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Um dia se passou.
- Essa é a letra "A" - falei rindo da Baby Jud, que confundiu o número um, com a letra. Ela estava tão grande.
- Aaaa - falou rindo.
- Muito bem, pequena - estavamos deitadas na grama, eu observava as pessoas carregando carros com suas coisas, os salvadores viriam atrás de nós hoje a noite, disso eu tinha certeza.
- Olá - falou Mich se aproximando - Eu vim me despedir de vocês. - beijou a neném e me abraçou. - Vou trazer Rick de volta.
- Eu sei que vai ... E eu vou cuidar de Carlitos e Juddith Grimes.
- Eu sei que vai. - sorriu, sorri.
...
- O que está fazendo, otário? - perguntei rindo e atirando uma pelúcia em Carl. Ele estava no chão, escrevendo cartas. - Está escrevendo uma carta de amor para Enid?
- Não - riu - Vai entender um dia.
- Uuui, que misterioso ... Fiz Jud dormir. Podemos fazer algo, o que acha?
- Pôker com bolo de chocolate? - me olhou travesso (com seu único olho).
- Pôker com bolo de chocolate!
- Vai preparando os ingredientes. Já desço.
- Mandão - ele riu e eu desci.
Fiquei curiosa para saber o motivo das cartas misteriosas, mas relevei. A tarde foi em si divertida, preparamos o bolo, jogamos, tiramos muitas fotos com a Polaroid. Ganhei e perdi diversas vezes para ele durante as partidas de cartas.
Rimos muito.
Eu, ele e a bebê (depois que ela acordou) pintamos uma parede da casa com tinta azul. Nossas mãos decoravam o chão da varanda também.
Depois fizemos Judith dormir novamente.
Ele me abraçou e disse o quanto me amava, eu fiz o mesmo.
- Está estranho, garoto. - falei quando deitamos na grama, ele queria "achar coisas nas nuvens".
- O-o q-que? Por que diz isso?
- Todo amoroso - ele riu.
- Eu te amo, Annabeth.
- Você falou isso umas 20x hoje, maninho ... Mas eu amo você também.
🧟♀️🖤
Até agora, que era de noitinha, a cidade havia sido evacuada, bom, pela maioria das pessoas.
- O que está fazendo, Carlitos? - questionei vendo o garoto tentando abrir a tampa do bueiro, Mich passou do meu lado.
- Ajudando um viajante - ele não teve muito tempo para se explicar, um barulho foi ouvido.
Os salvadores chegaram ao portão.
- PORQUINHOS, PORQUINHOS, VOCÊS PERDERAM - era Negan - ABRAM O PORTÃO E ME DEIXEM ENTRAR. OU VOU JOGAR BOMBA EM VOCÊS.
- NÃO SABE QUE O LOBO MAL SEMPRE PERDE? - gritei já sem paciência.
- ANNABETH MEU AMOR, VENHA ABRIR PARA MIM.
- Se escondam, eu vou distrair eles - sussurrei, as pessoas que restaram se aproximavam logo atrás, também ouviram os gritos do dono da Lucille.
- Sem chance - retrucou o garoto. - Eu vou. Me deixem fazer isso.
- Espera - olhei para as pessoas - PLANO DE EVACUAÇÃO, JÁ - falei não alto o suficiente para os salvadores ouvirem. Muitos se encaminharam para o portão dos fundos como o combinado.
- Vem - disse Dixon - Temos que sair.
- Se ninguém responder, Negan vai saber que tem algo de errado, tenho que distrair ele.
- Eu vou. - olhei para Carl - Eu vou.
- UM MINUTO - berrou Negan se achando o divertido. Uns segundo se passaram, e pude ouvir Carl e o homem conversando. Discutindo.
Então lembrei de Judith. Ela estava dormindo. Ninguém a tirou de lá. Comecei a correr para nossa casa.
- O que está fazendo? - sussurrou Dixon.
- A Juddith está em casa - nós corremos juntos e tiramos a neném do berço. Não tínhamos mais tempo para sair pelos fundos.
- EI EI - gritou Tara, meio que sussurrando - Aqui.
Ela estava entrando em um bueiro.
Fomos logo atrás.
🧟♀️🖤
Ao entrar no boeiro, vi muitas pessoas. A maioria eram do nosso grupo de sempre - dos main characters, inclusive Rick Grimes (ele havia chego, não sei quando) - olhei para um rapaz árabe que jazia em uma maca improvisada. Não era o momento para perguntas. A bravinha começou a chorar.
- Shhhh - falei remexendo.
- Para mim - disse Dixon puxando para seu colo.
E eu consegui sorrir em meio a desgraça.
- Todos bem? - questionou Mich. A maioria assentiu.
- T-tenho algo p-para contar - disse Carl - N-não sei quanto mais vou viver - disse tossindo, o encarei confusa.
- O-o que e-está - ele me interrompeu.
- Fui mordido - levantou a camisa, lágrimas escorreram dos olhos de todos ali.
- C-carl - pensei na tarde que tivemos hoje.
- F-filho? - disse o xerife chorando. Daryl entregou a neném adormecida para uma moça e me abraçou por trás.
- Garoto - falou quando senti uma lágrima dele em meu ombro.
Ninguém conseguia falar mais de uma palavra. Era difícil demais para todos nós. O garotinho que eu vi crescer nessa merda de apocalipse. Meu irmãozinho de coração. Minha família. Seu fim estava próximo e todos ali sabíamos disso.
Carl revelou que foi mordido tentando salvar Sidiq - o rapaz árabe. Ele colocou as cartas na minha mão. Tinha para todos os integrantes da nossa família. Engoli o choro e o abracei. Me afastei deixando ele a sós com seu pai.
- Vai tudo ficar bem, morena - falou sentando no cimento do beco subterrâneo e me puxando para seu colo. Deitei a cabeça em seu peito.
- Não vai ficar tudo bem - retornei a chorar.
- Vai. Vai ficar tudo bem.
Não ia.
🧟♀️🖤
Não tinha mais barulho.
Não dos salvadores.
Não lá em cima.
Porque em baixo, nos túneis, ouvia-se fungados de choro.
Depois de horas de lágrimas, Carl estava ficando mais fraco. Se despediu de todos pela última vez.
Michonne e Rick o levaram apoiado para o andar de cima.