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Com cabelos trançados em sua cabeça tomando a forma de uma coroa digna de uma rainha, Nestha Archeron parecia ainda mais mordaz do que era quando humana. E isso não se tratava apenas de sua beleza, era muito além. Então a observando com cuidado durante o banquete posto em uma longa mesa de mármore, enfeitada por pequenas jóias que distribuíam suas cores vibrantes pelo salão inteiro conforme as luzes solares lhes atingiam. O espetáculo cuidadosamente pensado era digno de apelidos e aqueles olhares dominados por um fascínio genuíno vindos da mulher agora feérica, Elain Archeron.

É a primeira refeição que compartilhava com as irmãs Archeron desde toda a batalha que ocorrera em Hybern e a tensão silenciosa dançava pela mesa, sendo fortemente ignorada por Helion que se perdia aos poucos ao ingerir enormes quantidades de vinho, apenas buscando pelo motivo ideal para se refugiar nos lençóis macios de sua cama, após deixar Demetria lidando com as recém-feéricas.

Encolhendo os ombros e tendo uma feição distraída no rosto, Elain espetou um pedaço de carne, analisando-o por um breve momento, antes de descartá-lo no prato junto ao talher. Nestha olhou para a irmã, parecendo silenciosamente lhe repreender pela atitude. Não escapara nos olhos de Demetria que a Archeron cujos cabelos são castanhos apresentava uma imagem perigosamente magra, como se não tivesse ingerido alguma comida desde que pisara na Corte Diurna. Algo na sua figura a fez lembrar de si mesma e isso fez com que distanciasse as mãos do próprio prato, enrolando os dedos em torno do tecido sedoso de seu vestido.

─ A Corte Noturna nos espera, então, iremos até ela quando o sol nascer.─ Diz, sem sequer hesitar quando ergueu o queixo, encarando a irmã mais velha.

Como esperava, ela a enfrentaria, um espírito indomável igual ao de Nestha não se manteria quieto.

─ Acredito que, em sua visão, sejamos uma bagagem, sem alguma opinião para expressar.─ Dispara, os ombros retos e a típica arrogância aristocrata rondando seu olhar.─ Por que não podemos ficar aqui? Devemos ir para Corte Noturna, por quê?

Demetria respirou ruidosamente, não havia sido proposital o tédio explícito em suas feições, porém, adormecer estava se tornando uma tarefa árdua, tanto por estar pensando na reação de seu parceiro, em como deveria estar sempre atenta, caso quisesse mantê-lo longe através do laço, quieto para que Rhys não pudesse saber seu paradeiro, apesar de suas preocupações estarem lhe atingindo ao ponto de deixá-la com os olhos abertos durante a noite toda.

Estar presa em uma cela trouxe algo que  desejava esquecer, lhe fez lembrar dos cinquenta anos passados dentro de uma montanha fria e cruel. Sua magia ainda não tinha se acalmado por total, agitando-se em seu âmago, rastejando por debaixo de sua pele quase como se estivesse obedecendo um chamado de algo desconhecido, essa sensação também estava lhe deixando acordada e buscando por uma resposta por uma pergunta que sequer sabia qual era.

Corte dos PesadelosOnde histórias criam vida. Descubra agora