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Esconder-se nas sombras, mantendo os olhos e ouvidos atentos, buscando por informações valiosas que poderiam ser a salvação para aqueles que amava é uma forma de arte. Ludovik lhe ensinou esses pensamentos nas noites em que não havia estrelas no céu e precisava se misturar com as sombras como se fossem um único ser de uma forma que não estava acostumada a fazer, mesmo sendo uma caçadora. O feérico não lhe mostrou que há beleza naquilo que os espiões fazem, as cicatrizes espalhadas por seu corpo facilmente serviriam para desmenti-lo, porém deixou claro que poderia ter um motivo nobre por trás de suas mãos afundadas em sangue ou nas falsas verdades que espalhavam, visando incitar o caos.
O deslizar do pincel na tela agora não mais branca lhe trouxe lembranças, a fez lembrar dos motivos pelos quais se encontrava confortavelmente sentada em frente à um quadro, desfazendo e refazendo inúmeros cenários que sabia o quanto agradaria orbes esverdeadas salpicadas por ouro. Em uma bela mansão rodeada pelos espinhos das mais vermelha das rosas, Feyre se divertia secretamente em brincar com as mentes de todos que a rodeava.
Um campo esverdeado cercava uma pequena cabana, um mero salpicar de verde em cima do marrom mostrava que há musgo dominando as paredes do abrigo feito de madeira, dando indícios de abandono. Cada redemoinho de cores construindo pouco a pouco um estado de espírito alegre e de cura após os horrores que teceu, apenas tornando sua rede de mentiras cada vez mais e fazendo com a tarefa de descobri-la seja impossível. Na pintura, a primavera estava recebendo o que havia sido a casa de uma família perfeitamente quebrada e florescendo suas belas flores para que um novo amanhecer pudesse fazê-los esquecer as cicatrizes daquele casebre. Porém, a realidade não passava de uma mentira, algo que Feyre esteve construindo para consumir com fogo.
Aquela cabana não era um lar. A primavera não é acolhedora. E toda vez que seus olhos se fecham, ela está novamente em Hybern, assistindo suas irmãs serem forçadas a se tornarem feéricas, suas narinas enchendo-se do odor do sangue de Cassian. O pincel quebrou entre seus dedos.
Uma sessão de atos que já estava acostumada a realizar. Madeira, pincel e tinta são consumidos pelo fogo em um pensamento incompleto, as cinzas flutuaram ao serem guiados por um vento invocado e os resquícios se foram no momento que uma brisa do jardim rodeou toda a sala. Uma presença se aproximando, alertou sua mente. Então, rapidamente Feyre capturou mais um pincel entre os dedos e o mergulhou na mistura mais próxima de tinta, focando em uma bela atuação para aparecer perdida na pintura.
O cessar de passos lhe fez olhar por cima do ombro daquela forma vagarosa que visava deixar claro que afastar sua atenção da pintura fosse um verdadeiro esforço. Porém, não demorou para que desprezo manchasse suas feições no instante que deparou com o macho encostado no batente da porta com um sorriso claramente provocativo.
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Corte dos Pesadelos
Fanfiction⊱ Cidade Escavada, também conhecida como Corte dos Pesadelos, é um lugar perverso, o berço das pessoas mais desprezíveis da Corte Noturna, onde a escuridão dominava tudo. Apesar de ser um belo exemplo do inferno na terra, era a única coisa que Dem...