo para o sul, seguiu por Maryland, e foi descendo até a Flórida. O computador começou a fazer um barulho estranho enquanto trabalhava.

Clarke  deu um urro de advertência e chutou a torre. Jurou que ia enfrentar a complicação de requisitar uma máquina nova se aquela ali aguentasse pelo menos até o fim daquele caso.

Mais por teimosia do que por esperança, fez uma busca pelas regiões do interior do país, e já estava indo para os estados da Costa Oeste.

Você era muito esperta, Sharon, Clarke  pensava, enquanto os resultados negativos continuavam a aparecer. Mais esperta do que devia. Garanto que não ia guardar nada fora do país, nem fora do planeta, onde tudo teria que passar pela Alfândega, a cada viagem.

Para que ir tão longe, em algum lugar onde você precisasse de transporte especial ou documentos de viagem? Você ia querer acesso imediato.

Se a sua mãe sabia que você mantinha diários, talvez outras pessoas soubessem, também. E você se vangloriava disso porque gostava de deixar as pessoas desconfortáveis. E porque sabia que eles estavam muito bem escondidos.

Mas tinha que ser em algum lugar bem perto, droga, pensou Clarke , fechando os olhos para focar em sua mente a mulher que estava começando a conhecer tão bem. Bem perto, para poder sentir o poder, para usá-lo e brincar com as pessoas.

Mas não podia ser nenhum lugar tão fácil de achar que qualquer um pudesse rastrear, ter acesso ao material e estragar a brincadeira. Então, você usou um nome  falso. Alugou um cofre em um banco usando um outro nome, só para garantir. E, sendo esperta o suficiente para usar um nome diferente, escolheria um que fosse básico, que fosse familiar. Um que não fosse lhe dar muita dor de cabeça.

Era tão simples, Clarke  compreendeu, enquanto digitava no teclado o nome de Sharon Barrister. Tão simples que tanto ela quanto Whittle  tinham deixado passar.

Clarke  se deu bem na lista do Banco Brinkstone Internacional, em Newark, Newjersey.

Sharon Barrister tinha não apenas um cofre particular, mas também uma carteira de ações no valor de trezentos e vinte e seis mil dólares, e oitenta e cinco centavos.

Sorrindo para a tela, acionou sua ligação direta com o gabinete do promotor.

- Preciso de um mandado de segurança — anunciou.

Três horas depois, já estava de volta ao gabinete do Comandante Whitney, tentando não ranger os dentes.

- Ela tem outro cofre, em algum lugar — insistiu Clarke . — E os diários estão nele.

In DeathOnde histórias criam vida. Descubra agora