⊱ Cidade Escavada, também conhecida como Corte dos Pesadelos, é um lugar perverso, o berço das pessoas mais desprezíveis da Corte Noturna, onde a escuridão dominava tudo. Apesar de ser um belo exemplo do inferno na terra, era a única coisa que Dem...
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Seus dedos dedilharam a madeira lisa e escura da sua penteadeira, até o frio vindo da maçaneta encontrar-se com sua pele, não hesitando em agarrar o metal e puxá-lo, sentindo sua magia ondular para enfim quebrar a proteção que ela mesma pôs naquela gaveta, buscando impedir que curiosos tocassem no que era precioso para si. Os olhos esverdeados fitaram o pequeno baú por meros segundos antes de agarrá-lo, trazendo-o para seu colo e rapidamente o abrindo.
Ela respirou, erguendo uma mão e sorrindo suavemente para o anel que havia ao redor de seu dedo. Algo simples foi o que exigiu para Rhysand após a verificação do laço e simples foi o que ele lhe deu. O anel possuía uma meia-lua e inúmeras estrelas entalhados, diamantes foram colocados em cada entorno. E era única coisa que a fazia acreditar que tudo aquilo não era um mero sonho criado pelos desejos que se refugiaram no fundo de seu coração e ali foram esquecidos.
Já haviam semanas desde o momento que o título de Grã-Senhora lhe foi dado e um mês já acabou, dando início a outro e determinando que o outono estava prestes a alcançar seu fim. Semanas que Rhys esteve fugindo de sua Corte dos Sonhos para se refugiar nos lençóis daquela que amava e que ninguém possuía noção que a Dama dos Pesadelos tinha poder por todo território da Corte Noturna. Semanas que Demetria se ocupava em garantir o conforto das poucas sacerdotisas que escolheram a Corte dos Pesadelos para ser seu refúgio.
A fêmea abriu de forma breve, retirando o anel do seu dedo e o colocando próximo daquele que tomou para si quando enfrentou uma das entidades mais terríveis de Prythian.
─ Está retirando seu anel?─ Uma voz rouca atraiu sua atenção para a cama, analisando rapidamente o macho que possuía asas membranosas em sua costas lhe encarando com aquelas orbes púrpuras preenchidas por estrelas. A Dama piscou, seu sorriso desapareceu e o cintilar dos olhos esverdeados se tornou cinzento por meros instantes.
─ Kirk e Jolly me entregaram essa caixa, sabia?─ Ela levantou-se, afastando a caixa de si antes de caminhar na direção do macho que sorriu, gatuno. Rhysand agarrou a cintura da fêmea e a puxou para perto de si, assim que ela se aproximou da beirada da cama.
─ Conte-me mais.─ Ronronou, erguendo o rosto para fitar aqueles olhos verdes tão encantadores. Demetria riu, sinos tilitaram e o mundo lhe pareceu mais belo. Os lábios rosados se aproximaram da pele bronzeada do macho e antes que pudesse depositar um beijo casto nele, Demetria não era ela mesma.
O dourado naqueles fios avermelhados se destacou sob a luzes quando a mesma se inclinou, juntando seus lábios manchados pelo vermelho com os lábios sensuais do macho e suas mãos escorregaram pela pele do mesmo. E por um momento, os olhos negros miraram a fêmea parada próxima a cama, os olhos esverdeados respingados de prata preenchidos pelo choque e corpo completamente congelado, apenas assistindo o que tanto lhe atormentou durante cinquenta anos. Amarantha riu diante do desespero e os dedos adentraram nos fios escuros de Rhys, os puxando para ainda mais próximo de seu rosto enquanto sussurava para Demetria, com a frieza cruel de mil anos:
