O dia seguinte não foi muito melhor. Eu, Hershel, Sasha e Glenn fazíamos o máximo para cuidar dos pacientes. Todos - fora o velhinho - estávamos com olhos vermelhos, soando que nem porcos, tocindo muito e cansados para caralho.
Sentia saudades dele. Do abraço dele. Do beijo dele. Do cheiro dele. Dele.
- Hershel, eu não estou me sentindo bem aqui. Preciso sair.
- Olha, Ann, acho que você não devia ir.
- Eu sei que não, mas estou preocupada com Daryl. Eles ainda não voltaram.
- É o Daryl, ele sabe se virar.
- Eu sei que sabe, Glenn. Mas não aguento mais levar tocida de sangue na cara, porra.
- Nenhum de nós aguenta, Annabeth. Mas, olha, ele vai voltar tudo bem? - veio me abraçar.
- Ficar de quarentena é uma merda.
- Olá - disse uma menininha aparecendo.
- Cruzes, daonde essa garota saiu? - perguntei.
- Eu sou Lizzie - estendeu a mãozinha.
- Annabeth.
- Você é muito linda.
- Obrigada - odiava crianças, dei um sorrisinho e fui para perto de Tasha.
O dia seguiu como os 2 últimos. Cuidando e limpando dos doentes, fumando, tomando um chá gostoso que uma senhora querida fazia. Quem morria levávamos para os fundos para atingir o cérebro (antes de se transformar).
🧟♀️💚
Mais a noite Daryl voltou, fiquei mais que aliviada com essa informação. Ele veio correndo até mim, mas ficamos de lados opostos da parede de vidro impenetrável.
- Fiquei preocupada - a primeira frase que falei assim que o vi.
- Eu também, não imagina o quanto - disse colocando as mãos no vidro, coloquei junto as dele, como se de alguma forma pudessemos nos tocar. - Você está péssima.
- Nossa obrigada - falei ironica.
- Mas continua sendo a mulher mais bonita que eu já vi. - sorri. - Espero que melhore logo.
- É, eu também. Eu acho que eu estaria bem melhor se eu pudesse tomar um sol lá fora. Nem que seja por 15 minutos.
- Já falou com o Hershel?
- Já. A real é que eu queria sair para te procurar.
- Que bom que não foi morena, quase morremos hoje. Vou sair de novo depois daqui - olhei para ele esperando que continuasse - Olha, não vou encher essa sua cabeça com problemas aqui de fora. Descansa e
- Não morre, já sei. - rimos.
- Quero te beijar. - soltou do nada.
- Quero que me beije - respondi me afastando do vidro - Até mais ver Daryl Dixon - fiz uma reverência com dois dedos e saí. Mas tinha certeza que ele ainda estava parado ali. Voltei para minha cela e dormi.
...
Acordei com o som de um tiro.
- Puta merda - levantei na cama procurando minha katana pelos lados, estava embaixo do colchão - Porra - exclamei ao ver Hershel quase sendo mordio. Usei a força que tinha para empurrar o zumbi longe e esfaqueá-lo. Aos poucos vi mais zumbis aparecendo. Lá em cima vi Lizzie chamando um zumbi, como se ele fosse gente. Como se ele estivesse vivo.
- Lizzie caralho - subi correndo, assim que cheguei próxima do andante empurrei ele contra a grade, ele acabou caindo numa tela de metal, que impedia os presos de se jogarem no chão do segundo andar de celas, ainda estava se mexendo.
- VOCÊ MATOU O HENRY - a garotinha loira gritou.
- ELE NÃO É UMA PESSOA CARALHO, É UM ZUMBI, QUE MORDE E MATA. - Hershel trancou a menina e um garotinho em uma cela. Eu fui tentando manter os doentes nas celas, mas muitos surtaram e ficaram vagando por aí - VOLTEM PARA A CELA PORRA.
Um tempo passou e conseguimos controlar a situação. Ouvi tiros, dessa vez vieram lá de fora. Meus primeiros pensamentos foram zumbis, só que daria tempo deles avisarem antes de começar a atirar. Olhei para Hershel.
- Vá ver, Annabeth - disse o senhor preocupado.
Coloquei a bandana vermelha como máscara (para não infectar ninguém) e saí pelos corredores. Olhei por uma janela minúscula. Uma das grades tinha caído, Carl e seu pai estavam atirando contra as dezenas de zumbis que insistiam em entrar por uma grade tombada.
Forcei para subir na janela alta, quebrá-la como deu e para pular para o outro lado. Caí no chão do outro lado, porém fiz o máximo de esforço para levantar, e matar os zumbis ao lado deles. Até que nós três acabamos com todos. Terminei me jogando no chão sem ar e suando frio, tinha feito muito esforço. Sem ver nem nada, só ouvindo, um carro se aproximava, Daryl e Ty estavam de volta.
- Mandamos bem, Ann - disse Carl se deitando ao meu lado.
- N-não f-fica p-perto - ele se afastou.
Daryl me viu no chão e veio correndo em minha direção.
- N-não - ele não ligou. - Se ficar doente por mim, eu te mato - ele riu. Me levantou no colo e levou de volta para "o corredor da morte bomba relógio", a enfermaria. Dormi.
🧟♀️💚
Acordei na manhã seguinte me sentindo melhor. Não estava com os olhos vermelhos, nem nenhuma dor.
- Bom diaa - saí cantarolando.
- Bom dia - disse Hershel me olhando desconfiado - Você não está com cara de doente.
- Obrigada?
- Vem aqui. Será que está curada? - ele sentiu minha temperatura. - Está se sentindo bem?
- Porra, melhor dia em 3. - ele riu.
- Bom, acho que está curada, Ann.
- E isso significa que eu posso sair daqui? - ele assentiu sorrindo. - EBA CARALHO. - juntei minhas coisinhas e saí, me despedi antes de Sasha e Glenn.
- Ann - virei para o velinho - Vou dar uma saída agora, dar uma volta ali por fora quer me acompanhar?
- Obrigada Hersh, mas acho que vou tomar um banho - ele assentiu sorrindo, o abracei - Obrigada.
Saí cantarolando pelos corredores da prisão e dando bom dia para as pessoas.
- BOM DIA MAGGIE RHEE - ela riu.
- Vejo que está melhorzinha.
- Estou mais que melhorzinha, ESTOU CURADA.
- ANN - disseram Carl e Alex ao mesmo tempo, os abracei.
- Então, o que tem rolado por aqui? - perguntei engulindo um pepino em conserva.
- Nada demais. Ontem você nos ajudou para caralho com a cerca - olhamos para o garoto.
- CARL.
- O que foi? Vocês falam isso o tempo todo.
- É mais eu posso, bobinho. - falei bagunçando seus cabelos.
De resto tomei um banho, vesti uma roupa limpa e confortável.Escovei os dentes, penteei o cabelo, me senti renovada.