17 - Aika

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No final da aula aguardo pela garota e Vi no portão, mas só a Aika aparece, a mana avisa que vai sair com o namoradinho, preciso investigar o cara, não confio em homem nenhum quando se trata das minhas irmãs, e Olívia. 

Sai da minha cabeça, Olívia! No ônibus descubro que a minazinha vai me ajudar com um trabalho de história, conflito árabe/israelense, não preciso de ajuda para estudar droga nenhuma, mas tanto faz, é simpática e bonita, tá massa.

-Esse é seu quarto? - pergunta quando entramos.

- Por quê? - e vou retirando a jaqueta de couro e os coturnos. Só lamento pai, vou ficar com a jaqueta.

- Por que nunca vi um quarto de cara tão arrumado - ela sorri, quero dizer que minha irmã perfeita passou por aqui nos últimos dias, mas recebo o elogio como se merecesse. 

O que me lembra. Peço à mina que fique à vontade e abro trocentas abas do navegador pesquisando borboletas para pintar. Ela acha curioso, mas não questiona, ajusto a impressora portátil e deixo as páginas serem impressas enquanto conversamos.

Lemos sobre o assunto e discutimos um pouco, ela tem um monte de coisas interessantes pra contar, a mãe trabalhava com uma ONG humanitária, Aika viajava muito com os pais, veio para o Brasil aos quatro anos, o pai trabalha com robótica e é professor da UnB. Fala sobre as visitas que fez a Jerusalém e outros lugares, quando percebemos é noite, escrevemos umas seis páginas e me comprometo a fazer o resto e enviar.

- Minha hora – avisa colocando o celular no bolso – foi massa Frederico.

- Pode me chamar de Fred – eu estendo a mão – Fred Furquim – ela sorri, tem as mãos macias, lisas, pequenas e parecem ainda menores nas minhas.

Me inclino para abrir a porta, mas ela se inclina na minha direção, sorri sem graça, achou que fosse um beijo? li mal o que tá rolando aqui? Achei que só queria estudar, acredita em mim que se quiser mais rola, rola demais.

- Quer pegar um cinema hoje? - pergunto – pagamento pelo seu tempo, é o mínimo que posso fazer.

- Meu pai já mandou trocentas mensagens, pode ser outro dia? - sei que não mente porque ficou feliz com o convite, dou um passo para abrir a porta, mas ela novamente se engana e roça a boca na minha bochecha. 

Fica ainda mais encabulada e quero rir, achou que eu ia beijá-la, definitivamente não pode sair hoje, mas quer.

- Foi mal, eu achei que você ia me beijar – diz com a voz sumida. Por que garotas tímidas são fofas? Não são meu tipo, mas têm seu apelo. Tomo suas mãos e afago com os polegares.

- I'm gentleman! - e beijo sua mão fazendo imitação completa do meu pai.

A mina sorri encabulada e me diz que o cinema vai ser legal e não sei mais o quê, fala toda sorridente. Fuck that shit works (1)! My father is good after all... well, he got mum so he kind has to be...(2) Na sala Aika pega a mochila das minhas mãos e Ati entra.

- Hei! - diz olhando a mim e depois a garota. Aika saca na hora ser a mulher de quem falavam no colégio.

- Mãe, essa é a Aika – Ati me dá um beijo na bochecha e acena para a garota me abraçando – Aika, essa é a Dr. Ati - digo me virando - vou deixar a mina lá embaixo.

- Por quê? vou descansar, então se vocês quiserem ficar eu não atrapalho... - começa a dizer, pronta para sumir e me deixar sozinho com a gatinha.

- Eu tentei, mas ela recusou meu cinema! - digo e Aika fica branca.

- Esse fim de semana nosso rolê é uma piscina, tá afim? - a mãe pergunta e depois olha para mim.

- Acho que sim, vou checar com meu pai, mas é certeza – Aika responde imediatamente e Ati sorri.

FredOnde histórias criam vida. Descubra agora