25 - Olívia e o namorado imaginário - Parte II

13 5 49
                                    

- Cê vai dormir aqui? - por favor diz não – você e a Vi não tem, tipo, um milhão de merda pra pôr em dia?

- Algum problema em dormir perto de mim? posso vestir outra coisa se te incomoda.

- Tanto faz, tá ligado? nem percebi o que cê tava usando! - quem disse que eu tava olhando as suas pernas torneadas, cabelos cacheados caindo nas costas, fios tão finos que bagunçam só de mexer, quem disse? que me importa se você tá sem sutiã? Quem tá imaginando seu cheiro e... mano do céu, tô fodido!

- Va bene Frederico, va bene, credo, credo..(1). - diz maliciosamente. Firmou! Até amanhã eu esfolo essa mentirosa que tá se achando... - não vai atender o telefone? - me pergunta.

- Que telefone, porra? - pergunto e ela aponta o aparelho tocando sobre o sofá – Não vi, senti... ouvi – deixo escapar, já percebeu o quanto é difícil formular uma sentença gramaticalmente adequada quando tem uma mina gostosa e seminua na sua frente? Yep, it is hard, well, not as hard as I could be (2)!– scusa signorina – Digo desorientado, mas fingindo que tô de boas. É Magüta, me afasto para atender.

- Foi rápido – Olívia comenta quando retorno apagando as luzes.

- Era só boa noite.

- Nada de sexo por telefone? - pergunta colocando as pernas no encosto do sofá. Ela quer me matar! A merda continua jogando vôlei, que outra justificativa para as pernas magníficas e a bunda redonda? Mano, preciso de outro banho frio, mas dessa vez com gelo! - Porra, te fiz uma pergunta!

- Sexo por telefone? não, a gente não tá namorando.

- Por que não? - olha para mim de cabeça para baixo.

- Vá a merda! - porque você não sai da minha cabeça, porque ela acha que não sou pra coisa séria, sei lá, porra.

- Quer conversar?

- Depois do que rolou entre a gente? - pergunto pra sondar, ela faz cara de "qual o problema?", mas franze a testa – tem razão – interrompo antes que minta mais – você continua com o palmeirense e já deixou claro que não tá interessada em mim, acho que a gente pode conversar. - dói só de dizer – Tô errado? - diz que tô errado, por favor.

- Não...não, claro que não, não, por quê não? Não, não, não. – Claro, olha que resposta normal! - vocês transaram? - pergunta à queima roupas.

- Yep - minto e me espalho no colchão.

- Foi... hum... foi bom?

- Foi incrível! ela é linda e monumentalmente gostosa, tá ligado? tipo merecia estátua, passeata no carro de bombeiros, ser ovacionada na rua, já leu A Beleza Mortal do Carlos Drummund, aquele nível de perfeição, ela é linda, gostosa, e eu sou, enfim, eu, então foi perfeito - deveria ter parado pra respirar enquanto falava? ela não responde e o tempo passa - dormiu Pallaoro?

- Desculpa, bateu sono.

- Claro – mentirosa - sempre me dá sono quando fico de cabeça para baixo em posição impossível de relaxar.

- Tá, meu, não soube o que dizer – deita-se corretamente e me encara.

Nos próximos minutos minto e fantasio minha primeira vez com a Mah. Sei que não é muito melhor do que ela tá fazendo comigo dizendo que continua com o namorado, mas em minha defesa cheguei disposto a trocar ideia, enquanto tudo que ela quer é me tratar como parque de diversões. Sorrimos das sacanagens que invento e mesmo depois de um tempo em silêncio parece que o som ainda ecoa, nossas vozes se abraçam e fazem sentido de um jeito incomparável, tipo jazz, tipo Vi Redd e saxofone.

- Senti sua falta – digo e sento-me descansando o rosto junto ao dela.

- Eu também – responde.

- Você quer me dizer alguma coisa? cê foi embora abruptamente, não respondeu às minhas mensagens, mandei várias.

FredOnde histórias criam vida. Descubra agora