13• Cássio

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O lugar não parecia um ambiente para reuniões de trabalho, o horário não também não. Eles entraram juntos.
Pareciam estar em um restaurante com algum tipo de 'boate' dentro, pois o barulho da música estava um pouco alto demais, lotado e as roupas nada tinham a ver.

Realmente aquele não era um encontro de trabalho. " Pensou Miguel", ele agora havia entendido o conselho de Amanda.

_ Oi! Onde você está Cássio? Já estou aqui. — Dizia Carolina com a mão tapando um dos ouvidos na esperança de ouvir algo além da música alta.

_ Conseguiu falar com ele, meu bem? — Perguntou Miguel de forma educada próximo ao ouvido dela.

_ Eu não consegui ouvir muito bem... espera ele tá! Mandando uma foto de onde está. Disse ela abrindo o celular e tentando entender a foto. — É, para lá! Vêm.

Os dois saíram juntos de mãos dadas, enquanto ela olhava atentamente o celular quando esbarrou sem querer em um rapaz.

_ Me desculpe, por favor! — Disse ela.

_ Magina, gata! Você pode esbarrar em mim a hora que quiser. — Disse ele dando uma boa olhada no decote dela.

_ No, gracias. Estás comigo. — Disse Miguel abraçando a cintura de Carolina. Ele podia não entender português direito, mas pela olhada do rapaz para Carolina não foi necessário tradução alguma.

O rapaz apenas levantou as mãos em forma de rendição e saiu andando. Ela apenas riu e achou um tanto engraçado aquela situação, e apenas girou para ficar de frente dele e deu um beijo leve nele.

_ Vêm, achei aquele chato. — Disse ela pegando a pasta que estava com ele.

Os dois chegaram até um canto um pouco
mais afastado do bar que parecia ter algumas mesas para sentar, em uma delas Cássio estava sentado.

Miguel preferiu ficar afastado próximo ao bar para que ela ficasse a vontade e resolvesse o que precisava, mas não tiraria o olho daquela mesa e daquele homem jovem, bem-vestido e que cumprimentou de modo íntimo ela.

_ Você está maravilhosa, como sempre! Agradeço por vir em cima da hora. — Disse cinicamente, mas ambos sabiam bem que isso tudo era apenas uma desculpa.

_ Se esse projeto não fosse tão importante para mim, e Amanda eu não viria porque o último lugar para falar de trabalho é esse ambiente! — Disse ela de forma séria, e abrindo a pequena pasta para mostrar o portfólio do projeto.

Carolina sabia bem ser uma profissional e mesmo sabendo do sentimento de Cássio por ela, ela precisava dele momento e não ia permitir que nada atrapalhasse esse momento.

Cássio dava pequenas olhadas no projeto, e assim ficou por 1 hora. Ele tentava de todas as formas sair do assunto de trabalho, mas Carolina sempre o cortava voltando ao assunto. Ele fazia questão de chegar o mais perto possível dela, mexia em algumas mechas do cabelo dela que insistiam em cair hora ou outra, além de leves toques em seu ombro, e ela já estava irritada com isso.

Ela sempre deixou a situação clara.
Eles seriam apenas parceiros de trabalho! Nada mais, porém, ele parecia ter esquecido disso.

_ Cássio, já chega! Estamos aqui há 1 hora. Já expliquei o que precisava. O restante é com Amanda. Tenha uma boa noite!

_ Espera, eu tenho outras dúvidas Carol! Fica. — Disse ele segurando o braço dela.

Ela respirou fundo e disse.

_ Cássio, eu deixei bem claro para você ao telefone. Tudo que precisava ser explicado já foi. O resto é apenas uma desculpa sua para me segurar aqui, e eu não vou permitir. Tenha uma boa noite. — Disse ela saindo da mesa — Ah, outra coisa! Eu só vou atender você agora em horário comercial.

Saiu andando, e encontrou com Miguel que estava saindo do banheiro. Os dois saíram e ele deu graças a deus que a espera acabou.

_ Está, tudo bem minha deusa? — Disse ele notando que ela estava séria.

_ Está, sim. Entretanto, o Cássio é bem insistente quando quer, e eu não sei, tem algo nele que me assusta um pouco. Não sei!

_ Percebi. Você realmente parecia desconfortável com ele. — Disse ele abrindo a porta do carro para ela. Se afastou ia atender o celular que tocava.

Nesse momento Cássio apareceu e puxou o braço de Carolina com força na intenção de puxa-la para si.

Ela se assustou, fazendo com Miguel virasse e presenciasse a cena.

_ Aí, que isso Cássio! Você ficou louco?
Que grosseria, é essa?

_ Carol, desculpe. Fica um pouco mais por favor, eu não te peço mais nada!

Miguel nesse momento tomou a frente dela, e não se importou nem um pouco se Cássio falava espanhol.

Era um cavalheiro, e foi ensinado que não importa a situação, uma mulher deve ser bem tratada sempre, não existe nenhuma justificativa para maltratar uma mulher.

_ Não vai mesmo! Y si la tocas de nuevo te romperé la cara aquí mismo. — Disse ele segurando a camisa de Cássio.

_ E esse espanhol, maluco quem é? — Disse ele assustado e surpreso com a atitude de Miguel. - Cálmate amigo, no lo dije en serio. — Arranhando o espanhol que ele sabia.

* Não falo espanhol, então Cássio falará espanhol para facilitar minha vida.

_ Não se trata uma mulher assim. E sou mexicano, estúpido. — Disse ele ainda segurando Cássio.

Carolina colocou a mão no peito de Miguel, e pediu de forma calma a ele que largasse Cássio.

_ Eu conheço a Carol há muito tempo, e não iria fazer mal algum, a ela. — Disse ele ajeitando a camisa.

_ Isso não lhe dá o direito de trata-la assim. Não se trata uma dama dessa maneira.

_ Miguel está certo, se você queria falar comigo era só ter pedido. Eu devia deixar ele te dá um belo soco, meu braço ainda tá doendo um pouco. — Disse ela segurando o braço e baixando a cabeça.

_ Você está bem, minha deusa? Deixa eu vê. — Disse ele de forma carinhosa.

Cássio apenas observava toda aquela situação. ' Deusa', 'Miguel'. Que tipo de intimidade era essa entre eles?

_ E quem é esse Carol? Seu tio para ficar bravo desse jeito. — Disse ele provocativo para os dois.

Carol respirou fundo, ela já estava cheia de Cássio. Tanta insistência a noite toda, seu tempo desperdiçado em uma reunião que não passava de uma desculpa, e agora a forma bruta como Cássio havia abordado ela, tudo isso foi o bastante para que ela estourasse e impedisse Miguel que iria se apresentar nesse momento aquele jovem irritante.

Ela deu um passo a frente e encarando ele disse

_ Eu não transo com o meu tio!

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