Mas nós vamos sair assim? Sim. Sem mais nem menos? Sim. Foi burrisse não avisar o grupo? Sim. Ligamos para isso? Não.
O que importa é salvar a Beth.
Ouvi um barulho nos bancos traseiros do carro.
- Carol? - perguntei olhando pelo retrovisor.
- Ahn? Oi pessoal.
- O que está fazendo aqui? - eu ri.
- Eu acho que caí no sono aqui a trás - nos rimos. - Aonde estamos indo?
- Salvar Beth, ou pelo menos saber aonde ela pode estar. - ela olhou confusa, eu expliquei. Um tempo depois o carro acabou a gasolina, tivemos que seguir a pé.
- D, vou voltar. - falei já me virando.
- O que? Não pode fazer isso.
- Posso e vou. Eu quero achar Beth tanto quanto você, mas é burrisse sair assim, no meio da noite, ainda mais sem avisar o grupo nem nada. Podemos ir todos juntos. Seremos mais fortes assim.
- Ela tem razão, Daryl. - disse Carol. - Não estamos desistindo, estamos sendo racionais. - ele bufou.
- Mas estamos quase lá.
- Tudo bem - respondi - Com uma condição.
- O que é?
- Vamos até lá, vemos aonde o carro parou, e voltamos para pedir ajuda. Só nós três não damos conta, seja lá o que esses caras sejam.
- Tudo bem - resmugou esbarrando em mim, coloquei uma mão em seu peito.
- Sem essa de querer pagar de herói sem um plano Dixon - ele me encarou.
- Odeio quando acha que manda em mim - rosnou dando um leve sorriso no final.
- Eu mando em você. Vamos.
...
Poucos quilometros a frente, encontramos um carro, tinha gasolina e estava em ótimas condições. Seguimos com ele pelas ruas da cidade. Apontei para as luzes do carro a nossa frente.
- Rick deve estar pensando para onde a gente foi - falei dirigindo. - O tanque ta ficando vazio - falei olhando a marca vermelha ali.
- Resolvemos isso rapidinho, é só tirar eles da estrada. - disse Carol (que estava no banco de trás) se inclinando para frente. - Podemos fazer quem está dentro do carro falar. - disse ela.
- É, mas se não falar voltamos a estaca zero - retrucou Dixon botando a mão esquerda na minha perna direita. - Agora estamos tendo vantagem, se for um grupo veremos o que eles são capazes de fazer.
- Só espero que não seja um grupo igual o último que você encontro, Daryl D - ele me encarou.
- Já pedi desculpas por aquilo.
- E eu já falei que não foi culpa sua.
- Estão indo pro norte - disse C cortando nossa futura pequena briga - I 89. Acha que eles não nos viram?
- Acho que não, teriam feito algo, não é? - perguntei virando para trás, ela sorriu e então me virei pra frente. - Ai caralho, eles estão parando. - o carro parou e desligou - Faço o mesmo? - ele disse que sim. Sairam dois caras do carro, tiraram umas coisas que provavelmente estavam no caminho e tornaram a dirigir. Quando fui tentar ligar - O tanque secou - disse jogando a cabeça para trás.
- Eles devem estar na cidade algum lugar - disse D - A gente tem que ir, achar algum lugar para ficar até amanhã - assentimos. Levantei minha katana e saímos do carro.
- Conheço um lugar a uns quarteirões daqui - disse a grisalha - Podemos chegar lá.
🧟♀️💙
Daryl arrombou a porta do tal lugar da Carol. Todos entramos rapidamente e ela foi nos liderando por entre os corredores.
- Sabe - sussurrou D - Prefiro que esteja aqui comigo, do que sei lá, lá com eles e eu não saber se você está bem.
- É, eu também sinto isso. Todas as vezes que você saia para caçar sem mim, eu ficava desesperada.
- Por aqui - indicou Carol.
- Que lugar é esse? - parecia um escritório, porém todo revirado.
- Você trabalhava aqui ou algo assim? - perguntou ele.
- É, algo assim - respondeu dando de ombros. A mesa foi parar na porta como barreira, entramos em outra porta.
- Que lugar é esse?
- É um abrigo temporário - olhei para o livro que estava em cima da mesa "Tratando de sobreviventes de abuso na infância".
- Vieram para cá? - perguntei tirando a mochila pesada das costas.
- Sim, mas não ficamos. Eu durmo na cama de cima, podem ficar na de baixo. - ela disse um pouco envergonhada. - Podem dormir, eu vigio primeiro.
- Que isso Carol, fica tranquila. Estamos bem, o lugar está bem trancado.
- Eu sei.
- Então tá tudo bem - disse ele se sentando na cama.
- Eu vigio primeiro - falou convicta.
- Queria um banhozinho - falei quase chorando. - E comida, estou morrendo de fome.
- Eu posso ver se tem algo aqui - ele falou revirando a mala. Me entregou um pacote de jujubas, eu dividi com os três.
- Obrigada - ele me deu um selinho. Ele deitou na parte da parede da cama, se encolhendo para me deixar um grande espaço. Eu não pude evitar de pensar no livro. - C-carol, a-aquele livro...
- Sophia. Era para ela - senti lágrimas se formando. - Sabe, Ann, eu fui uma péssima mãe, e uma péssima amiga, principalmente com você, que me cuidou e ligou para mim. Eu fiquei brava p-porque nunca, nunca consegui protegê-la. Mas você sim. Me desculpa.
- Tá tudo bem, Carol - falei abraçando ela, nós duas olhávamos para a janela. - E-eu fui, você sabe, na infância. Meu pai Simon Brown. Fugi de casa com 12 anos. Nunca mais o vi, mas acho que eu seria uma mulher forte se tivesse uma mãe como você ao meu lado, minha mãe morreu de câncer no pulmão, por fumar. Você foi uma mãe incrível, não pode se culpar, a culpa é toda de Ed. - ela me apertou mais - Agora descansa tudo bem? Amanhã levantamos bem cedo.
- Tudo bem - subiu e deitou na parte de cima da beliche. Deitei ao lado de Daryl, ele me puxou para si. Deitei com a cabeça em seu peito.
- Eu amo você - sussurrou fazendo carinhos no meu cabelo.
- E eu você ... Sabe - analisei em voz baixa - Temos histórias de vida muito parecidas, pais cuzões, mães que morrem por cigarro, conhecíamos o Merle. E só - ele riu de leve.
- Tem razão - ele parou um pouco pensando - agora pouco você disse "eu seria uma mulher forte se tivesse uma mãe como você", amor, você é a mulher mais forte que eu conheço - disse olhando no fundo dos meus olhos. O beijei, mas não queria ser desrespeitosa com a Carol então paramos por ali.