18 - Piscina e Tirada do século - parte I

25 10 133
                                    

Mato as aulas do vespertino, é por boa causa, floricultura e papelaria, outro problema dessa cidade, os estabelecimentos comerciais não têm lógica, tem uma floricultura aqui e a papelaria mais próxima fica a três quadras, ou vai ver, odeio Brasília e pronto! Prefiro pedir um carro no aplicativo do que remar e amassar as flores. 

Sei que é apelativo, mas se minha mãe não resiste a flores minha irmã também não vai, mas caso aconteça tô levando o plano B, não tenho certeza se Aretha tá em casa, conhecendo bem deve tentar consertar, sozinha, meu prejuízo. Me deixa subir e antes de bater na porta coloco as rosas vermelhas no meu rosto. Show time.

- Mano cê acha que aparecendo aqui com um buquê de rosas vou perdoar o quê cê fez? - diz, mas toma as flores de mim.

- Por isso eu tenho isso! - e da mochila retiro a caixa de 60 cores em madeira reflorestada envolvidos por um laço.

Aretha abre o sorriso mais bonito do mundo e nos abraçamos, minha irmã linda tem cheiro de mel e o coração do tamanho de São Paulo, nos ama, perdoa e cuida, a garota é perfeita em todos os sentidos. 

Quando me deixa entrar coloco a mochila com o skate no piso coberto por jornais, perto tem um pacote pequeno de cimento, lixas e tinta. Não disse? retiro camisa, tênis e vamos juntos arrumar a merda que fiz.

Como arranquei a porra da TV, sem qualquer cuidado, fiz rombo enorme na parede, precisamos pensar em outro lugar para instalar a TV, enquanto o cimento do reboco seca lanchamos, a mina me faz um sanduíche de atum com dijon que é foda. 

Depois que pintamos a parede é hora de esperar a tinta secar para a segunda demão, ela pega os lápis de cor e dispõe sobre a mesa, começamos a colorir as impressões que fiz, ama borboletas, sorrimos um para o outro, as minhas são totalmente punk rock, preto, marrom e vermelho enquanto as dela são brilhantes.

- Desculpas – peço admirando os olhos incríveis.

- Já aceitei seus últimos 25 pedidos de desculpas – corresponde ao meu olhar – que parada foi aquela anyway (1).

- Papo de bêbado – não quero falar sobre Olívia, nem sei o que diria.

- Eu tô ligada – volta a vista para a pintura e escolhe a cor laranja – eu também quero meu Thomas – diz e pego o lápis rosa – os pais têm tudo! - eu rio concordando – também me pego pensando se vou ter isso um dia.

- É muito cedo pra pensar nisso - digo.

- Eu sei, mas quando chegar minha hora quero o que eles têm. Eu quero...

- Estar casada, há mais de 20 anos, e ainda assim o cara admirar seus pés pela casa - interrompo – e eu passar horas olhando minha mulher dormir, como o Thomas faz. Você quer amar e ser amada como ela.

Sorrimos e voltamos a pintar sem falar palavra. Depois da segunda demão de tinta na parede procuramos outro lugar para a TV, não é ideal, toda vez que a mina ligar saporra vai lembrar do meu chilique! 

A noite vem e vou pra casa, quase estrago nosso momento quando peço que venha com a gente até a casa do vô, topa depois que prometo minha mesada dos próximos dois meses, tanto faz, não tenho ninguém com quem gastar.

No fim de semana nossos avós nos recebem contentes, trocamos cumprimentos e apresento minha convidada como colega de escola, vamos para a piscina e uma mesa de cinema é montada no caramanchão próximo. Desgraça de gente rica do caralho, olha essa casa! Tudo aqui é esnobe!

Tô numa sunga que mais parece a bermuda curta que uso pra lutar e espero pacientemente minha convidada se despir, ela abre o vestido, o biquíni amarelo é de bom gosto, cortininha.

FredOnde histórias criam vida. Descubra agora