As Cores Do Amor

58. Acertos da vida

Todos ainda estavam ali parados e tentando entender ao mesmo tempo que já haviam entendido tudo, Miguel era o mais afetado de todos, ele suava pouco na branca e fina camiseta de linho que ficava por baixo do terno, já havia desafrochado a gravata, e bebia com calma a água que a secretária repunha mais uma vez, afinal não era fácil para ele ter que enfrentar sua própria irmã, e aquela altura do campeonato não tinha mais certeza se sua familia fazia parte daquele plano maldoso e bem bolado, " Ridículo" era o que pensava ele sempre que voltava aos fatos em sua cabeça, mas ele se sentia mais ridículo ainda por ter se deixado enganar tão facilmente, havia dado todas as oportunidades perfeitas a eles, no caso Mercedes, para que ela criasse situações extremamente tóxicas, desrespeitosas para Carol, Naquele momento de pausa da reunião, ele observava a todos, e passavam cenas e lugares que mostraram totalmente sua possível omissão e inercia por simplesmente achar que eles a aceitariam tão facilmente, embora saiba agora que ela nunca precisou ser aceita por nenhum deles.

1 ano e meio atrás.

Mansão Allende

Acontecia a festa de recepção que havia sido preparada para Carolina ser apresentada a todos formalmente, um pouco da alta sociedade mexicana estava presente, amigos, conhecidos, investidores e alguns meios de imprensa, revistas de fofoca, sites e todo o tipo de meios envolvidos que sempre cobriam momentos como esses, e todos estavam ansiosos e curiosos, afinal Carolina, era uma perfeita e completa desconhecida a todos, e sendo preta, pobre, e estrangeira seria um prato cheio para a imprensa.

Assim que ela adentrou a grande mansão todos os olhares foram direcionados a ela, afinal era a única com características como a dela, fora isso apenas os serviçais tinha a pele com um tom "amarronzado", A miscigenação no México se deu por conta dos indígenas que ali viviam pois ao contrário do Brasil, lá foram os índios os escravizados e marginalizados a sua própria sorte, os negros lá formam apenas 1° da sociedade mexicana, os poucos negros geralmente são estrangeiros, ou vindos do estado de Guerrero, aonde haviam alguns afro-mexicanos nascidos no México que lutam até hoje em dia para serem reconhecidos como mexicanos, e já parecido com o Brasil, há uma falsa democracia racial, aonde os índigenas são enaltecidos apenas quando necessário, mas ainda tratados a parte, e com um preconceito latente.

É possível notar isso nas novelas mexicanas, comerciais e filmes aonde a presença indígena se nota apenas nos personagens de serviçais, bandidos e vilões caricatos, enquanto os traços europeus são enaltecidos como o padrão de beleza aceitável, tanto para homens quanto mulheres, e tudo isso havia sido estudado antes por ela, O que a afligia naquele momento não era o vestido, o sapato, ou a maquiagem era o simples fato de que ela como mulher negra estaria sozinha ali com todos eles, e se tiver sorte não contra eles!

—  Fica calma, relaxa! Você está perfeita... —  Disse Miguel tentando acalmar o nervosismo dela. —  Quer alguma coisa, pra beber?

— Sim, uma tequila! —  Disse Carol rápida e nervosa, e Miguel ficou assustado já que ela não era de beber, muito menos nada tão forte como tequila, mas não iria dizer nada e até tomaria uma, e talvez os dois relaxassem mais assim. —  Não me olha assim, tô super nervosa!

Carol apenas arrastou ele a um pequeno bar próximo, e pediu ao atendente uma dose, e assim ele o fez e ela rapidamente tomou uma dose mais rápido do que ele pode ver, e quando ela foi tomar a 2° ele a parou segurando o copo.

— Calma, isso sobe rápido! Você não está acostumada, e sem falar da ressaca... Daqui a pouco a gente bebe todas que você quiser... — Ele tomou a dose que havia pego dela, e ela riu por alguns instantes. — Têm alguma coisa que eu acho mais eficiente pra tirar nosso nervosismo, colocou o copo na mesa e com calma a puxou pra ele pela cintura, e deu um beijo calmo nela e finalizou a olhando com amor.