O Baile

709 82 8
                                    

Bella narrando - acordo assustada,  o sol forte queima meu rosto, hoje é sábado não tem aula, é também dia de baile , o baile do chefe, deveria se chamar o baile do demônio, e o carrapato ainda queria me levar junto, nem morta eu vou ver o maldito cantar vitória em cima do sofrimento do meu pai, olho para o casaco do carrapato, ainda estou vestida com ele , tiro o maldito casco e jogo dentro do armário , tiro a calça, coloco a mão no bolso e não sinto a carta, começo a ficar nervosa, andando pelo quarto em círculos, reviro a cama, vasculho o chão , o armário e nada , procuro no banheiro , meu Deus , eu deixei a carta cair, será que foi quando tirei a calça ontem, ou quando pulei a Lage , se o maldito tiver achado, ou algum dos soldados dele, ou a mulher dele, começo a tremer com a ideia de ter colocado tudo a perder, a única esperança de tirar meu pai do sofrimento.

Desço para tomar café, já estam todos reunidos, minha mãe não come, está magra e abatida, ninguém na mesa parece satisfeito, nem mesmo a dona silicone, o único que sorrir é o satanás  do Guilherme.

Guilherme- bom dia família! hoje é o dia que vamos celebrar a minha posse nesse morro, e vocês todos vão estar lá no camarote, para que esse povinho medíocre dessa favela,  lembrem-se dos noticiários de anos atrás e vejam como eu dei a volta por cima.

Não estou entendendo de que noticiários ele tá falando? o que aconteceu há anos atrás, que ele virou notícia?

Bella- não quero ir.

Guilherme- ninguém nessa favela quer ir, más assim como você , serão obrigados, estão livres apenas os crentes chatos, as mulheres feias,  velhos e crianças , o resto é obrigado a cantar a vitória do seu dono. 

Bella- que ridículo, obrigar as pessoas a irem sem querer, vai ser o baile mais triste e feio que o Rio de janeiro já viu. 

Guilherme- eu não ligo, tô nem ai, se eu mandar sorrir eles vão sorrir, inclusive você.

Como um pouco , e levanto , vou para a sala, o Gael veio atrás , sento no sofá e ele deita no meu colo, eu conto uma história para ele. A mulher do Guilherme e a filha se levantaram e saíram de casa , vejo o maldito parado na porta da cozinha, impedindo a minha mãe de passar, parado na frente dela , tentando beijar ela que se esquiva de olhos fechados, escuto quando ele abre a boca de merda dele.

Guilherme- hoje depois do baile, você vai ser todinha minha, sem desculpas, sem mimimi, como nos velhos tempos, agora eu tenho pegada de bandido você vai gostar, é de bandido que você gosta não é?

Deixo  o Gael no sofá e levanto de uma vez.

Bella- seu merda você não vai tocar na minha mãe , seu maldito, nojento.

Ele ri e sai da frente da minha mãe e se vira com tudo para mim, segura no meu pescoço e me levanta , fazendo meus pés sairem do chão.

Guilherme- você não entendeu ainda quem manda nessa porra? 

Minha mãe grita , o Gael chora gritando, e então ele me joga com força no sofá eu sinto meu corpo chacoalhar, sem ar de tanto que ele apertou meu pescoço, ele se vira para na minha frente.

Guilherme- eu não vou te matar, eu quero todo o dinheiro, e não sou tão ruim para matar minha filha, más eu posso fazer seus dias serem terríveis, piores ainda do que os dias do maldito vapor.

Bella- eu te odeio! 

Falo com a voz rouca , e com o choro preso. Ele levanta a mão e me dá um tapa na cara, que doi tanto que eu perco os sentidos, e só recupero quando vejo o carrapato com o fuzil apontado pra ele.

Guilherme- tá ficando doidão desgraça? abaixa essa porra, se não eu faço você engolir bala por bala que tiver ai dentro , surtou caralho?

MB- foi mal , más bater em mulher chefe?

Cárcere não PrivadoOnde histórias criam vida. Descubra agora