27 - Matematicamente? - parte II 🌶️🌶️

12 4 45
                                    

- Cacá! - mamãe diz abrindo a porta. Fazem festa uma para a outra e a mina me entrega buquê de flores vermelhas pra Ati, cochicha alguma coisa no ouvido dela que sorri.

Olívia não tirou os olhos de mim no almoço, fez cara de puta, roeu unhas e tentou, sem sucesso, fingir desinteresse. Ati está no colo do marido, na poltrona, falam baixinho e dividem o whisky, é obrigado a tomar Jack Daniels quando está aqui, eu adoro, mas o bicho não é fã.

Quando Cacá volta do banheiro de dentes escovados senta no meu colo. Miro o batom claro recém retocado e dou conta de que não pensei em Olívia uma única vez enquanto estive com ela, yep, it is true, first love die hard (1)!

Nada de namorados imaginários, ciúmes, olhares confusos e furtivos. Cacá é uma mulher direta, bonita e inteligente. O vestido vermelho é rodado, alças finas, o colar tem uma única pérola e a sandália é baixa.

A combinação é uma mistura de princesinha e mina safada, ela sim é perigosa, deve ter no bolso uma coleção de corações partidos. Os demais se juntam a nós e a sala fica cheia, quatro italianos = a 30 pessoas, mais ou menos.

Olívia tenta furar Cacá com os olhos, Aretha e Duda discutem alguma coisa com o celular na mão mostrando para a nonna e José conversa com Vi sobre o Brasileirão, mas volta e meia olha para minha mãe. O corintiano é transparente, quão estupido fui pra não perceber que gosta dela? Os olhos verdes me dão a mesma impressão que tive na minha festa de 15 anos. Lembro bem:

"- Desmarquei tudo para não perder sua festa. - Luiz informa – 15 anos do meu brother é importante!

- O que ele quer dizer é que bateu uma atrás da outra pra ficar cansado e não passar vergonha de novo. - Xis corrige.

- Cala boca! - diz Luiz fingindo não ser absoluta verdade.

- Eu vim pela sua mãe. - O Du fala arrumando o boné.

- Vá a merda, meu! – digo batendo na sua nuca.

- Porra girafa, sua mão é pesada!

- Fala da minha mãe de novo que eu esmago suas bolinhas!

- Bolinhas seu cu, sente aqui, porra! - aperta o saco me encarando.

- Irmão, cala boca! - ameaço meio sorrindo, meio verdade. Não acredito que vou ficar longe da minha galera - cês vão cair lá, certo, em Brasília? - pergunto e o Jota passa o braço nos meus ombros e sacode minha cabeça.

- Claro que sim, eu vou aonde a Aretha for, firmeza?

Filho da puta! Caio em cima dele que puxa Luiz para se apoiar, minutos depois somos os cinco no chão, distribuindo socos e chutes, não faço ideia de quem tô acertando, mas não preciso me segurar. Ouço gritos e aplausos pela casa e com satisfação dou à torcida o que quer, com meu tamanho pegar dois de uma vez é fácil.

De repente silêncio e não precisamos saber italiano para entender a bronca, a nonna pára na nossa frente e congelamos.

- Solta minhas bolas, porra! - dou um soco no Jota que larga, mas no automático, porque tá apavorada olhando a italiana furiosa na nossa frente.

Ficamos de pé, Aretha tem a câmera nas mãos, enquanto José e minha mãe sorriem, os olhos verdes brilhando.

Depois da distribuição de tapas da minha avó postiça noto que nossas roupas estão desajustadas, narizes sangrando, na camisa bacanona do Du só ficaram três botões e o Luiz tem a sobrancelha aberta, merda, mas foi ele quem entrou na frente, o soco era para o Xis que me chutou.

Enquanto Luiz ganha pontos das mãos habilidosas da minha mãe José está ao lado, segura o algodão, mas não mira o corte, os olhos parecem ocupados em memorizar a amiga são-paulina.

FredOnde histórias criam vida. Descubra agora