3

95 27 237
                                    

Um salve ao hugomiranha que fez esse selo mais massa e para o acotarproject  que possibilitou o presente.

Coberta em lágrimas e suor a descabelada deixa o porta-malas, tenho coisas para dizer e porrada pra distribuir, mas vou esperar, pacientemente, o pedido de desculpas que eu e Aretha merecemos. 

Quando Vi começa a falar Aretha entra no carro e volta com um baseado, dividimos e finjo prestar atenção à Vi, mas me pergunto porque a mais velha aqui guarda segredo sobre fumar.

A Ati adoraria puxar um beck com a filha estudante de medicina, se fosse X9 te entregava, mas não sou. Toda médica tem cigarro de maconha no kit de primeiros socorros ou só minha mãe, mais importante, se o pai souber teria um chilique? 

A mãe é do caralho, até sofrendo me protegeu impedindo que eu escolhesse um lado.

Uma hora depois Vi ainda está se lamuriando e Aretha faz o possível para ser simpática, não posso me meter, esse, como Ati explicou, é um momento de protagonismo feminino, por quê? Porque não pediram minha opinião, simples assim.

Minha irmã mais nova vive seu eterno problema com a aparência. Não importa que tenha um corpo bonito e simpáticas sardas no rosto porque queria ser linda como Aretha ou perfeita como nossa mãe.

Sei que a adolescência é uma merda, tá brincando? tô nessa droga de cidade porque ainda sou menor, claro que a adolescência é uma droga, mas não precisa piorar a situação. Por que pirar com a aparência se fomos educados a ser mais do que embalagem? Entre o drama e a novela mexicana ouço o pedido de desculpas pelo qual esperava e pela cara de Aretha era nossa deixa pra vazar.

Chegamos ao flat e mal fecho a porta Aretha cola Vi na parede comprimindo seu o pescoço com o braço, fico sem ação, o golpe é assinatura da mãe. O que foi, porra, cê me rouba o coturno e tá se sentindo?

- Agora que você tá calma e desabafou vou te dar a real – começa e permaneço congelado - a Ati Furquim é nossa mãe, se algum dia, mesmo que seja daqui cem anos, cê fizer minha mãe chorar, como fez hoje, eu te mato, não tô falando em te cobrir de porrada, tô falando em te apagar e entregar o corpo pra faculdade de medicina! - Vi tenta se soltar - E não acha que não saquei que cê tá com medo do pai mudar com você, quero arrependimento de verdade, desgraçada! - solta Vi e vai para o banheiro. Ouço os coturnos serem jogados no piso.

Novo respeito pela Aretha, respeito e medo, dá pra ter os dois, certo?

Comemos qualquer coisa e vamos pra cama, cada uma de um lado e não fossem as duas lindas mulheres minhas irmãs seria um homem feliz, mas não sou, a bem da verdade nem minha punheta da meia-noite pude bater. 

Pego no sono enquanto as duas se apoiam no meu peito e discutem um plano infalível para dominar o mundo ou fazer minha mãe desculpar a Vi, não tenho certeza.

Minha única preocupação antes de relaxar e dormir é entregar a bendita rover em segurança e nunca deixá-la saber, sequer sonhar, que pegamos seu carro sem permissão, caso contrário não tem vara da infância, abrigo legal ou qualquer subterfúgio. 

Que Deus nos proteja. Dormi mal, sonhei com a mamãe sentindo uma dor que eu não poderia curar, maldita Vi. Na outra parte da noite sonhei com o final da minha festa de 15 anos, lembro como se fosse hoje...

"- Tô ligada que é um ritual masculino dos Furquim e você é o único que pode fazer isso, mas você vai num lugar com mulheres maiores, que tão lá porque querem, cê não me volta com o menino com herpes ou outra porra que eu te mato! - falava como se não estivesse esmagando o pescoço do tio contra a parede.

FredOnde histórias criam vida. Descubra agora