23 - Magüta - parte I

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Para LSCOWEM que sabe que meu boy merece esquecer Olívia, por enquanto!

Fui rápido o suficiente para impedir que caísse, mas derrubei suas sacolas gigantescas. Ajudo a pegar os objetos que rolaram e percebo que é só traquitana de cozinha.

- Não, mas poderia, preste atenção! - reclama - Tô indo para o trabalho – Devo permanecer com cara de interrogação porque explica – eu sou cozinheira do bar aqui perto.

- Que massa! Deixa eu te ajudar a levar as paradas, então – respondo pedindo a maior das sacolas - posso de te acompanhar?

- Não! Pessoa desconhecida, você não pode me acompanhar.

- Mas é o mínimo que eu posso fazer!

- Vai atrapalhar sua corrida!

- Não, tô mais matando tempo do que correndo.

Deixamos a calçada da L2 norte e entramos na quadra, vamos lado a lado e vasilhas fazem barulho nas sacolas, evito andar debaixo das árvores, mesmo sem camisa, não puxamos conversa, mas sorrimos volta e meia, várias pessoas passam por nós praticando exercícios de todo tipo, brasiliense é povo doido por atividade física, tá ligado?

Seguro todas as sacolas enquanto ela retira as chaves do bolso. Levanta a porta do bar que corre pra cima e deposita as coisas no balcão.

- Já vim aqui algumas vezes, é seu? - pergunto olhando em volta.

- Quem me dera! Só cozinho – ela abre a portinhola e passa para o outro lado do balcão – faço Letras aqui na UNB - Pergunto como é o curso que já passou pela minha cabeça cursar. Ela explica.

É bonita, muito bonita. Usa os cabelos raspados ao lado da orelha direita todo o resto são dreds fininhos e coloridos que usa de lado, a pele é negra, escura como nunca vi, sorri mostrando os lindos dentes brancos e nem sombra de gengiva, o sorriso não poderia ser mais simpático, tem os olhos quase verdes.

- Qual seu nome? - me pergunta retirando o casaco. Qual meu nome mesmo?

- Frederico – respondo depois do momentâneo lapso de memória dado a ela estar somente de sutiã de treino debaixo do casaco.

- É que a dolmã é quente para usar blusa por baixo - ela explica olhando meus olhos parados nos peitos fenomenais - e eu esqueci que tava só de sutiã – parece meio sem graça - teria notado se tivesse tirado o casaco no baú, mas tava cheio, hoje tem concurso e sabe como é Brasília em dia de concurso... - diz e aceno que sim sem fazer ideia do que tá falando - eu preciso cozinhar agora.

- Cedo assim?

- Hoje é dia especial, além do pré-preparo diário vai ter festa de aniversário e eu vou ter de encarnar a confeiteira.

- O que são as paradas na sacola? - pergunto sem querer ir embora, a mina é gata demais e não tem chance que eu saia daqui sem o telefone, pelo menos.

Ela retira objetos e explica do que se tratam, faço perguntas me sentando na cadeira alta. Dou um confere. Peitos lindos, agora cobertos pela roupa bacana de cozinheira, as pernas são finas e as palmas das mãos brancas contrastando com a pele negra, a garota parece brilhar debaixo das luzes coloridas que acendeu bem acima da taças.

- Você nem tá ouvindo!

- Eu tô! - me defendo - mas é tanta parada diferente que tô perdido - ela ri e dá a entender que devo realmente ir embora – Você não me disse seu nome.

- Magüta – fala me deixando desesperado porque é um nome difícil de falar. Ela nota porque repete outras duas vezes. Ok, vou chamar de Ma.

- Todo cozinheiro come e bebe depois do expediente, tô errado? - eu a mãe e José já fechamos muitos bares do baixo Augusta, sei o que tô falando.

FredOnde histórias criam vida. Descubra agora