62

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Capítulo 62, alguém pode me explicar porque a numeração em romano é tão comédia? Enfim...


- Qual a graça? - pergunto quanto embarcamos na rover.

- Você beijou uma garota e viajou pra se casar com outra?

- A carta mudou tudo, eu achei que estava fazendo a coisa certa!

- Porra nenhuma! Você tá ansioso em ter seu "feliz para sempre" e quer pular etapas. Porque você não ouviu seu instinto?

- Eu achei que fosse medo porque era uma decisão importante!

- Agora passou. Você não vai ficar sofrendo, deprimido ou o caralho que for! Você vai me estudar, treinar, se divertir com os amigos e dar chance para uma mina fofa que arrasta um bonde por você.

- Mãe, ninguém mais fala "arrastar um bonde!"

- Garoto você quer que te jogue pra fora do carro? Porque eu tenho coragem! - ela ainda está furiosa, mas não comigo, vai destruir o saco de pancadas quando chegar em casa.

- Eu nunca vi um tapa fazer sangrar daquele jeito!

- E foi porque me controlei, eu tava puta! Ninguém fode com minha família! A tia Lourdes ficaria doida de desgosto se soubesse, mas eu sou mãe, faria de novo se precisasse!

- O José fez o mesmo que você - vira-se interrogativa, depois torna os olhos para a pista – quando ele viu a cena desgraçada deu um tapa na cara dela, como você – explico – menos a parte de derrubar alguém com um tapa porque isso requer habilidade! - ela ri e mira o retrovisor algumas vezes antes de xingar a caminhonete atrás da gente.

- Não tô surpresa, o José tem defeitos, mas amigo é amigo e fella da puta é fella da puta!

- Se você pudesse voltar no tempo ele teria chance? - pergunto na lata, me julguem, mas não quero pensar nos próprios problemas, prefiro me distrair com a vida dos outros.

- Chance de aceitar a salvação e virar São-Paulino?

- Você entendeu.

- Moleque eu amo seu pai, eu escolheria o Alemão em todos os tempos e em qualquer dos mundos.

- Você fala bonito quando quer! - sorrio – Ninguém mais teria chance?

- Moleque, você já viu meu Alemão? O Thomas me é um viagra feminino vestindo Armani e com perfume Chanel Bleau!

- Ecoo! - cubro os ouvidos, mas meus lábios me traem e sorrio.

- Eco o quê, porra! Deixa eu me gabar, além do mais nem elogiei o pau dele!

Eu até faria uma cara de terror, mas a mamãe desata a sorrir me levando junto, o riso é solto, mas pesado, nós sorrimos de nervoso e deixamos um pouco da tensão escapar do nosso corpo. Meu corpo sacode e contenho as lágrimas, Ati aperta o volante como se quisesse amassá-lo. Ela gosta da Olívia, sei que a coisa toda foi dolorosa para ela também.

- E nada de encher todo mundo de perguntas para se distrair – mano, eu tô falando que ela lê pensamento! - vou arrumar um jeito de você se sentir melhor, confia em mim, não vou vacilar novamente.

- Mãe você não vacilou!

- Frederico me dá um beijo e vaza. - me inclino para um beijo e um abraço, depois abro a porta.

Desço na escola, consigo pegar algumas aulas e Vi diz que recebeu uma mensagem da Ati dizendo para não me encher o saco com perguntas nos próximos dias, agradeço as céus, explicar o motivo da minha tristeza é vergonhoso. Em todo o caso a ruiva me abraça e me dá um beijo na testa, essa é outra que facilmente mataria e morreria por mim, me diz que se quiser conversar posso bater na porta dela, agradeço e no fim do dia vamos para casa.

FredOnde histórias criam vida. Descubra agora