Cárcere não Privado

Tóxico

Micaela narrando- tenho uma vida normal, sou feliz, amo a minha família, meu  marido Guilherme trabalha muito o que o torna bastante ausente, ele é dono de um dos maiores escritórios de advocacia de Goiânia. Juntos temos uma princesinha que amo mais que tudo na vida, o nome dela é  Isabela, minha Bella, inteligente e doce. 

Me  formei em pedagogia porquê amo crianças, amo está no meio delas é um mundo colorido eu amo ensinar, más o Guilherme não me deixa trabalhar, não posso realizar meu sonho, ele sempre  fala que não preciso trabalhar, que pra isso ele trabalha tanto , para me dar uma vida confortável e que meu dever é cuidar de uma única criança a Bella, isso me deixa triste, más eu não gosto de contraria-lo , aprendi a ser submissa  ao meu marido e obedece-lo , mesmo que custe a realização de um sonho.

Ele chegou do escritório, jogou o casaco em cima da cama , foi tirando a roupa e espalhando pelo quarto, sem me olhar entrou no banheiro, o barulho do chuveiro substitui o silêncio entre nós , juntei as roupas, que carregam um perfume doce que com certeza não é o dele, pode ter encostado em alguém durante  alguma  audiência , esperei ele sair do banheiro.

Micaela- como foi o dia hoje meu bem?

Guilherme- normal, como todos os dias.

Micaela- esperei você para jantar, a Bella ja está dormindo.

Guilherme- não vou jantar, jantei com alguns clientes , esqueci de avisar.

Micaela- tudo bem, vou jantar então.

Guilherme- não acompanhar você, estou cansado e vou dormir, amanhã vai ser um  dia cansativo.

Micaela- tudo bem meu amor, durma bem.

Ele me ama, ele só trabalha muito, o que o deixa muito cansado, eu compreendo isso e aceito, antes de sair do quarto ele me chamou.

Guilherme- esse fim de semana vamos ao Rio de Janeiro com a Jéssica, o Tom e a Amélia, onde está seu celular? Deixa eu ver as besteiras que você andou vendo.

Jéssica é a secretária dele, Tom e Amélia são advogados sócios no escritório, não sei o porque a Jessica sempre está em encontros que seriam de casais, o jeito dela extrovertido e desinibido me incomoda, más não posso falar nada.

Micaela- está bem, o celular está em cima do criado mudo.

Sai do quarto, durante esses cinco anos de casados nunca ficamos longe um do outro, eu amo meu marido. Desci sozinha, a cozinha fica no andar de baixo da casa,  a Maria é a moça que trabalha aqui e me ajuda com as tarefas de casa, ela veio me servir.

Maria- vai jantar sozinha de novo dona Micaela?

Micaela- janta comigo Maria, o Guilherme está cansado foi  dormir.

Ela é uma amiga especial e a unica amiga que tenho, não saio de casa sem o Guilherme, eu morava em Brasília, minha familia inteira é de lá, conheci o Guilherme em um congresso da igreja, depois que casamos não vamos mais a igreja eu sinto falta  disso também, ficaram para trás amigos, família , matei uma Micaela para que outra pudesse nascer, a Micaela esposa dedicada e mãe.

Maria- você precisa sair, conhecer pessoas , fazer alguma coisa além de ficar o dia inteiro dentro dessa casa.

Micaela- vou viajar Maria, esse fim de semana para o Rio, isso é ótimo.

Maria- mais uma viajem com os amigos do Doutor e a senhora com sempre a excluída das conversas.

Isso é verdade, eles falam muito de trabalho e coisas em comum que eu não compartilho, apenas escuto , aceno , sorrio e finjo entender.