59 - A carta

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Capítulo 59, a história do Frederico vai ganhando corpo, hein? Passo para avisar que no capítulo de hoje teremos uma carta e nesse gênero textual a estrutura de escrita costuma dar-se em somente um parágrafo, porém, entretanto, contudo e todavia, estamos no wattpad e trechos longos podem se tornar chatos de ler, por isso tomei a liberdade de dividir a carta em parágrafos, espero que não fique estranho, mas enfim, se ficar posso mudar. Ok, era isso, fui!

- Te atrapalho? - Isa pergunta quando atendo o telefone.

– não, tava saindo do banho.

- Oh! - ela suspira. Ok, como eu não percebi que essa mina tava interessada? - tá com a toalha no pescoço?

- Como você sabe?

- Você tá fazendo eu me sentir invisível, eu te encontrei assim mais de uma vez quando entrava no seu quarto para pegar alguma coisa que deixei na mesa.

- Não, você não é invisível, só achei que você era esquecida. - ela gargalha do outro lado da linha.

- Ok. So I guess I've been clueless, but what can I say if I am a true gentleman that only have very chaste thoughts!

- Sua voz é bonita – diz me pegando de surpresa, achei que meu comentário geraria algum sorriso, mas porra como é bom ser elogiado.

- Obrigada Isadora - a linha fica em silêncio por alguns instantes e ela respira profundamente.

- Frederico você quer sair comigo? - pergunta de vez – eu, você e um filme legal.

- Eu queria ter feito o convite primeiro! - reclamo, mas tô adorando isso.

- Então é um sim?

- Depende, a senhorinha vai correr atrás de mim com uma tocha?

Depois de quase uma hora de conversa nos despedimos, me visto e caio na cama, duas batidas leves me chamam e sei que os olhos de lama estão prestes a cair sobre mim, a batida da Ati é leve, quando éramos crianças não tínhamos porta então me acostumei a reconhecer sua presença em sons, caralho como sinto falta nosso apê em São Paulo.

Ela cruza os braços na frente do peito, a lingerie é vermelha, a blusa de algodão relativamente justa e o short jeans completa o figurino que me levará a matar o Xis quando bater os olhos nela, seu cheirinho de banho tomado é calmante. Olívia disse que quando Ati está por perto meus sentidos de alerta descansam, talvez seja verdade, alguma coisa nela me diz que vai ficar tudo bem, talvez seja porque sou mimado ou porque vejo nela esperança, tanto faz, mas seja como for quero proporcionar a mesma coisa para os meus filhos.

- Bem vindo de volta, Frederico! - estou para perguntar o porque, mas não é preciso, sei do que se trata – eu não sei o que era, mas nós somos um time, se você tá mal estamos todos, é bom ter você de volta.

Aproxima-se, retira os anéis de coco dos meus dedos e coloca no criado, afaga o exemplar do manifesto do partido comunista que estou relendo e depois me olha, carinhosamente deixa um beijo na minha testa me inundando com seu cheiro de banho tomado e canela.

- Foi a Aretha que conseguiu te fazer falar?

- Não, mas foi exatamente isso, desabafei. Engraçado que quando terminei de falar parecia tudo menor, eu tava sendo dramático.

- Faz sentido.

- Mãe! – chamo antes que saia – se você estivesse no meu lugar, o que você faria para não ficar como eu estava. - sento-me na cama – eu sei que é difícil aconselhar sem conhecer o problema, mas se você não quisesse se sentir mal pelo mesmo motivo o que faria?

FredOnde histórias criam vida. Descubra agora