19 - Pêssego? - parte II

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Acordo com cafuné carinhoso, desperto e encaro os lindos olhos da minha mãe, olhos de lama, âmbar, caramelo ou mel, nunca vou saber, aproveito o carinho e fecho os olhos, a mão desce pelo meu pescoço, acaricia meu queixo com barba rala e sobe para minha orelha.

- Caralho! - berro quando ela puxa – mãe! Você vai me arrancar a orelha! - mas ela não solta, pelo contrário, a força aumenta e só tenho uma opção - desculpa! - peço – desculpa ter bebido demais, desculpa ter gritado com o papai, desculpa ter constrangido o vô! - grito e levanto da cama no segundo que a pressão diminui.

Ela se põe de pé e dou um passo para trás, protejo minha orelha que precisa ser costurada, com certeza. De repente ela me puxa pela outra e me leva para fora do quarto, vou gritando e não tem ninguém pra me defender.

No quarto o pai está saindo do banho, tem a toalha abaixo do umbigo e minha mãe puxa um pouco mais minha orelha pra se certificar de que entendi a mensagem. Ele enxuga os cabelos tranquilamente e deixa a toalha branca sobre o ombro, sorrindo pra ela. Maluco, eu tô morrendo e você tá se exibindo?

- Desculpa por ter sido um idiota, desculpa por ter... aiii! - yep, vou chorar! - por ter te envergonhado. Mãe! - ela puxa mais - desculpa ter bebido, desculpas, desculpas!

- Pode soltar, Furquim – ele manda e ela obedece.

Minhas orelhas estão zunindo, devo estar vermelho e preciso de remédio ou médico, um que não seja ela ou um transplante de orelha! Ela abraça o esposo por trás, descansa as mãos no tanquinho molhado do marido e dá um beijo no ombro dele. Lovely, they ganged up on me! You see, this shit it is just so... (1).

- Tô desculpado? - pergunto encarando o homem de olhos escuros como os meus.

- Tatame, à noite.

Oh fuck! Fuck! Há quanto tempo não precisava acertar as contas no tatame? Mal tenho treinado! Vai acabar comigo. Deixo o quarto e percebo que ainda é madrugada, esses velhos precisam dormir mais, tá ligado? na cama acalmo minhas bolas, pelo menos estão por aqui, sem orelha dá pra ficar.

 Deixo o quarto e percebo que ainda é madrugada, esses velhos precisam dormir mais, tá ligado? na cama acalmo minhas bolas, pelo menos estão por aqui, sem orelha dá pra ficar

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Assisto às primeiras aulas cochilando.

- Você deve pedir desculpas para o seu avô – tento distinguir de que colega veio o comentário, mas ao meu lado tem um vulto. Ótimo, tô tendo pesadelo em plena aula de física - ele deixa vocês no próximo fim de semana.

- Como? - e estendo a mão para a criatura que só posso vislumbrar.

- Domingo de madrugada, Banguela, peça desculpas, você vai se arrepender se não fizer.

Olho em volta me perguntando porque ninguém me vê conversando sozinho, mas alguém mexe nos meus cabelos. Abro os olhos imediatamente com medo de uma certa mão tentar arrancar minhas orelhas, de novo.

- Tá de ressaca, maluco? - o colega pergunta e ofereço o dedo do meio. Diria algum palavrão, mas tô ocupado limpando a baba da boca, desde quando eu babo? Porra!

FredOnde histórias criam vida. Descubra agora