77 - O fim de alguma coisa

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- Devagar – o desgraçado diz quando pulo o sofá - Você é o Frederico, certo? Nem precisava de foto, você é a cópia do Thomas. Eu disse devagar. - reclama quando dou mais um passo.

O desgraçado vai andando para o lado, seu antebraço firme no pescoço na minha mana, a Vi é boa, não fosse essa arma na cabeça dela esse desgraçado já estaria no chão. Covarde.

- E se trocássemos? - pergunto exibindo as mãos vazias e agora sujas do sangue do Aldo – você deixa ela ir e eu te acompanho?

- Não, prefiro a ruiva bonita – o sujeito responde tranquilo e continua se movimentando, alguns passos e já teremos dado uma volta completa. - Nos avisaram que vocês dariam trabalho, mas não levamos à sério – com o queixo ele aponta para os homens no chão. - não vai acontecer de novo.

- Ainda não é tarde – Vi diz com a voz trêmula – vocês podem ir embora e nós podemos esquecer o que aconteceu.

Ele ri, não treme ou parece nervoso, a frieza nos olhos do desgraçado me dão certeza de que ameaçar a vida de alguém é atividade diária. Ele encosta o nariz nos fios ruivos crespos da Vi e meu sangue fica frio, esse desgraçado não tem ideia do que eu vou fazer com ele.

- Cheiro de fruta? - pergunta e olha para mim – Acho que eu gosto.

- Ou você solta minha irmã ou arranco sua pele contigo vivo!

- Não, arranca não, mas você também vem com a gente. Ei, pára de descansar. - o encapuzado chuta o companheiro que luta para sentar. Não sei se foi Aldo ou Rui, mas a bala na perna nos deixa ver até o osso. Bem feito. - o que você acha? - ele indica minha irmã e a mim. - Não é o prêmio que a gente veio buscar, mas tem valor.

Entendendo que o prêmio é minha mãe eu dou um passo na direção no homem, mas ele recua e ela arregala os olhos, mais medo do que consigo ver em alguém que amo, o desgraçado põe mais força e o cano da arma machuca a cabeça dela.

- Eles são o suficiente – o sujeito ferido diz enquanto se põe de pé aos poucos, agarrando-se no sofá aos pedaços.

- Escutem a menina! - o Rui fala e só agora noto que tem o pé torcido, provavelmente esmagado pelo sofá quando empurraram. - vocês não vão longe.

O cara que eu derrubei geme com os braços quebrados e não sei como não apagou de dor. Os outros dois se encaram enquanto Rui continua falando e falando, chamando atenção, eu diria que não adianta, mas acho que entendo, o ex-presidente quer ganhar tempo, sabe meus pais chegarão, a polícia vai vir e esses desgraçados serão presos. Decido ajudá-lo.

- Você solta minha irmã, pega seus amigos e vai embora! Se saírem agora, se nos deixarem em paz podemos esquecer tudo, mas se vocês estiverem aqui quando minha mãe chegar eu não garanto.

- Ela não vai chegar, a gente pode ter se enganado com vocês, mas não com ela.

- Seu desgraçado! - Vi dá cotoveladas na barriga dele, mas não consegue se soltar, vou para cima, mas o outro aponta minha arma para mim. Merda, como eu não vi que minha pistola estava perto dele.

- Vocês foram atrás da Furquim?! - Rui afirma mais do que pergunta.

- E da doutorazinha. - o outro completa.

- O Thomas não pode estar três lugares ao mesmo tempo, pode? - o filho dos infernos informa e beija os cabelos da minha irmã.

Meu coração dá pulos, minha mãe e irmã estão sozinhas e meu pai...

Eu queria acabar com a brincadeira e sair correndo atrás das duas, com a Vi ao meu lado, mas não é uma brincadeira, é? Tem um sociopata com o dedo no gatilho e a arma na cabeça da mana, se fosse comigo doeria menos. 

FredOnde histórias criam vida. Descubra agora