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Lionel nunca deixava de não se impressionar com a inteligência e sagacidade daquela mulher. Há poucas horas, aquela que considerava família finalmente conquistou seu principal objetivo ao tomar aquela cidade para si, através de um golpe político muito bem realizado e em vez de comemorar com seus aliados que aproveitavam a pequena vitória na companhia das bebidas que roubaram das adegas dos nobres e do próprio Keir, Demetria estava planejando. Moldando seus próximos passos de forma silenciosa com ajuda de um bom vinho e um tabuleiro de xadrez.
Ele não sabia exatamente quanto tempo estava ali. Apenas analisando os movimentos lentos e cuidadosos que a mulher feérica fazia ao deslocar as peças feitas de quartzo pelo tabuleiro de madeira em direção às cinco peças de obsidiana, as únicas que foram depositadas na madeira para representar o time inimigo. E, bom, Lionel sabia muito bem quem eram as pessoas simbolizadas naquela tábua quadricular e temia o que quer que seja o plano que, em breve, seria colocado em prática. Que o Grão-senhor e seu Círculo íntimo aproveitassem muito bem seus últimos momentos de paz, pois Demetria estava muito próxima de transformar a vida deles no mais completo inferno que existe.
— Ás vezes, tenho medo de você.
— Soltou, atraindo as orbes esverdeadas até si. Demetria franziu o cenho por um segundo, parecendo se dar conta da presença de Lionel apenas naquele exato momento. Ela se distanciou do tabuleiro com uma peça branca em mãos, colando suas costas no acolchoado da poltrona que, um dia, já pertenceu a Keir.— Medo?— Questionou com um sorriso, achando graça das palavras proferidas pela única pessoa que confia plenamente.— Posso perguntar o motivo?
— O jeito que planeja cada passo.
— Apontou para o tabuleiro entre eles. Demetria inclinou sua cabeça, deixando com que alguns de seus fios castanhos caíssem em seu rosto sardento, certamente ainda não compreendendo o que havia por trás das palavras de Lionel.— Nunca fazendo apenas um plano com um único objetivo. Sempre incluindo todas as pessoas que vai manipular, informações que ainda nem conseguiu.Uma risada escapou pelos lábios carnudos e pequenos impedindo que o homem continuasse a falar. A mulher afastou os fios caídos na sua face com o dedo indicador, mantendo um sorriso zombeteiro.
— Ora, mas não é assim que se faz um plano?— Fez uma pergunta retórica.— Pontuar o que é necessário fazer para evitar um futuro problema, incluir cada pessoa que será necessária e ainda pensar nas ações que o inimigo pode fazer. Todos os planos feitos em torno de Prythian foram feitos assim, não entendo o motivo pelo qual sente medo ao me fazer fazendo a mesma coisa.
Foi a vez de Lionel balançar a cabeça. Ele mirou seus olhos castanho-escuros nas feições falsamente inocentes de sua amiga.
— Não está mentindo ao dizer que planos assim foram feitos em Prythian, mas se enganou ao dizer que todos eles foram feitos com o mesmo propósito.— O ex-espião suspirou, esfregando seus dedos na testa para afastar as memórias que costumam aparecer em seus piores pesadelos.
— Lionel, não fale comigo através de charadas.— Ela resmungou, começando a se irritar com aquela conversa sem sentido nenhum, em sua opinião. Revirando os olhos, enquanto levantava e se direcionada até a porta sob o olhar atento da mulher.
— Apenas, estou dizendo que esses planos — Novamente, apontou para o tabuleiro e em seguida, para Demetria.— foram feitos com um único propósito: Guerra. Então, realmente espero que saiba o que está fazendo, Demi.
E foi-se. Atravessando a porta, deixando-a ali sozinha, enquanto o mesmo cruzava os corredores em direção ao cômodo que em breve tornaria seu.
Rhysand sabia que aquele dia iria ser uma bela merda quando abriu os olhos naquela manhã e já recebeu a notícia que Mor havia sido impedida de colocar os pés da Cidade Escavada.
Primeiramente, realmente cogitou em ir pessoalmente até aquele lugar maldito, apenas para enfiar um pouco de noção na cabeça oca do homem que simplesmente odiava pensar que dividia parte de seu sangue. Realmente, fazia um bom tempo que colocava uma de suas inúmeras máscaras e humilhava Keir, apenas para mantê-lo sob o controle. Porém, rapidamente notou que deveria haver algo além. Por isso, rapidamente vestiu-se e foi diretamente até Casa do Vento.— Finalmente.— Foi recebido pelo suspiro de alívio da sua prima que se encontrava estonteante, como sempre. Usando um vestido vermelho e saltos prateados, Mor parecia completamente pronta para destruir corações e bom, fazer um certo guerreiro illyriano se apaixonar ainda mais por ela.
— Você demorou.— Amren soltou ao vê-lo, uma taça em mãos e as típicas feições miúdas cheias de desprezo, sentada no sofá.
— Olá, Rhysand. Como passou sua noite? Já comeu algo?— O Grão-Senhor retrucou, imitando os trejeitos da prima que apenas revirou os olhos.— Oh, sim, Mor, muito obrigado pela sua gentileza.
— Respondeu a si próprio, provocante.Mas, ao contrário que pensava, ela não retrucou sua provocação. Se manteve quieta e com uma feição séria que significava problemas, e daqueles que lhe daria dores de cabeça por um século inteiro.
— Não há espaços para brincadeiras agora, Rhys.—
Ela proferiu, cruzando os braços, se encolhendo minimamente.— O que aconteceu? Onde está Cassian e Azriel?— Ele perguntou para as duas mulheres, sua voz assumindo um tom sério.
Amren trocou olhares com Mor, antes de dizer as palavras que acabariam mudando aquela corte inteira por completo.
— Morrigan foi até a Cidade Escavada e bloquearam sua entrada, mas você já sabe disso.— Contou, sua mão capturando um pedaço de papel dobrado que estava ao seu lado no sofá. Uma carta que tinha o selo da Corte dos Pesadelos.— Mas o que não sabe é que a Cidade Escavada foi tomada. Completamente.
— Tomada?— Rhys perguntou, incrédulo. Afinal, como diabos um dos lugares mais perigosos de Prythian foi tomado?— Como?
Mor suspirou, mordendo os lábios pintados de vermelho-sangue em um ato feito por puro nervosismo.
— Bom, foi isso que Azriel e Cassian foram descobrir.— Ela se jogou ao lado de Amren no sofá.— Mas, pelo que diz na carta, foi uma espécie de revolta. Keir e todos os guardas que se opuseram foram presos nos calabouços a mando de uma mulher que chamam de Dama dos Pesadelos.
— Dama dos Pesadelos?
— Sim, já ouviu esse apelido?— Questionou a loira, esperançosa mas seu primo simplesmente balançou a cabeça, negando.
— Não, mas já tenho certeza de seu significado.
— E qual é?— Murmurou Amren, interessada na resposta do Grão-senhor que lentamente sorriu, os olhos roxos com manchas prateadas cintilando.
— Problemas. E dos mais perigosos, pelo que estou vendo.
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Corte dos Pesadelos
Fanfiction⊱ Cidade Escavada, também conhecida como Corte dos Pesadelos, é um lugar perverso, o berço das pessoas mais desprezíveis da Corte Noturna, onde a escuridão dominava tudo. Apesar de ser um belo exemplo do inferno na terra, era a única coisa que Dem...