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Noah propôs que fossemos para West Virginia, aonde tinha um condomínio fechado e seguro. E então depois de enterrar Beth, um grupo seguiu para lá - Ty, Mich, Rick, Glenn, Noah e Alexander, para checar se estava em boas condições. Eu percebia que o último estava me evitando, mas não entendi o porque.
Tinhamos conseguido um par de walkie talkies de longa distância, então tinhamos comunicação com o grupo que foi. Carol cuidava do radinho.
Fiquei para cuidar das crianças Grimes e dar apoio para Maggie.
- Ann, pode ficar comigo hoje? - pediu o garoto.
- Claro, você e Jud vão dormir do meu ladinho. - ele sorriu de leve. - Segura ela rapidão, eu vou falar com Daryl. - me levantei e sentei no banco ao seu lado, ele puxou meus ombros para si, me abraçando de lado e dando um beijo reconfortante no topo da cabeça. Senti algo me molhar, olhei para seu rosto, e eram suas lágrimas. - O que foi, amor?
- E-eu, e-eu fiq-quei p-pensando se fosse você, você n-no l-lugar da B-beth - ele enterrou o rosto no meu pescoço, acareciei seu cabelo.
- Shhhh - eu sabia que ele estava se culpando - Não pense nisso. Não se culpe.
- N-não p-posso evitar.
- Já fazem 3 semanas - . Eu estou bem, você está bem. Vamos focar nisso, ta? - ele enxugou as lágrimas e assentiu. - Pode dormir comigo e com as crianças se quiser.
- Sabe que eu não vou conseguir dormir.
- Ah, vai sim, vai porque eu estou mandando - ele deu uma risadinha.
- Mulher, você vai me deixar louco - eu ri.
- Vamos vem - Carl estendeu um cobertor no chão, deitou na ponta, Jud entre nós dois e D atrás de mim na última ponta. O último agarrou minha cintura. Sabia que ele não ia dormir, estaria de alerta, mas achei importante ele descansar pelo menos um pouco.
No dia seguinte o grupo de buscas retornou, com Tyrensse morto no porta-malas. Ele era a pessoa mais doce que conheci nesse apocalipse.
🧟♀️💙
Cansados, sujos, mortos de fome, fedidos, sem energias, andando igual zumbis.
Todos estávamos assim.
A dias a deriva.
Sem comida, sem água.
- Não come isso porra - falei quando vi Daryl enfiar uma MINHOCA na boca. - Não vai me beijar. - ele veio correndo para tentar fazer isso - Sai para lá - resmunguei rindo enquanto ele tentava capturar minha boca.
- EI, ei - Rick Grimes - Energia, precisamos economizar energia. - todos os dias grupos saíam para procurar água e alimentos, mas nada. Voltamos a estrada. Uns exatos 10 metros atrás de nós, um bando de zumbis. - Estamos muito cansados, cuidaremos deles quando for melhor para nós.
- Rick - disse Mich chegando do meu outro lado - Não podemos continuar assim, temos que achar comida, banho, segurança.
- Nós vamos. Precisamos de um terreno alto com uma visão ampla - Jud começou a reclamar.
- Ela tá com fome - disse D segurando minha mão.
- Ela está bem, ela vai ficar bem - retrucou Rick.
- Precisamos achar água, pelo menos - falei - Faz acho que quatro dias desde que ninguém aqui bebe alguma coisa.
- Vou dar uma volta, ver se acho alguma coisa - disse Dixon me olhando.
- Tudo bem, só não demora muito.
- Beleza. - saiu vi que Carol foi atrás, não liguei muito. Puxei Judith para meu colo, para Rick descansar um pouco os braços.
- Obrigada, Ann - assenti.
- Mais cedo ou mais tarde teremos que cuidar dos cuzões que estão nos seguindo - falei me referindo aos zumbis.
- É, eu sei. Na próxima pontezinha que passarmos jogamos os zumbis dela, assim não precisamos fazer esforço.
- É uma boa ... Estou preocupada com a Sasha - ele me encarou - Perdeu o namorado, e depois o irmão. Ela está raivosa, e isso não é bom. Não para a saúde mental dela pelo menos.
- Fica tranquila, marco consulta com psicóloga para ela na quinta - eu ri.
- Idiota - dei um soquinho em seu ombro.
Assim como Rick havia dito minutos antes, acabamos com a pequena horda. Mas Sasha acabou com a formação, acabando também, com a força de todo o grupo.
Nos jogamos no chão para descansar. Judith estava nos braços do não mais pequeno Carl, o resto espalhado pelo asfalto quente. Alex veio parar ao meu lado esparramado no chão. Rimos de quando Abraham soltou um pum super alto, seguido de um arroto. Acendi meu último cigarro.
Dali a pouco apareceram cachorros. Bravos e famintos.
Venho bem a calhar.
Matamos.
Comemos.
E foi meio inevitavel me sentir um animal.
🧟♀️💙
Mais horas cansativas de estrada.
- Olha aquilo - disse Carl segurando a bebê apontando para um pacote de garrafas de água. "De um amigo" - dizia o bilhete.
- Foda-se - falei abrindo uma garrafa, ia virar na boca porém Alexander deu um tapa na garrafa antes que eu conseguisse - Qual é?
- Quem é amigo hoje em dia, Ann? Francamente. - falou puto, os outros olhavam nossa briga.
- EI CUZÃO QUE ESTÁ NOS SEGUINDO - falei olhando em volta - APARECE. - sem resposta.
- Pode ter veneno - disse Grimes.
- Que bom, aí eu morro logo - eles me encararam.
- Não fala assim, Ann - disse o xerife-júnior. Senti uma gota no meu ombro descoberto.
- A precipitação está para começar - falou Eugene. Vi que Daryl e Carol retornaram.
- Chuva? CHUVA - falei feliz, todos ficaram felizes. Abrindo a boca para tomar água, tirei meu casaco e blusa (continuei com o top preto) e fingi que estava em um banho, brinquei com Carl de pega-pega, nos espalhamos pelo asfalto, rolando e rindo.
Mas como tudo que é bom dura pouco, o caldo começou a engrossar.
- Vamos andando - disse o líder.
- Eu passei por um celeiro - disse Daryl gritando por entre os trovões que só aumentavam, fomos para lá.
Era pequeno, mas estava livre de zumbis. Bom o suficiente para aquele momento.
Coloquei minhas roupas molhadas sob o feno e me enrolei em um moletom que estava dentro da minha bolsa. Eugene fez uma fogueira com poucos ingredientes e sentei ao lado de Michonne - que estava com Judith no colo - Alex veio e sentou ao meu lado, sorri para ele. Daryl sentou a minha frente.
- Podemos ficar - falei me referindo ao celeirinho - Digo, até estarmos melhor. Além do mais alguém está observando a gente, e é bem perigoso ficar assim, sem amparo ou um abrigo.
Conversamos mais um pouco e fiquei com sono.
Deitei aonde tinha colocado minhas coisas, dali a pouco senti algo me cobrir, era a jaqueta - seca - dele. Quando ele ia levantar para sair, estiquei minha mão até alcançar a sua, o puxei para baixo, ele se deitou ao meu lado. Fiz carinho na sua barba - que era bem ralinha.
- Eu te amo - ele sussurrou.
- Eu te amo - sussurrei de volta, ele beijou minha testa. Dormi.
