1 - Odeio Brasília - parte II

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- Per favore papà, ce sono persone che ci guardano! Lo risolvo! (1)- quando finalmente atende meu clamor o moleque tá ainda mais branco, mas ao invés de correr piora a situação.

- Quem era aquela? - What? é oficial, hoje é um dia de merda, mano! Consigo separar meu pai do fulano e Vi brota da terra pronta para matar o Felipe. Minha irmã tem um instinto de defesa de louco.

- O que caralho tá acontecendo? - olho para trás e Aretha tá com ela. Claro que sim. A rainha da perfeição não pode descolar um segundo da gente.

- Nada, o pai já tá indo – seguro-o e o idiota do Felipe sai falando uma quantidade enorme de motivos para ficar debaixo do meu coturno.

Deixo Aretha controlar meu pai, puxo pela Vi e antes de chegar à sala já consegui explicar a situação. Para minha chateação o circo tá montado e sou o assunto da turma. Ótimo, além de idiota o cara é falastrão. Sério meu?

A aula começa e não consigo me concentrar, revejo meu pai vai vazando do carro e levantando o moleque como se fosse de papel. O pai é uma incógnita, não consigo ler seus gestos e nunca entrega o que pensa, diferente da mãe que é, para mim, um livro aberto.

Se tivesse ela me deixado teria sido mais fácil, iria flertar ou zoar com o moleque quando ele percebesse que a "gostosa" é ela. Dava pra saber a quilômetros qual seria sua reação. 

Precisava todo esse surto? Ele só falou que ela é gostosa, tudo que eu precisava fazer era dizer que a mulher de lindos olhos era minha mãe e esse ao lado meu pai, o Felipe morreria de vergonha, calaria a boca e pronto, mas não, o pai tinha que me dar de macho alfa e me amassar o neto do ministro no carro!

- Hei!

- Hei! – digo retirando o fone da Vi e colocando no meu ouvindo, dividimos o gosto musical também, sento-me ao seu lado curtindo o cheiro bom de mel. Aretha e Vi cuidam dos cabelos com produtos naturais, tem dia que parecem que estão hidratando os cabelos com uma salada de frutas, mas quem sou eu pra falar alguma coisa?

- Você é a sensação da escola.

- Ótimo! Mais uma razão pra acordar e colocar esse uniforme idiota – tomo a água das mãos dela – o que tão dizendo?

- Mentiras que é melhor cê não saber - ela diz.

- Você desfez o mal entendido?

- Não! - olho com cara de interrogação – primeiro que ninguém tem nada com isso, segundo que te faz parecer estranho, vai manter as pessoas longe.

Não respondo, mas a ideia é boa, se é pra manter essa desgraça de gente rica e nojenta longe de mim tudo bem. Melhor.

- Mas a gente vai ter que impedir a mãe de vir aqui – ela fala.

- Tá massa, logo vazamos. Você acha que o garoto vai me criar problema para o pai? - pergunto percebendo que esvaziei a garrafa d'água dela – tava esbravejando que iria falar com o avô, o pai e não sei o quê e ia processar e não sei mais o quê e a direção do colégio...

- Quem é esse garoto? - perco uns minutos explicando de quem se trata e Vi ouve interessada, claramente matutando alguma coisa.

O intervalo acaba e sou obrigada a abandonar o cheiro familiar da minha irmã para suportar uma aula de educação física cheia de branquelos, magrelos e fedidos, sério, pra quê perfume tão forte? Tá, também sou branquelo, mas sou bonito e cheiroso, fuck, I am hot (2)! 

Olho para os colegas, até as minas de Brasília são desinteressantes, têm cara de que ganham vários salários mínimos de mesada e vão ao shopping gastar o que os pais não trabalharam pra ganhar. Odeio gente rica.

FredOnde histórias criam vida. Descubra agora