72

16 3 43
                                    

Meu 69 não aconteceu porque Isa quase infartou de vergonha e pedindo desculpas ligou para o irmão que veio buscá-la, nos despedimos com um beijinho no rosto enquanto o Jão fazia cara de cu, mano, na real, se eu conseguir 15 minutos com ele, e longe da Isa, garanto socos até encontrar 50 tons de roxo.

Vou ter de bater uma agora porque se minhas bolas ficarem azuis não me responsabilizo por quem tiver de suportar meu mau humor, não sou mais adolescente, não deveria passar por isso.

Eu não quero ficar longe da mãe, ou da Vi, mas em algum momento vou ter de me mudar e conseguir mais privacidade. Suspeito que o Thomas me dará o maior sermão do mundo porque eu tava de amassos no corredor. De volta ao apartamento encontro meu pai sentado na minha cama, esperando por mim. Não falei? lá vem sermão.

- Você estava completamente desatento!

- What? Eu achei que você reclamaria porque eu estava dando uns pegas onde todos poderiam ver.

- Eu já te pedi para ficar atento, o mundo é perigoso, Frederico, você precisa prestar atenção o tempo todo.

- Pai, eu estava praticamente dentro de casa, e que cara consegue pensar em outra coisa quando tem uma mina pegando no seu pau!

- Frederico! - ele fica de pé. - Pára de falar desse jeito!

- Qual é o problema, minha falta de atenção ou meu vocabulário?

- Fique atento à sua volta!

- Por quê? Por que caralho tenho de andar atento? Temos hora para sair e voltar de casa, nas últimas semanas não posso chamar nenhum brother pra vir aqui e agora tem um cara na porta do prédio me espiando! Por que você não me diz o que está acontecendo?

- There's what? - Ele pára por um instante, imagino que vá perguntar novamente ou dizer que é impressão minha, mas ao invés disso puxa o celular e leva ao ouvido. - Ati, there's someone checking on us, come home and bring the girls, babe. I love you! (1).

- Você deveria ter dito que nós estamos bem, ela vai ficar preocupada!

Ele dá as costas e vai para o escritório, vou para a cozinha, mas desisto do sanduíche que acabei de preparar, perdi a fome, enrolo o bagulho no papel encerado e guardo na geladeira, decido ir lá para embaixo e aguardar as meninas.

- What the fuck? - a porta não abre.

Coloco meu polegar, mas novamente não abre, tento a senha, mas ainda assim não abre. O pai trocou a fechadura poucos dias atrás, agora é por senha e digital. Demora uns minutos, mas finalmente entendo o que caralho está acontecendo e vou para o escritório decidido a gritar, mas ele trancou-se la dentro.

- Did you lock me in here? Have you gone mental, like bat shit crazy? You can't do that! I'll knock down this fucking door (2)! - chuto a porta mas Thomas não responde.

Tenho certeza que pode me ouvir, mas sequer responde, eu tô de saco cheio de ser tratado como criança, tem alguma coisa rolando e ninguém me conta, colocam um segurança para me acompanhar e acham que eu não sei, meu carro é blindado, tem um corno vigiando nosso prédio e agora eu sou preso em casa.

Estou prestes a por fogo em Roma e conseguir minhas respostas na marra quando a porta da sala é aberta e por ela entram Ati e as manas. Noto o coturno sujo de terra vermelha, sei onde estava.

- Vocês tavam treinando tiro?

- Eu tava, só passei para buscá-las na faculdade.

Ati passa por mim e nas costas, entre o jeans apertado e a camiseta preta está sua semiautomática de estimação, sempre que treinamos tiro ela usa diferentes armas, mas essa é a preferida. Thomas sai do escritório e abraça a mulher, todavia a mamãe demora a corresponder, seja o que for a treta é grande, porque normalmente eles são o pôster de casal feliz e essa tensão só pode ter relação com os últimos eventos.

FredOnde histórias criam vida. Descubra agora