Cada um tinha uma história antes do apocalipse chegar.
Uma vida.
Um trabalho.
Um sonho.
Comigo era diferente. Não tinha trabalhos, nem sonhos, nem objetivos. Só estava vivendo, bebendo, fumando e viajando para tentar apagar os traumas do meu passado.
Merle Dixon era o meu "chefe".
Eu vendia drogas em cassinos. Para velhos ricos. Ganhava muito dinheiro assim. Me fingia de burra e jogava qualquer cantada e o meu maior decote.
Eles caiam.
Homens.
Eu estava na Flórida, num cassino tema japão quando os zumbis invadiram. Vi milhares de pessoas sendo mordidas.
Minha primeira reação foi gritar.
A segunda foi subir no balcão de bebidas e arrancar da parede uma de duas katanas - que antes eram decoração.
Tirei os saltos, levantei a barra do meu vestido vermelho e saí correndo.
No estacionamento do lado de fora, eu podia ver diversos carros de luxo sujos de sangue. Peguei uma chave que caiu no chão, quando uma daquelas coisas se aproximou. Levantei a espada - meio pesadinha - e passei pelo pescoço. A cabeça saiu rolando, mas não parava de se mexer, então eu me assustei. Eles são imortais? Até que um garoto de uns 18 anos com uma espingarda atirou e disse:
- Cérebro, tem que acertar o cérebro - nem sabia quem era, queria agradecer, mas não tive tempo. Ele puxou minha mão e saímos correndo em direção a um carro.
🧟♀️❤
Ele - o estranho relativamente preparado e vestido para um apocalipse zumbi - pisou no acelerador e seguimos firmes até não sei aonde. Eu sou uma fodida mesmo. Entrei descalça, segurando uma katana num carro de um estranho.
Um estranho que me salvou.
Mas mesmo assim um estranho.
- Tá, posso saber seu nome pelo menos? - perguntei tentando puxar assunto.
- Alexander, mas pode me chamar de Alex. E você?
- Annabeth. Sabe o que está acontecendo? O que devemos fazer?
- Sei lá, uma infecção, um vírus, pode ser qualquer coisa. Tem alguém da família que queira procurar? - lembrei da minha infância conturbada.
- Ninguém, não tenho ninguém. E você?
- Vi minha avó ser mordida - diz triste desviando de um carro. - Era a única ... Sabe, mais cedo ou mais tarde eu sabia que isso ia acontecer.
- Perder sua vó?
- Não. Um apocalipse zumbi. Eu sou meio viciado - total nerd - nessas coisas. E pela minha experiência acho que devíamos primeiro estocar alimento, procurar armas e se esconder.
- Tudo bem, acho justo.
🧟♀️❤
Uma semana se passou.
Um mês.
Decidimos ir pra Atlanta, uma cidade na Georgia. Estado acima da Flórida.
Carregamos nossa moto - porque era impossível viajar de carro pelos engarrafamentos - com o máximo de gasolina e fomos.
Já eramos sobreviventes.
Eu e Alex.
Alex e eu.
Vivíamos escondidos por aí, procurando enlatados e tudo mais. Ele se tornou meu melhor amigo.
Chegando na avenida principal de atlant Atlanta, vimos um cara meio estranho, vestido de policial em cima de um cavalo.
- Acelera - sussurrei no ouvido dele, apertando sua cintura mais forte. Em tempos de crise não se pode confirmar em ninguém (muito menos em homens).
- EI EI - ouvimos o cara do cavalo gritar.
Ignoramos.