⊱ Cidade Escavada, também conhecida como Corte dos Pesadelos, é um lugar perverso, o berço das pessoas mais desprezíveis da Corte Noturna, onde a escuridão dominava tudo. Apesar de ser um belo exemplo do inferno na terra, era a única coisa que Dem...
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O cheiro em uma mistura de bolor e fedor de morfo que tornava o ar úmido e frio era a única companhia de Demetria desde que foi jogada em uma cela, nas masmorras da montanha. Ela não sabia exatamente quanto tempo havia passado desde que... Seus olhos se fecharam fortemente, bloqueando a imagem de Lionel ensanguentado, engasgando com o próprio sangue caído no piso vermelho e terrivelmente frio. Ela apenas tinha uma breve ideia que provavelmente poucos dias haviam passado desde aquela maldita noite por culpa das sombras que se projetavam no chão imundo quando alguma criatura passavam em frente às fendas entre a porta e a parede, dos sussurros de vozes esganiçadas vindos de algum lugar que não deixavam de comentar brevemente sobre tudo que havia acontecido após Demetria ser jogada ali, como uma maldita coisa que deveria ser isolada de tudo e todos. A Dama dos Pesadelos trincou o maxilar, resquícios de seu poder ferveu em suas veias quando se lembrou das palavras da mulher que havia se autodeclarado como Grã-Rainha das Terras Feéricas de Prythian.
Demetria se encolheu ainda mais naquela imundície, abraçando suas pernas com força e enterrando o rosto ainda manchado de sangue, mas com todos os cortes cicatrizados, mesmo que ele permanecesse dolorido e o coração da fêmea sanguasse dentro de seu peito.
Foi enquanto tentava se afogar na inconsciência que o sentiu. Um suave afago feito de garras negras em suas barreiras mentais. Aquele breve carinho, tão delicado que parecia uma pluma, quase fez com que Demetria se desmanchasse em lágrimas. Ela se recusou a erguer sua cabeça e enfrentar aqueles olhos púrpuras salpicados de prata. Não queria enfrentar a pena que enxergaria neles. Não queria ter que olhar para um futuro que quase se concretizou, ter que aceitar que Lionel estava morto, que não passava de nada além de um brinquedo nas mãos mortais de Amarantha.
Novamente, aquele afago nas barreiras mentais feitas de sombras. De alguma maneira, a grã-feérica podia sentir o desespero que havia naquele ato, mesmo que a delicadeza permanecesse. Soltando lentamente o ar pela boca, o muro de sombras se dissolveu debaixo do toque daquelas garras.
"Querida" Uma pequena e simples palavra que carregava tanto sentimento, foi difícil impedir que as lágrimas caíssem quando novamente um afagar fantasma viajou por seus cabelos, um carinho de consolo de uma pessoa que estava sendo quebrada naquele exato momento por estar vendo-a naquele estado. Demetria não respondeu, enfiando ainda mais seu rosto entre os joelhos e esperando que tivesse sido o suficiente para fazê-lo entender, o que claramente não deu certo.
"Querida" Chamou-a novamente. "Querida, olhe para mim"
Ela não o fez.
"Querida, por favor" Um suplico, ele estava implorando. Facilmente poderia se ajoelhar aos pés de quem lhe prometer fazê-lo aquelas belas orbes em uma mistura harmoniosa de verde esmeralda com prata. Para ter uma chance de confortar sua parceira em meio àquele caos, ele, Rhysad, o Grão-Senhor mais poderoso que já existiu e que governa em uma das cortes mais cruéis de Phythian o faria. Se ajoelharia aos pés de quem for, apenas para dar o conforto que Demetria merecia.
