Camila narrando- eu me lembro do Samuel pequeno, um menino que sempre foi carinhoso e sensível, todos os dias o Samuel diz que me ama, eu tenho o melhor filho que uma mãe pode querer, eu tenho na mesma pessoa um filho e um amigo, eu sempre soube da sexualidade do Samuel, ele não me contou e eu não perguntei, tenho medo da reação do Bruce , que sempre fala mal dos homossexuais, que faz piadas bobas e homofóbicas, tenho medo de que o sofrimento do meu filho comece dentro de casa e ele não tenha forças para lutar lá fora.
Perdi meu irmão para as drogas eu tinha treze anos e ele quinze, foi morto por dever a boca, atiraram nele na minha frente, sem pensarem que eu estava ali, e que a aminha mãe estava ali, vendo o filho ser morto, por uma divida que ela dava a alma para tentar pagar, meu irmão morto no chão, eu olhei para a minha mãe, se existe um rosto para o sofrimento era o dela, eu nunca esqueço o olhar dela, ela não chorou, não derramou uma lágrima, lavou o sangue do meu irmão , sem uma lágrima no olho, enterrou ele com um choro silencioso que só ela escutava, eu cheguei a pensar que ela estava aliviada dele ter morrido, pelo trabalho que ele dava, quando eu perguntei ela disse que estava sentindo a maior dor que um ser humano podia sentir, que Deus deu a mulher a capacidade de sentir o maior amor ao dar a luz e deu a maior dor que existe ao perder um filho, más que também deu a todas a mães a força que não deixava ela fraquejar.
Eu entendi as palavras dela quando vi meu meu menino nos braços quando ele nasceu, sentir o maior amor , e agora estou sentindo uma dor insuportável em saber que ele está machucado, más tenho dentro de mim a força que não me deixa desistir, que me faz acreditar, que meu Samuel vai levantar e vai me abraçar , me beijar e dizer com o jeito que só ele tem
- I mãe para de neurose eu tô firmão, foi nada não , seu filho é o melhor.
Ele é o melhor soldado, o melhor aluno, o melhor irmão, más é o melhor filho, o meu filho.
Cheguei no hospital , perguntei na emergência.
Camilla- moça meu filho foi baleado e trouxeram para cá , eu quero saber como ele está.
XXX- Senhora vieram vários baleados para cá, sem identificação, alguns chegaram até mortos, outros morreram aqui.
Minhas pernas falharam , tive que me segurar no balcão para não cair.
Camila- moça ele é alto, magro, está com o cabelo platinado, tem tatuagens.
XXX- chegaram uns cinco desses ai.
Camila- moça por favor, você é mãe ? eu só quero saber do meu filho.
XXX- tenho filho bandido não senhora.
Eu peguei um computador que estava na frente dela e joguei com tudo em cima dela que se assustou.
Camila- quem é você para falar assim comigo?
XXX- sua louca...
uma mão segurou a minha e me levou para longe dela.
XXX- eu sou o Fabricio, sou médico aqui do hospital, eu vou levar a senhora lá dentro, vou verificar sua pressão e a senhora me conta o que houve.
Entrei no hospital acompanhada do médico, ele me deu um copo com água, mediu minha pressão.
XXX- sua pressão está alta, me conta o que deixou a senhora nervosa daquele jeito.
Camila- meu filho eu só quero saber do meu filho, e aquela mulher .
XXX- o que aconteceu com seu filho?
Camila- meu filho foi baleado, em uma invasão no morro eu quero saber dele.
A força foi dando lugar a realidade , e eu desabei , comecei a chorar, se meu Samuel for um desses que chegaram mortos, meu Deus, eu não vou aguentar viver sem meu filho.
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Cárcere não Privado
General FictionMicaela uma jovem de 25 anos casada com Guilherme, um homem extremamente ciumento e possessivo, casados a cinco anos os dois vivem uma vida comum em Goiânia , Micaela é pedagoga , más por ciumes o marido não deixa ela exercer o que sempre sonhou, e...