As Cores Do Amor

34. Solidão

"Você volta em cada sonho que tenho
Caio de novo na tua rede
Sei que leva um tempo
Pra me curar de você de uma vez

Tive tantos momentos felizes
Que esqueço de quão triste foi
Te dar da minha alma
Que você pôs a perder

Eu não queria te amar
Você me ensinou a te odiar
Todos os beijos que imaginei
Voltam ao lugar onde os vi crescer

Em Saturno
Vivem os filhos que nunca tivemos
Em Plutão
Ainda se ouvem gritos de amor'

Tudo perfeito, a roupa, a decoração, a empresa que foi escolhida a dedo, ele estava lindo e nervoso como da 1° vez que a encontrou, só que agora seria diferente, era muito diferente, apenas a tristeza... E ela chegou com a mesma carga de sentimentos, e por mágica, os dois se olharam.

"E na Lua
Gritam sozinhas minha voz e tua voz
Pedindo perdão
Coisa que nunca conseguimos fazer pior

Você tem a mesma culpa que tenho
Mesmo que custe a admitir
Que sente como eu sinto
O travesseiro não costuma mentir"

Ela disfarçou e seguiu cumprimentando outros convidados, Adolfo a chamou quando a viu, e ela apenas suspirou e foi até eles, um belo vestido de festa, em tom amarelo, um cabelo semi preso, e um belo salto, o bastante para que eles a admirassem.

_ Belíssima! Belíssima.

_ Obrigada, Adolfo! Boa noite senhor Allende. Desculpem o atraso.

Ele ignorou a resposta seca dela, pegou sua mão e como um perfeito cavalheiro, depositou um beijo nela e deu boa noite, algo nela a estremeceu, ela ignorou por completo e apenas saiu.

_ Ela não costuma ser assim! Grossa.

_ Ela está certa, um mulher nesse meio infelizmente é julgada. É melhor assim. E ela é solteira? Não vi aliança no dedo dela.

_ Ela é solteira. E pretende continuar assim.
- Adolfo respondeu de forma seca, e um tanto enciumado com a pergunta.

_ Pergunto por curiosidade, uma mulher tão linda assim!

_ Me faço a mesma pergunta, e espero que ela me dá a oportunidade de mudar isso algum dia. Com licença, sim!

Um balde de água gelada foi o que Miguel sentiu, e pode confirmar o que pareceu ter visto quando chegou. Adolfo apaixonado por Carolina, mas e ela? Será que está apaixonada por ele tbm? Será por isso que ela nem quer saber nada dele? Será que ele chegou tarde demais na vida dela?

Eram perguntas demais e somente ela tinha a resposta.

Ela estava saíndo, ou melhor fugindo da festa, deu uma desculpa qualquer a Adolfo, mas Miguel estava de olho nela e não perderia nenhuma oportunidade. Ela aguardava o carro chegar.

_ Carol? Por favor.

Ela abaixou a cabeça, e rezou que o carro chegasse logo.

_ Me deixa em paz, Miguel! Não temos nada pra conversar. Cadê essa merda desse carro. - Ela deu alguns passos em direção a rua se afastando dele, queria cortar o mínimo contato físico, algo nela estava gritando que aquilo seria uma fraqueza nela e a oportunidade perfeita pra ele.

_ 1 minuto, Carol! Somente isso. Mais nada...

O silêncio foi o único, e podia ser cortado com uma faca, ele apenas a pegou pela mão, e mesmo ela dizendo mil uma coisas que ele ignorou seguiu até o outro lado da praia com ela. Ele apenas a olhou, e ela ficou em silêncio.

_ Posso ficar aqui a noite toda, mas não saio sem quem me ouça.

_ Me deixa em paz! - Foi o único que ela disse e saiu correndo até conseguir que um táxi parasse, ela entrou no táxi e desabou mais ainda. Ele apenas sentou na praia, tirou os sapatos e tbm chorava. O amor foi e mais ainda quando não é dado a oportunidade a ele de vive-lo da forma correta.

Minutos depois ela chegava em casa e se escorou na porta chorando enquanto jogava a chave, e a bolsa no sofá, Amanda apareceu nesse momento e apenas abriu os braços pra ela que não teve outra opção a não ser correr até ela e desabar.

Na praia, Miguel chegava no resort com os sapatos nas mãos, e a terno sujo de areia, foi até o bar, sentou e pediu ao barman uma dose do melhor uísque.

_Duas! Disse Heitor que chegava junto a ele e s sentou no banco ao lado. Miguel apenas olhava pra frente, um olhar vazio e triste.

_ Já sabe de tudo né? - Disse Miguel após uma dose, Heitor apenas confirmou com a cabeça.

_ Sim, Amanda me disse! Eu não sabia que ela estava aqui, e nem que o destino pregaria essa peça em vocês... Caso contrário te prepararia antes.

_ Ela me odeia, Heitor! O amor da minha vida me odeia. Ela não quer me ver nem pintado.

_ Vai com calma! Ela tá igual você. Sofrendo. Precisa ir com calma, você conhece ela melhor que ninguém, qual a maneira mais fácil de que ela te escute...?

O dia amanheceu e Amanda estava colocando o café na cama de Carol, e ela estava acordando.

_ Bom dia! O café não tá gostoso como seu, a torrada queimou um pouco, e o suco tá meio aguado...

As duas riram alto.

_ Só você pra me fazer rir assim! Obrigada, por ter vindo. Você sempre aqui quando preciso. - Amanda foi até ela e a abraçou.

_ Eu nunca vou te abandonar, e depois da ligação eu imaginei que você precisava de força, e pelo jeito que chegou ontem eu sou mais que necessária aqui.

_ Eu... Eu... Só quero paz!

_ Amiga, você teve e agora é hora do confronto, não tem jeito. E vocês vão trabalhar junto, precisam... Sinto muito mas não têm jeito.

_ Eu sei, eu só... Enfim! Eu ainda amo ele... E eu senti isso quando ele chegou perto de mim, eu sou uma estúpida... Depois de tudo.
- Ela chorou mais, e foi aparada pela amiga. E após alguns minutos, estava pronta, linda e elegante.

_ Exatamente!!!! Aí sim, essa é a mulher que eu conheço. Gatonaaa... Vai lá é bota esse velho no lugar dele de uma vez.

Amanda riu de sim mesma e deu um forte abraço em sua amiga, e torceu do fundo do coração para que tudo desse certo e pelo menos sua amiga tivesse paz. E ela saiu,. chegou ao escritório e foi direto pra sua sala, trabalhou por algumas horas, e foi almoçar com Adolfo, voltou e trabalhou mais ainda, estranhou o sumiço de Miguel e a cada telefonema, ou toc a sua porta se ajeitava imaginando que fosse ele, mas não era. O dia passou, e ela foi pra casa, mas antes precisava passar no resort e deixar alguns papéis com Adolfo, assim o fez e saíndo ouviu uma voz familiar.

_ Carolina! - Ela se virou lentamente e olhou. - Podemos conversar agora?